O dinheiro é o pesadelo do personagem: Blat e Piccolo falam sobre teatro

Crítica publicada na Revista Veja Rio
Por Lívia de Almeida – Rio de Janeiro – 08.11.1998

Barra

Notas de Deboche

O Dinheiro é o Terror discute arte e dinheiro

Nada de Ets ou viagens no tempo. Em sua sexta parceria, o autor Rogério bLat e o diretor Ernesto Piccolo, da trilogia Com o Rio na Barriga, O Passado a Limpo e O Futuro Era Hoje, falam sobre o próprio ato de fazer teatro. Em O Dinheiro é o Terror, em cartaz no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, a dupla faz humor com as dificuldades de fazer arte no Brasil. O espetáculo é uma peça dentro da peça, com ritmo furioso, humor corrosivo e o elenco numeroso de sempre. Desta vez sobem ao palco 43 atores.

Uma trupe liderada pelo diretor Jacinto (Maurício Guimarães) tenta realizar o ensaio geral de uma peça, mas nem  tudo dá certo: a mesa de luz falha, faltam refletores, um ator tem de ser substituído e diretor e autor têm ataques histéricos. O espetáculo dentro do espetáculo é a história do senhor Bilionetti, o milionário fabricante dos Chicletes Mel, que é tomado por mendigo pela doméstica Vitória (a ótima Susana Barreto) e acolhido pela moça. Desempregada, ela decide se dedicar a quiromancia para ganhar a vida, enquanto a irmã (Jaqueline Martins, muito engraçada) sonha em virar estrela de televisão.

Desfilam pelo palco dezenas de personagens delirantes: há até um combate entre Godzilla e um polvo gigante. O diretor consegue o patrocínio de uma fábrica de produtos de limpeza, mas aos poucos o palco é ocupado por módulos de publicidade e os atores ficam sem espaço. Para quem gosta de deboche, é um prato cheio.

O Dinheiro é o Terror

De Rogério Blat
Direção de Ernesto Piccolo (110 min)
Estreou em 02.10.1998
Teatro Gonzaguinha (180 lugares)
Centro de Artes Calouste Gulbenkian
Rua Benedito Hipólito, 125, Praça Onze
232.1087
Sex. a dom., 20h
R$ 5,00