Matéria publicada no Jornal O Globo
Por Rita Kauffman – Rio de Janeiro – 1985
Uma Viagem ao Bosque da Fantasia
Nada mais adequado para um Dia da Criança do que a estreia de uma peça com clima de história das mil e uma noites. O Unicórnio, que inicia carreira amanhã, às 16 horas, no Teatro Delfin é, segundo seus realizadores, uma fábula sobre a felicidade. Sob a direção de Jorginho Ayer, que estreia na função, um elenco de dez atores, encabeçado por Rogério Fabiano (Jardins da Infância, Bom dia, Comadre, James Dean, James Dean), contará a história escrita por Paulo César Coutinho, autor do premiado A Lira dos 20 Anos, Honey Baby e dos roteiros dos espetáculos de dança Amor, Mito Bailarino e América Latina, cartaz do Teatro do BNH com o Grupo Vacilou Dançou.
A ação de O Unicórnio se passa no princípio da Idade Média, no Reino da Quietânia, numa época em que a cidade crescia e também uma nova religião; os antigos deuses deixavam o mundo, mas na floresta ainda viviam seres encantados. As crianças, mesmo as criadas por mães repressoras ou rígidos tutores, como a Rainha Rudebranda e o Frei Frígido, ainda se envolviam pelos sonhos e pelo encantamento proporcionado pela fantasia. É por esta fresta que o mundo se povoa de duendes, fadas, salamandras, anjos, demônios, valquírias, alquimistas, pedras filosofais e unicórnios. A peça de Coutinho fala do “fechamento da cidade da razão, cercada pelos muros da ciência e da nova religião, e da abertura para os bosques da fantasia”. O Unicórnio, que simboliza a pureza do campo e a fantasia, encontra o Príncipe Florim, representante da cidade e da razão. E Príncipe e Unicórnio voam juntos.
Para familiarizar o público com a linguagem utilizada em O Unicórnio, pouco conhecida das crianças, a produção do espetáculo organizou um pequeno glossário auxiliar:
Alquimia, Química da Idade Média que procurava transformar os metais em ouro.
Centauro, Ser fabuloso, meio homem, meio cavalo; figurativamente, cavaleiro infatigável.
Duende, Entidade mitológica que vivia nos bosques e que se supunha fazer travessuras dentro das casas, do tipo esconder objetos ou assustar pessoas.
Órion, Caçador de grande beleza, morto por Diana (deusa da caça), foi transformado em constelação na zona equatorial. O Unicórnio da peça, também caça e caçador, recebeu este nome.
Pedra Filosofal, Pedra que, segundo os alquimistas, deveria proceder à transformação dos metais em ouro. No sentido figurado, é alguma coisa impossível de achar.
Salamandra, Gênero de batráquio, que, segundo antigas crenças, era de fogo e podia tornar-se invisível.
Unicórnio, Animal mitológico, cavalo de um chifre, que simboliza a virtude. Segundo a lenda, só pode ser domado por virgens, o que remete à ideia de que a verdade só pode ser conquistada por seres de coração puro.
Valquíria, Deusa da mitologia escandinava cuja missão era levar para a morada dos deuses os heróis que morriam em combate.
Ficha Técnica
Autor: Paulo César Coutinho
Diretor: Jorginho Ayres
Cenários e Adereços: Tereza Riba e Tereza Devulsky
Figurinos: Edson Laim
Músicas e Direção Musical: Paulinho Machado
Coreografia: Flor Duarte
Elenco: Rogério Fabiano, Luís Fernando Bavier, Ana Luiza Folly, Cláudia Netto, Thereza Piffer, Walter Limatorres, Luiz Maçãs, Cristina Bethencourt, Ary Colalli e Edson Laim.