Temas específicos ou formas de representar e comunicar-se com esse público?
Evidentemente existem temas distanciados das identificações deste público, mas as crianças e jovens têm curiosidades e sensibilidades abertas, sobretudo para a vida, e esta inquietação é difícil de dimensionar e transformar em uma visão massiva e específica.
Às vezes os críticos falam que um determinado espetáculo é ótimo, mas perguntam-se, criança realmente consegue entender?
Quem não esqueceu sua própria criança, sabe que os adultos nem sempre percebiam do que realmente sentíamos ou descobríamos nas temáticas mais complexas.
Mas lembrando sabemos que criança integra no seu universo, conflitos e temas como o amor, a liberdade e os seus opostos, o ódio e o autoritarismo, e que para expressar isso não é necessário utilizar uma linguagem muito simplória, porque a crianças é sensível à arte que expressa sentimentos
E isto tem que ser expressado tanto no teatro de adulto ou de criança.
A essência é a mesma; o acontecimento, o ritual teatral é o mesmo. Nos anos 70 iniciamos um movimento em que as linguagens simbólicas e poéticas conferiram ao teatro infantil características estéticas dentro da tradição mais rica e renovadora do espetáculo.
Atualmente, muitos diretores de teatro adulto estão usando esses recursos formais e imaginativos, máscaras, bonecos, animação, que se aproximam de uma grande tradição de teatro universal.
A televisão não tem nada em comum com o teatro (salvo os bons atores que lhe emprestam talento e maturidade).
Eu gosto de público que nunca assistiu teatro, de repente eles se veem frente a personagens de carne e osso, que vivem seus conflitos e seus momentos de beleza diante dos seus olhos. Esse momento é de revelação, de grande magia.
O ano passado em Belo Horizonte durante os ensaios de uma montagem de Lenços e Ventos, o espetáculo que deu origem ao Teatro Ventoforte; uma atriz trouxe uma criança para assistir o ensaio. Ela nunca tinha entrado em um teatro, fascinada e maravilhada subiu ao palco e perguntou: – É de verdade?
Ilo Krugli
Autor e diretor de Teatro
Obs.
Texto retirado da Revista FENATIB, referente ao 1º Festival Nacional de Teatro Infantil de Blumenau (1997)