Crítica publicada no Jornal do Brasil
por Carlos Augusto Nazareth – Rio de Janeiro – 08.09.2006
Divertida peça da Cia. Preto no Branco critica sociedade de consumo
Nhula, a Menina Gula em cartaz no Teatro SESI, no Centro, é o espetáculo com que a Cia. Preto no Branco comemora sete anos de existência. O grupo agora aborda o tema da educação alimentar e do bem-estar da criança na sociedade de consumo. O peso do didatismo é compensado pelo humor com que André Brilhante conduz a direção, bem cuidada, criativa e precisa. É nitida sua preocupação com o desenho cênico, a limpeza das cenas, o movimento e o ritmo.
A história fala de uma menina gulosa, Nhula (Milena Jamel), que devora comida e tem uma mãe consumista, que estimula esse comportamento. Há também duas irmãs gêmeas, Nhelida (Aneli Oljum) e Nheida(Márcia Viveiros), amigas de Nhula, que é bem interpretada por Milena. Como fada-madrinha-nutricionista, André Brilhante tem composição bastante divertida e André De Angelis, coringando vários papéis, faz também a Abóbora, que ajuda a menina a superar suas dificuldades.
Os figurinos de André de Angelis são bem-humorados, mas simples. Assim como o cenário de Márcia Viveiros, que apenas compõe um fundo para a encenação. Márcia também assina divertidos e criativos adereços. A luz, de Anauã Villenas, apenas ilumina o espaço, sem interferir significativamente na cena. As músicas, excelentes, de Warley Goulart, ajudam a contar a história, integrando-se harmonicamente à narrativa. As coreografias de Renata Versari respeitam as limitações dos atores, mas cumprem sua tarefa.
Nhula, A Menina Gula é uma encenação “ensinante”, realizada por meio de uma linguagem crítica, com um exagero próximo do clownesco e inspirada na linguagem da história em quadrinhos e da animação. Consegue, no entanto, renová-la, apesar de seu uso recorrente em nossos palcos.