Barra

O teatro infanto-juvenil no Rio Grande do Sul, notadamente em Porto Alegre, iniciou em 1948; todo mundo corria para os teatros da cidade. O preço era apenas Cr$ 2,00.

Destacaram-se os diretores Lovato, Mário Almeida, Olga Reverbel, Carmem Célia Guarita, entre outros. Os grupos mais conhecidos eram o Teatro de Equipe, O TIP, o TAP, e o TIPIE inaugurado por Olga Reverbel em 1956.

O TIPIE destacou-se por ser formado por um grupo de normalistas do Instituto de Educação General Flores da Cunha, que além de montarem peças infanto-juvenis, também apresentaram peças de teatro adulto. A maioria das peças eram de autoria de Maria Clara Machado, de Maria de Garcia e de Olga Reverbel.

Havia no TIPIE, um departamento, O D.P.C., formado pelas normalistas que escreviam peças baseadas em contos, lendas e poemas, e também criadas individual e coletivamente por elas, entre as quais se salientaram Gelsa Knijnick, Carmem Célia Guarita, Olga Derenji e Neusa Knijnick.

Os outros teatros também levavam peças de autores brasileiros e estrangeiros.

Olga Reverbel, que estudou arte e literatura em Paris, seguiu o método revolucionário de Catherine Dastè, atriz e diretora francesa, o qual consiste: Dastè e outros diretores visitavam as escolas de 1° e 2° graus. Lá, pediam aos alunos que inventassem coletivamente uma história. De volta para seu Teatro escreviam e organizavam a peça baseada na peça inventada pelas crianças. Feita a peça, ensaiavam e voltavam para apresentarem-na aos alunos criadores. Ao final, havia um debate no qual as crianças diziam o que estava certo ou errado. As histórias e as peças foram convertidas em livro criado pelas crianças e adolescentes de autoria de Catherine Dastè.

Quem me falou sobre o método foi o Dr. José Ronaldo Faleiro, meu aluno e ex-aluno também de Catherine Dastè.

O TIPIE visitava escolas de periferia e de outras atividades. As normalistas aprendiam com a professora Olga Reverbel a dirigir pequenos grupos itinerantes.

Os cenários, figurinos e acessórios cênicos eram criados e confeccionados pelas normalistas.

As alunas dessa época continuam a multiplicar o que aprenderam no TIPIE.

Atualmente existe a Oficina de Teatro Olga Reverbel, criada por Olga Reverbel, salientando-se a professora e diretora Vera Potthoff e o professor e diretor Vinicius Lopes. A oficina obedece a um currículo oficial de Departamento de Arte Dramática das Universidades Brasileiras.

A professora Vera Potthoff juntamente com seu filho, Mauro Fantinel, criou a Escola Vera Potthoff Arte e Cultura, na qual os professores convidados por Vera dão aulas de teatro, desenho, pintura, confecção de máscaras, cerâmica, entre outros.

Para um país de 3º mundo como é o nosso, é fundamental que exista o teatro infanto-juvenil, pois como se sabe “o teatro equaciona os problemas humanos”, sendo assim uma preciosa parte da educação.

Segundo Beaumarchais “o teatro é a única arte que ensina divertindo”.

Bertold Brecht diz que o teatro leva o espectador a agir contra o que está errado nas cidades.

Para finalizar, lembramos Gordon Crug “Quereis alegria no teatro? Apelai para a juventude”.

Barra

Olga Reverbel
Porto Alegre, 20.05.1998