Crítica publicada em O Globo – Rio Show
Por Luciana Sandroni – Rio de Janeiro – 30.10.1992

Barra

Monique Evans não convence como Gata

Os  contos de fadas atacam novamente: mais uma adaptação entre as muitas que passeiam pelo Rio. Não é possível que em um Brasil tão grande não haja textos novos. Não é o caso de Monique Evans em A Gata de Botas, de Paulo Afonso de Lima. Apesar de o título ser apelativo, há criatividade e humor. Paulo Afonso usa bastante a metalinguagem: o teatro falando do teatro. A conhecida história do Gato de Botas começa mas, de repente, os atores notam que o ator que faz o gato desapareceu. E, aí, a narrativa resolve assumir o papel, tornando-se a gata de botas. O autor passa a fazer metateatro o tempo todo: a Gata esquece o texto e recomeça de novo, até chegar a mudar o final da história. A ideia é interessante, mas complicada para crianças: só os adultos acham graça.

Paulo Afonso, que também dirige o espetáculo, opta por uma montagem simples que pretende homenagear os musicais de Hollywood, dos quais procura tirar coreografias e figurinos, pecando pelo mau gosto. Monique Evans, como o próprio nome do espetáculo diz, é Monique Evans em tal peça, não importando qual seja. É uma situação complexa: uma pessoa faz um nome, fica famosa com ela mesma, e se torna um personagem difícil de se dissociar: não é a gata de botas, é a Monique em cena.