O Grande Circo Científico no Teatro Folha, durante o Festival de Férias. Fotos: Anderson Far

Crítica publicada no site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 22.01.2016

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Quando ciência e circo combinam à perfeição

Todas as quintas no Festival de Férias do Teatro Folha, a peça O Grande Circo Científico diverte ensinando, sem ranços didáticos

Na temporada de teatro infanto-juvenil do ano passado, uma das peças que perdi na temporada paulistana foi O Grande Circo Científico, que fez temporada no Teatro Alfa. Nesta semana, por causa do sempre bem-vindo Festival de Férias do Teatro Folha, tive a chance de recuperar o espetáculo, que está em cartaz na grade da mostra às quintas-feiras.

A montagem é do grupo Mad Science, que ensina princípios básicos da ciência de forma brincalhona, divertida, sem entediar a plateia. Ao contrário, a animação é constante neste espetáculo, que tem muitos números interativos. A garotada grita e esperneia para ser escolhida a ir ao palco.

O grande mérito do diretor Marcelo Klabin foi integrar, de forma bastante harmoniosa, as “lições” de ciência com números típicos da mais hilariante palhacaria de circo. Os dois atores em cena (Tiago Prates e Gigi Bifulco) encarnam dois cientistas clowns, um mais esperto, o outro mais atrapalhado, bem ao estilo das duplas tradicionais de palhaços. Por vezes, sobretudo no início do espetáculo, Gigi Bifulco erra na entonação, no tom de voz, falando de um jeito caricato e estereotipado, como se fosse uma criança estridente. Felizmente ela não sustenta esse erro por muito tempo, o que seria fatal para a empatia de sua personagem. Ninguém suporta atores se fingindo de crianças dessa forma facilitada e tatibitate.

Inteligente é também a forma como outros números típicos de circo são utilizados para falar de conceitos científicos. A bailarina que rodopia, o homem que cospe fogo e o faquir que deita em cama de pregos são reverenciados na peça de forma deliciosamente inusitada e atraente. Gravidade, equilíbrio, reações químicas: tudo isso cabe dentro do circo. Alguns truques podem ser feitos em casa, mas outros seriam mais perigosos – e os atores não se esquecem de alertar a garotada para essa questão.

Aproveito para divulgar aqui a programação completa do Festival, que desta vez está com uma programação quente, com atrações muito bem escolhidas e nenhum espetáculo destoante da qualidade atingida pelo teatro infantil praticado em São Paulo. Ponto para o diretor e curador da mostra, Isser Korik.

Sábados e domingos, às 16h: Cinderela. Versão animadíssima do clássico conto de fadas, com direção inspirada de Isser Korik. Em cena, apenas dois atores dão conta de interpretar doze personagens em ritmo dinâmico.

Sábados e domingos, às 17h40: Pedro e o Lobo. Já é um clássico do repertório da Cia. Imago, mesclando a manipulação de bonecos e as técnicas de teatro negro, sob a direção de Fernando Anhê.

Segundas-feiras às 16h: 100 + Nem Menos. Uma montagem da Cia Noz de Teatro, Dança e Animação, com concepção e direção de Anie Welter. O roteiro estimula o primeiro contato de crianças pequenas com o universo dos números, da matemática e do desenho.

Terças-feiras às 16h: Pinocchio. O espetáculo, dirigido e concebido por Pamela Duncan, e interpretado pela Cia. Urbana de Teatro, traz ao palco a saga do crescimento de Pinocchio, desde as mentiras contadas, que fazem seu nariz crescer, até o aprendizado de valores que o transformam em um menino de verdade.

Quartas-feiras às 16h: O Corcunda Quaquá. Ricardo Ripa, autor e diretor, inspirou-se livremente no livro O Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo. Nesta temporada do festival, ele também está no palco, no papel do corcunda. Um atrativo extra da montagem: concomitantemente às suas falas, os atores também interpretam com as mãos, na linguagem de sinais, pois o corcunda desta história, além do físico deformado, é deficiente auditivo.

Quintas-feiras às 16h: O Grande Circo Científico. Ler acima.

Sextas-feiras às 16h: Operilda na Orquestra Amazônica. A premiada Andréa Bassit, na pele da divertida bruxinha Operilda, conta às crianças a história da música erudita no Brasil.  A direção de Regina Galdino faz uso inteligente da trilha sonora, executada ao vivo. Encantador.

Serviço

Teatro Folha
Shopping Pátio Higienópolis – Av. Higienópolis, 618 / Terraço
Tel.: (11) 3823-2323 – São Paulo
Ingressos a R$ 30,00 (inteira)
Festival de Férias até 31 de janeiro