Charlie Brown diverte em peça sobre o valor da amizade. Foto: Arquivo Pessoal

Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 25.03.2016

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Meu Amigo, Charlie Brown traz o valor da amizade nos palcos

No papel de Snoopy, temos o carismático Tiago Abravanel

Está de volta à cena paulistana o espetáculo Meu Amigo, Charlie Brown, que havia sido apresentado com bastante sucesso em São Paulo no ano de 2010. Trata-se de um musical da Broadway, baseado nas tiras cômicas Peanuts, de Charles M. Schulz.  A mesma versão brasileira usada há seis anos está aqui de novo brilhando no palco, assinada pela atriz e cantora Mariana Elisabetsky, que repete com igual talento o papel de Sally.

Outros atores estão novamente no musical e com os mesmos papéis da montagem anterior. Leandro Luna é o Charlie Brown. Paula Capovilla é Lucy. E outros três estão no elenco pela primeira vez: Guilherme Magon, como Schroeder; Mateus Ribeiro, como Lino; e, last but not least, Tiago Abravanel, como Snoopy. Incrível o carisma de Tiago com o público. Quando ele surge no palco pela primeira vez, é uma festa na plateia. Felizmente, ele é um ator de solidez no teatro e não demonstra no palco nenhum deslumbramento pelo sucesso na TV. Poderia se derramar para o público, mas segura o papel do cachorro com muita graça e profissionalismo. Ele tem momentos muito bons de expressão facial e, quando faz o carente, abandonado em sua casinha pelo dono, arrasa mais ainda nessa expressividade. Fred Silveira, que fez o Snoopy em 2010, também era muito bom. Tiago Abravanel pegou um papel muito bem defendido e deu conta com muita garra e talento.

Adoro a estrutura do espetáculo, que é toda dividida em cenas curtíssimas, quase esquetes, mas, na verdade, são uma referência muita bem feita ao formato de tiras de quadrinhos. São piadas que funcionam muito bem de forma avulsa, mas, juntas, formam uma história de amizade, carência, descobertas e crescimentos. O humor é inteligente e muitas vezes chega a ser muito melancólico e duro. Nessa camada mais profunda, a peça funciona melhor para adultos, o que não é ruim, pois pais adoram quando vão ao teatro infantil com seus filhos e também gostam do que assistem. Um exemplo de piada de que gosto muito no espetáculo: Quando Lino conta a Charlie Brown que é o dia de aniversário de seu avô, Charlie quer saber quantos anos o avô está fazendo e Lino responde: “63… É difícil de acreditar que ele já foi um ser humano…”

Agora, para vocês, repito o que fiz em minha crítica de 2010. Elegi as cinco melhores cenas da peça, na minha modesta opinião.  São cenas de forte empatia com a plateia e muito bem realizadas no palco. Estavam lá em 2010 e agora estão iguais, com a mesma força, em 2016. Não perca.

1) A cena da pipa. O ator finge que está empinando um papagaio. No fim da cena, a pipa realmente cai na plateia e surpreende a garotada.

2) No cinema. Reprodução de uma sala de cinema, com o elenco acomodado nas poltronas para ver um filme no telão. Começam as imagens e, de repente, surge o ator que faz o Snoopy, pendurando num balão, interagindo com as imagens do filme.

3) Meu paninho e eu. Sabe aqueles pedaços de pano que viram inseparáveis de certas crianças? Pois há uma cena muito engraçada, em que dois irmãos brigam pelo pano. Empatia garantida na plateia. E coreografia nota dez.

4) Hora do recreio. Charlie Brown aparece sozinho no pátio da escola, na hora do intervalo. Ele não vê a hora de ouvir o sinal e a aula recomeçar, pois fica sempre solitário no recreio. Cena dura e tocante.

5) Ensaio do coro. Quando o menino Schroeder, fissurado pelo compositor Beethoven, resolve reger os amiguinhos num número de coral, todos intercalam à música os restos da conversa que foi interrompida. É hilariante.

Serviço

Teatro Shopping Frei Caneca (600 lug.).
Endereço: Rua Frei Caneca, 569, 6º andar, Bela Vista
Tel. 3472-2229
Março: Sábados e Domingos às 17h30 e 20h
Abril: Sábados às 15h e 17h30 e   Domingos às 16h
Ingressos: R$ 80 (inteira)
Temporada: até 24 de abril