Matéria publicada em O Globo (3 col x 66 cm)
Sem Identificação –
Rio de Janeiro – 31.07.1967

Barra

O Teatro de Ilo e Pedro

Vencedor do II Festival de Marionetes e Fantoches, o grupo de Ilo e Pedro compõe-se de cinco elementos estáveis: Cecília Conde, Vicente Rocha, Sílvia Aderne, Pedro e Ilo. Os dois últimos começaram suas atividades na Argentina e há seis anos estabeleceram-se no Rio. A princípio faziam educação artística para crianças na Escolinha de Arte do Brasil, e como Cecília, Vicente e Sílvia realizavam atividade semelhante, acabaram formando um grupo e há 4 anos trabalham juntos. O festival deste ano foi ganho, justamente com a peça que haviam montado para a inauguração do Teatro do Aterro, O Ovo de Ouro Falso, de Pedro Touron, acompanhada de um prólogo onde entram figuras e bonecos de diferentes peças, como por exemplo, o fantoche simples, de guinol, silhuetas desenhadas, grandes marionetes de vara e um gigante inspirado em figura folclórica que aparece no “Bumba meu Boi”. Os bonecos todos são criação de Pedro, realizados por ele mesmo, e às vezes o elenco funciona como atelier, pois, além do trabalho normal do espetáculo e dos planos para o futuro, existe uma parte de suma importância: a conservação do material e fantoches.

Os protagonistas da peça O Ovo de Ouro Falso são a Lili, o Laurinho, a Galinha Cloque, a Fada das Galinhas e a Bruxa Raposa. A reação das crianças, segundo afirma Ilo, é de ampla participação, tomando partido da Lili e Laurinho – com quem mais facilmente se identificam. Muitas voltam para rever a galinha Cloque e algumas meninas ficam encantadas com a Fada das Galinhas. A maioria das peças do repertório são escritas por Pedro, mas Ilo tem uma peça, feita com gestos de mão, relato e canto, que já foi apresentado no Paraná, e que pensa em levar aqui no Rio. O relator e o cantor ficam defronte do público, e os demais só mostram as mãos na cortina, criando imagens. Além do público mirim, o Teatro de Fantoches de Ilo e Pedro já montou a Ópera de Falla, dedicada ao público adulto, sem falar que todas suas outras montagens infantis são sempre levadas também para os adultos. Para o adulto a peça pode correr mais rigorosamente e este percebe mais as sutilezas, a poesia dos bonecos, o valor da criação estética do espetáculo. Já a criança interfere como se estivesse fazendo parte do espetáculo; ela também percebe a beleza das coisas porém de modo inconsciente – assim por exemplo: Quando surge a Fada, sempre há uma exclamação de encanto.