Convite da cerimônia

Barra

Como parte das festividades de inauguração da sede do CBTIJ, a entidade realizou em 28.08.2001, uma mesa-redonda com representantes das principais organizações e órgãos públicos para discutir as principais questões na área do teatro para crianças e jovens.

Participaram da discussão Bete Mendes representando a FUNARJ – Fundação de Artes do Rio de Janeiro, Dudu Sandroni, representado a Secretaria Estadual de Cultura, Maria Theresinha Heimann, diretora do FENATIB – Festival Nacional de Teatro Infantil de Blumenau, Lia Blower, representando a PETROBRAS, Humberto Braga, representando a FUNARTE – Fundação Nacional das Artes e Karen Acioly representando a RIOARTE. A mesa foi mediada por Miriam Brum.

Após as fotos, encontra-se o texto digitado do que foi discutido.

Barra

Maria Therezinha Heimman, Lia Blower, Humberto Braga, Miriam Brum, Bete Mendes e Karen Acioly

Antonio Carlos Bernardes dá as boas-vindas aos participantes

Barra

As entidades participantes: Fenatib, Petrobras, Funarte, Funarj, Secretaria Estadual de Cultura, RioArte

Maria Therezinha Heimman, Lia Blower, Humberto Braga, Miriam Brum, Bete Mendes e Karen Acioly

Barra

Maria Therezinha Heimman, Lia Blower

Bete Mendes, Dudu Sandroni e Karen Acioly

Barra

Lia Blower, Humberto Braga e Miriam Brum

Humberto Braga, Miriam Brum e Bete Mendes

Barra

Lia Blower, Humberto Braga e Miriam Brum

Humberto Braga, Miriam Brum e Bete Mendes

Barra

Mesa-redonda: Ações para a Criança e Adolescentes através do Teatro

Antonio Carlos Bernardes

Gostaria de agradecer a presença de todos. Para nós este é um dia muito importante, porque ha anos, as pessoas que batalham pelo teatro para infância e juventude correm atrás de um ideal de melhoria. Melhoria de espaço, melhoria em divulgação, enfim. Pouco a pouco nós vamos dando pequenos passos que vão consolidando a nossa vontade de fazer alguma coisa em prol das crianças.

A ideia dessa mesa é reunir pessoas ligadas aos órgãos públicos para uma conversa informal à respeito do teatro feito para a criança e o jovem.

Vivemos um momento razoável, em se tratando de plateia, para espetáculos voltados ao público adulto, mas, se não começarmos a trabalhar o público jovem no sentido de lhes dar acesso à cultura, e de uma forma geral, educa-lo para o teatro, muito em breve teremos o resultado disso refletido nas cadeiras dos teatros.

Partindo dessa preocupação é que compomos esta mesa, para uma conversa informal, mesmo porque a imprensa não trabalhou muito no sentido de divulgar esse evento, com, aliás, vem dando pouquissimo espaço para o teatro feito para a criança e o jovem.

É exatamente para discutirmos tais questões, entre outras, que declaro aberta a nossa mesa redonda.

Miriam Brum

Vamos iniciar nosso bate-papo e passamos a palavra à nossa primeira convidada.

Lia Blower

Gostaria de falar a respeito desse conceito de se criar um público para o teatro, assim como considero importante para o Brasil o hábito da leitura, e nesse campo já temos alguns projetos.

Mas no teatro especificamente nós já temos alguns trabalhos em andamento. Pensamos em uma forma diferente de agir e assim buscamos trabalhar com a própria criança e o adolescente em cena com temas sociais.

Temos alguns exemplos, mais precisamente no campo das danças, como é o caso do Bertazzocom a Vila da Maré e o Nós do Morro, ou seja, nós trabalhamos com o conceito de oportunizar ao jovem uma outra opção de vida na qual ele possa voltar a ser um cidadão, ou que ele entenda que cabe a ele a transformação social. Com o teatro buscamos oferecer ao jovem a cidadania, uma perspectiva de vida na qual ele não se sinta largado ou esquecido pela sociedade.

É por aí que estamos trabalhando com o teatro, com o jovem, com o adolescente. Ele como ator. Ele encontrando a partir daí uma forma de encarar a vida de outro jeito.

É uma ferramenta pela qual esse jovem possa entender que a cultura pode chegar até ele e que ele pode fazer parte dessa cultura. Trabalhamos esse conceito.

Conversando recentemente com o Bertazzo, que trabalha com aproximadamente 45, quarenta e cinco, jovens oriundos de classes menos favorecidas, dizia-me ele que, uma das meninas lá do Complexo da Maré, onde moram muitas pessoas com um baixo índice de renda e onde o tráfico é muito forte, essa menina ensaiava com os cabelos soltos, tampando o rosto. Como o trabalho requer bastante expressão corporal e sobretudo expressão facial, ele perguntou à ela por que ela escondia o rosto não mostrando as emoções, e ela respondeu dizendo que se achava gorda e feia.

É justamente essa cortina que esperamos abrir, para que as pessoas se mostrem e não tenham vergonha de si mesmas. Essa é a essência do nosso projeto, dar cidadania aos jovens.

Em Salvador temos um grupo de teatro jovem que trabalha muito o tema drogas. Por esse projeto já passaram mais de 140.000, cento e quarenta mil, adolescentes.

Aqui estamos trabalhando a educação ambiental através do teatro. O projeto chama-se Os Protetores da Terra, e abrange cerca de 15, quinze, municípios em torno da Baía de Guanabara.

Nesse projeto os jovens escrevem as histórias que servem de argumento para um espetáculo teatral. Novamente visamos buscar a partir do teatro a cidadania.

Passamos agora a palavra para Bete Mendes.

Bete Mendes

Primeiramente quero cumprimentar a todos os presentes e em seguida gostaria de relembrar a época em que era Secretária da Cultura de São Paulo, ocasião em que desenvolvemos um projeto chamado Teatro Comunitário.

Tratava-se de uma ação realizada na comunidade onde buscávamos conscientizar os jovens para o teatro enquanto ação e reflexão, na qual eles pudessem colocar em prática, entre outras coisas, a dinâmica do grupo.

Começamos, a princípio, em alguns municípios com os chamados agentes culturais, que eram atores, diretores, iluminadores, cenógrafos, enfim, uma pessoa de cada área que a Secretaria mantinha e enviava para essas cidades no intuito de se reunir com os grupos locais dispostos a discutir e refletir.

Os resultados foram maravilhosos. Tão produtivos a ponto de revelar talentos, inclusive com possibilidades de seguir a carreira artística, enquanto profissionalização.

Além disso, proporcionou-se o debate em torno de temas técnicos diversos que eram até então desconhecidos do universo dessas pessoas, entidades e municípios.

Creio que trata-se de uma função precípua do teatro.

Fiquei impressionada com o número de crianças envolvidas no projeto mencionado pela Lia Blower, em Salvador, e acho que deve servir de pauta para trabalhos futuros.

Creio que a FUNARJ pode contribuir no sentido de dar espaço para essa juventude se apresentar e esse teatro jovem crescer mais.

Ainda a pouco fui ver as salas, maravilhosas, diga-se de passagem, que o CBTIJ reformou e está inaugurando hoje em convênio com a FUNARTE e quero dizer que acredito muito nessa parceria que está acontecendo e que vamos ampliando.

Esses exemplos mostram que ações como essa não esmorecem, pelo contrário, consolidam, sobretudo com essa organização que vocês do CBTIJ estão alicerçando há 5, cinco, anos.

Gostaria de propor neste momento outra questão, que podemos pleitear que é a ação na educação.  Digo isso porque existem espaços próprios para as atividades artísticas nas escolas que podem e devem ser usadas para o intercâmbio entre os grupos e as plateias de teatro no sentido até de estimular a formação de grupos de teatro nas escolas.

O projeto realizado em São Paulo, naquela ocasião, foi realizado em parceria com os municípios. Com grupos em cada município e as prefeituras apoiando. Infelizmente não conseguimos ter o apoio da secretaria do estado de educação. A separação da educação e da cultura é uma coisa muito pesada, institucionalmente separou mesmo, e isso eu gostaria que fosse repensado futuramente.

Miriam Brum

Gostaríamos de convidar então Dudu Sandroni para falar em nome da Secretaria de Estado da Cultura.

Dudu Sandroni

Confesso estar surpreso com o número de pessoas presentes aqui hoje. Isso demonstra força.

Em primeiro lugar, quero parabenizar o Bernardes, parabenizar a atual diretoria do CBTIJ, a antiga diretoria, a todos enfim que fizeram e fazem parte dessa lida pelo CBTIJ.

Acredito ser hoje um dia histórico pela inauguração de algo material que é uma sede, e essa concretude de algo material vai dar ao CBTIJ condições de finalmente ganhar mais espaço, mais adeptos.>

No nível de estratégia política o passo que se dá aqui hoje é fundamental porque a partir de agora se tem um endereço, um telefone, uma sede que vai se transformar em apoio concreto para os grupos poderem ensaiar. Além disso poderá captar recursos diretos através de aluguel de salas, de cursos, etc…

Tudo isso vai finalmente dar ao CBTIJ uma estrutura, um profissionalismo que o fará dar muito mais passos, do ponto de vista de sua representatividade, da organização política da classe, muito maior daqui para a frente. Então, parabéns!

Antes de falar algumas coisas objetivas sobre a Secretaria de Cultura do Estado, gostaria de dizer que essa vitória realmente nos incentive e faça com que a gente fique mais unido nas nossas reivindicações, porque esse é o grande problema.

Eu vejo a composição dessa mesa e é muito legal pra classe, pra quem está aí, reivindicar, porque está aqui a Karen Acioly, está aqui o Dudu Sandroni, Bete Mendes, Humberto Braga, por fim uma gente muito conhecida e muito legal, que a maioria de nós tem o telefone de casa, tem o número do celular, pode ligar, enfim, é um ótimo momento para reivindicações, desde que haja organização de classe para isso.

Claro que não se pode esperar atitudes paternalistas das pessoas que assumem o poder porque se essas atitudes existirem vão acabar na próxima mudança de mandato.

As atitudes só serão concretas se elas vierem através de uma classe organizada. Digo isso porque ainda vejo pouca organização no pleito das coisas no campo do teatro.

Recentemente foi aprovado, pelo governo do estado inclusive, uma Lei absurda que dá 50% de desconto à estudantes de até os 21 (vinte e um) anos de idade. Essa matéria atinge diretamente o teatro infantil e sequer houve uma mobilização da categoria para fazer pressão no sentido de reverter a situação. O próprio governador assinou essa lei num momento de descuido uma vez que essa proposta passou na Assembleia Legislativa através de uma deputada e haveria que ter pressão política para que se pudesse voltar atrás e não só a mobilização da própria secretaria.

Então acredito muito que a partir de agora nós possamos dar um salto de qualidade e melhorar na organização política da nossa categoria com essa conquista de hoje.

Com relação ao Governo do Estado, estamos tratando num primeiro momento de incluir o teatro infantil em tudo o que ele não estava sendo contemplado.

Gostaria inclusive de dar uma boa nova que, aliás, não partiu nem de mim, nem da Helena Severo e nem da Bete Mendes, partiu sim do José Lewgoy, para o meu espanto.

Ele virou-se para mim na última reunião do júri do Prêmio Governador do Estado, e eu ainda chegando, tentando conhecer as pessoas e pensando com os meus botões: Vou sugerir o prêmio para o teatro infantil a exemplo do que fez a Karen Acioly na Prefeitura.

Nem precisei falar. O José Lewgoi, sem saber quem eu era, se era ligado ao teatro infantil, levanta-se e diz: No ano que vem precisamos ter teatro infantil no Prêmio Governador do Estado.

Então é dele o mérito de mais essa boa notícia. Segundo a Secretária Helena Severo, no ano que vem teremos o prêmio também para o teatro infantil com um júri especialmente composto e que estarão assistindo aos espetáculos. Isso deve ser anunciado no dia 18 (dezoito) de dezembro, dia da festa de entrega do Prêmio Governador do Estado deste ano.

A segunda coisa está acontecendo neste momento, que é o Edital de apoio às Artes Cênicas, que é uma ideia do Grassi. Quando nós assumimos a secretaria esse edital já estava pensado pela equipe dele e também pelo pessoal da FUNARTE, e é um edital que contempla o teatro infantil.

Naturalmente era um projeto que estava só no papel e nós conseguimos realizá-lo correndo atrás de verba para o orçamento. Foi uma luta muito grande.

Com este edital estaremos beneficiando de 10 (dez) a 12 (doze), no máximo 15 (quinze) projetos de teatro infantil da cidade, fora os do interior, que vão ser ajudados com valores que vão de R$ 25 à R$ 150 mil.

É, sem dúvida, uma coisa importantíssima porque desde a saída da Coca-Cola a categoria está quase que sem apoio nenhum.

Para o próximo ano pretendemos desmembrar esse edital em vários editais. Um para teatro infantil, outro para teatro adulto, dança, circo, enfim, cada qual com sua categoria de forma poder melhor organizar, com comissões especializadas em cada área.

Além disso queremos orientar os diretores artísticos dos teatros do estado no sentido de prestigiar ainda mais os trabalhos de grupos voltados à criança e o jovem, que já tinham bastante espaço nos nossos teatros.

Gostaria de dizer, antes de encerrar, que me preocupa bastante essa questão do teatro educação. Eu, particularmente, penso em teatro infantil como teatro. Me baseio em técnicas teatrais como Brecht ou Stanislavski, e não em Piaget. Acho que temos de tomar muito cuidado para não acabar nos transformando num teatro puramente educacional.

E me vejo aí numa contradição, porque uma política de teatro pra infância passa necessariamente, particularmente nesse momento histórico, a se aliar com a questão da educação. Talvez mais do que a Secretaria de Cultura, essa política passe pela Secretaria de Educação.

Não podemos pensar apenas em verba e pauta para teatro, que são coisas fundamentais. Penso que isso no máximo nos leva a concorrer a alguns prêmios, nos leva a ter algum espaço na mídia, a ter uma crítica positiva.

Mas isso não mantém a sobrevivência dos artistas. E é nessa direção que procuramos seguir.

Vejo aqui uma geração que não está brincando de fazer teatro. São pessoas comprometidas com ele, com o que esse teatro pode render. Por isso nós devemos pensar em políticas muito mais permanentes. Não se trata apenas de montar um espetáculo e ter 3 (três) meses de pauta.

Essa nova política passa, no meu entender, por essa aliança estratégica com o setor educacional que estará cuidando desse lado da educação para o social, porém, sem abrirmos mão da nossa capacidade de “fabular”, da nossa capacidade de “poetizar”, da nossa capacidade artística.

Não podemos esquecer que a arte é tão importante para a formação da criança quanto a ciência, a moral e cívica.

Ainda há outro projeto que acontecerá de agora para o final do ano que é a Caravana Cultural que também vai levar montagens voltadas à criança e ao jovem.

Enfim, por parte da Secretaria Estadual, tudo o que antes contemplava apenas os trabalhos para público adulto passarão também a prestigiar os espetáculos para infância e juventude.

Miriam Brum

Gostaria então de passar a palavra para Karen Accioly, que fala em nome da Rio Arte.

Karen Acioly

Todos sabem o que o teatro infantil busca há muitos anos. Lembro-me de 20 (vinte) anos atrás estar com o Dudu Sandroni lendo o estatuto do Movimento Teatro Infantil no Teatro João Caetano para a plateia.

Mas em torno de tudo o que já foi dito nessa mesa, e eu não quero me alongar muito, quero falar de algumas ações que já estão sendo feitas pelo Rio Arte, pela coordenadoria de teatro infanto-juvenil.

Quero aproveitar também, em nome do presidente do Rio Arte, para dizer que é a primeira vez que existe tal coordenadoria dentro do município, o que certamente vai nos reservar muitas batalhas por vir, e também alguns desafetos.

Neste momento todos os teatros da rede municipal tem teatro infantil agendado até o final do ano. Todos os intendentes estão tendo que fazer uma programação não só de formação de plateia, mas de alta qualidade para a sensibilização de plateia.

Em relação às escolas, foi feito uma parceria com a Secretaria de Educação e todos os teatros da rede municipal estão acolhendo uma vez por semana alunos da rede gratuitamente.

A nossa estimativa de público até o final do ano, esse projeto recém começou em agosto, é de 30 (trinta) mil crianças ao todo. Incluindo os grandes teatros como é o exemplo do Teatro Carlos Gomes.

Outro projeto que temos em mente, e que já era uma vontade antiga do Rio Arte, é a reativação dos teatros nas escolas. Temos ido conhecer esses teatros e devo dizer que alguns são maravilhosos.

Trata-se de um projeto que talvez demore um pouquinho. Estamos trabalhando a passo de formiga para que se faça futuramente circuitos de espetáculos e oficinas nestes locais. Isso no campo da educação. Que aliás tivemos sorte porque a Secretaria de Educação está muito unida nesse projeto e já é um sucesso. Os espetáculos que estão em cartaz como é o caso do Porão de Histórias, da Bia Bedran, e o Grupo Hombu contando pelo décimo segundo ou décimo terceiro ano no Cecilia Meirelles Ou Isto Ou Aquilo.

Então, qual foi o foco que nós queríamos dar para esse primeiro passo da coordenadoria? Contemplar, não só os grupos que estão há muitos anos batalhando, mas também a literatura brasileira. O que de forte vem sendo feito não só em termos de literatura, mas também em termos de teatro contemporâneo para criança.

Passarei a ler algumas ações, lembrando que nenhuma delas está desvinculada do último seminário que aconteceu no Centro Cultural Light, no qual, por coincidência, a maioria das pessoas aqui presentes também estiveram.

A primeira ação foi o Prêmio Maria Clara Machado de Teatro, criado há dois meses que é o único prêmio exclusivo para a categoria.

O segundo projeto que está em andamento é altamente recomendável às escolas para que elas possam criar o hábito do teatro. A exemplo do que se faz na cidade de Blumenau/SC com o FENATIB, onde aproximadamente 25 (vinte e cinco) mil crianças tem acesso ao teatro gratuitamente, estamos criando dois festivais, um dos quais tenta resgatar o teatro de bonecos aqui no Rio de Janeiro e para tanto estamos trabalhando juntamente com Luiz André Cherubini, coordenador desta área, e em novembro teremos a Primeira Mostra de Teatro de Bonecos que será realizada no Teatro Café Pequeno no Leblon.

Será uma Mostra a princípio, sem ter a pretensão de ser um Festival de âmbito Nacional. Contudo, há possibilidades de fazermos um circuito nacional em parceria com outros festivais, como é o caso do festival de Blumenau.

Outro festival que estamos desenvolvendo é o Festival de Contadores de História. Seria um festival não só para grupos que contam histórias mas também para agentes multiplicadores, crianças que contam histórias para crianças.

Já temos alguns assuntos a serem abordados, como por exemplo: A Vida de Noel RosaA Trajetória do Samba, contada pela Família Roitman; A História do Chorinho, contada pelo grupo Água de Moringa; <>A História de Chiquinha Gonzaga, contada e tocada pela concertista Maria Tereza Madeira; e História de Amor e Óperas, contada pela cantora Neti Szpielmann.

Com isso conseguimos abrir vertentes onde todos os tipos de linguagem, inclusive as eruditas. Queremos também convidar vários grupos de contadores de histórias com formas variadas de narrativa. Por exemplo: a Márcia Briz (?) que conta através de Origami.  E outros grupos que já existem no Rio como o Mil e Uma, o Confabulando, et.

Esse Festival deverá acontecer em dois teatros do Rio de Janeiro, o Teatro Ziembinski, que no momento está em obras, e Teatro Carlos Werneck que é um espaço reservado para o teatro de bonecos.

No momento, no palco do Planetário, temos o espetáculo Ou Isto ou Aquilo e vai entrar o espetáculo>Lasanha e Ravióli. No teatro Café Pequeno tem o espetáculo Porão de Histórias, e depois vai entrar o Primeiro Festival Rio Artes de Teatro de Bonecos.

No Teatro Carlos Gomes temos o projeto Primeiros Contatos, ou seja, o primeiro contato que as crianças fazem no campo do sensível. A maioria dessas escolas estão indo pela primeira vez a um evento em si e a um teatro.

E os resultados estão sendo muito positivos. As crianças estão descobrindo um novo mundo que não é aquela coisa da televisão. Aí elas percebem que os atores precisam da colaboração da plateia para contarem as suas histórias.

No Teatro Glória temos o Antônio Abujamra que criará um espetáculo especialmente para o público infantil, o que é uma coisa inédita, juntamente com um diretor chamado Ivan Castelo, que ele formou. O título do espetáculo é A Patativa do Assaré.

Particularmente estou muito feliz em ver que estamos conseguindo implantar na rede municipal de teatros do Rio de Janeiro, espetáculos com qualidade.

Para o ano que vem pretendemos fazer reuniões com os intendentes desses teatros para que não fique uma proposta isolada da coordenadoria em relação a ocupação dos espaços. Não são muitos esses teatros e nós devemos lutar pelo respeito ao nosso trabalho. O Teatro infantil hoje continua recebendo poucos refletores de luz, orçamentos menores, menos palcos, camarins pequenos e são coisas que não se fala em plataforma de governo. Isso se fala na ação de cada um.

Temos que botar a boca no trombone. Até quando vamos conviver pacificamente com tanto desrespeito?

A questão do respeito é muito profunda. Podemos até discutir a ocupação de teatros, mas em que circunstância? Teremos apoio? Teremos respeito? As crianças serão tratadas com dignidade?

Creio ser essa a nossa maior batalha. Sentar com os intendentes é um passo para que eles também tragam seus projetos, para que as ações da Coordenadoria de Teatro Infanto-Juvenil não sejam arbitrárias. Estou certa que isso é apenas um pequeno passo porque nos interessa muito o envolvimento de todos nesses projetos e festivais, para que haja o intercâmbio, um banco de dados.

Eu até vou discordar do Dudu Sandroni. O número de pessoas aqui é pequeno. É o mesmo número dos seminários do ano passado. O CBTIJ tem mesmo que crescer e ficar ainda mais representativo.

Quero convidar, não só o CBTIJ, mas outras entidades que queiram aparecer e dar a sua opinião são bem vindas. Entendo que trata-se de uma sociedade onde a cidadania é o direito de usar a sua voz.

Antes que me esqueça, gostaria de falar das Lonas Culturais que acontecem na zona Oeste. Este ano nós não fizemos nenhuma ação efetiva, justamente para não invadirmos um espaço que já tem a sua legitimidade, o seu público.

Nós queremos nos reunir com os administradores dessas lonas para que eles possam sugerir em parceria com as três coordenadorias, circo, teatro de bonecos e teatro para crianças, para que juntos possamos construir essa nova forma de ocupação das lonas, quer seja com um circuito de espetáculos, quer seja com outra proposta. Queremos formar unidade sem perder a singularidade de cada um.

Sabemos que existem, a exemplo do CBTIJ, outros movimentos de teatro para a criança e é nossa intenção unir esses movimentos viabilizando circuitos, editais, etc.

Para o ano que vem pretendemos instituir o Selo de Qualidade, que foi uma proposta que surgiu dos seminários. Parece uma coisa horrível, mas não é.

Chegamos a conclusão que se não houvesse o Selo de Qualidade no seminário passado, não nos daríamos ao respeito, seria sempre  “ o teatro infantil que está sendo feito lá na escolinha, que não vai levar cenário porque não dá”.

Acredito que devemos fazer tudo com a mais alta qualidade, com respeito e responsabilidade como já temos feito todos esses anos.

Nós só teremos espaço na mídia quando nos dermos esse respeito.

Miriam Brum

Vamos então ouvir Humberto Braga da FUNARTE.

Humberto Braga

Estou muito contente em estar aqui hoje. Quem me conhece sabe que meu trabalho como ator começou com o teatro infantil. E no próprio serviço público também iniciei cuidando de assessoria infantil.

As décadas de 70 (setenta) e 80 (oitenta) foram bem efervescentes no teatro infantil com encontros pelo Brasil inteiro. Na época levantavam-se muitas bandeiras que não são muito diferentes de hoje.

Questões como a ocupação dos espaços, a relação com o teatro adulto, recursos menores dos órgãos públicos, falta de prestígio na mídia, etc. Nesse campo pouco se avançou.

O teatro para público infantil enquanto produção profissional avançou muito em termos de maturidade, desenvolvimento técnico e artístico. Sinto esse avanço e sinto que ele se afirmou com uma linguagem artística específica porque na década de 70 (setenta) até se discutia a existência ou não dessa linguagem tamanho era a polêmica que se criava em torno dela.

As produções para público infantil cresceram muito nesse sentido, inclusive com o reconhecimento por parte de seu público.

Doa anos 90 (noventa) para cá, com todo o desmantelamento de órgãos na esfera federal pelo governo Color, muita coisa mudou também. Deixamos de ter muitos projetos e o que se fez de lá para cá nada mais é do que uma tentativa de recuperá-los, coisa que lentamente vamos conseguindo.

Exemplo disso é o Concurso de Dramaturgia que recentemente voltou a existir.

Outro exemplo é o Encena Brasil dando apoio à produção de espetáculos e também à circulação dos grupos, e cabe à FUNARTE possibilitar que esses espetáculos viagem de um estado para outro intercambiando conhecimentos, além disso, também apoiamos festivais.

Temos ainda o programa de Bolsa de Estudo Virtuose e observamos uma demanda imensa nessa parte de cursos e oficinas, sobretudo nas regiões onde são muito mais carentes em termos de escola e formação de pessoal.

Não quero me estender muito porque afinal estou aqui também para ouvir as reivindicações da classe, mas antes de encerrar devo dizer algo que considero um aspecto muito importante.

Nós conhecemos as entidades existentes hoje no Brasil, em todas as áreas de teatro, de dança, de circo, de ópera; e o CBTIJ é um exemplo muito grande de força, de batalha, de luta, como uma entidade que vem conseguindo vencer as dificuldades.

A FUNARTE vem acompanhando esse processo e nos sentimos muito honrados de estar aqui hoje, dentro das nossas dependências, do Teatro Cacilda Becker, presenciando a inauguração de um espaço que possa se dedicar à questão da formação, da reflexão, da ajuda que pode ser dada ao teatro infantil não só do Rio de Janeiro, mas de todo o Brasil.

Por isso estamos orgulhosos de termos aqui hoje o CBTIJ junto conosco.

Miriam Brum

Antes de abrirmos o debate gostaríamos de passar a palavra à Terezinha Heimann, coordenadora do Festival Nacional de Teatro Infantil de Blumenau.

Terezinha Heimann

Primeiramente quero agradecer o convite e parabenizar o CBTIJ pela conquista de seu espaço que é uma conquista para todos nós.

Nos sentimos muito honrados em fazer parte desta mesa e inclusive com a presença do Bernardes em nosso Festival Infantil na sua quinta edição nacional.

Nossa história em Blumenau começa pelo Festival Universitário que coordenei durante 9 (nove) anos, por estar envolvida com a Universidade mais de 20 (vinte) anos.

Durante esse período sentíamos a necessidade de estar formando público.

Nossa grande discussão sempre foi a questão da formação de plateia, de não se ter plateia para o teatro.

Surgiu a ideia de estar levando teatro para fora, para além dos espaços universitários, embora o festival acontecesse no Teatro Carlos Gomes, que fica bem no centro da cidade.

Iniciamos então um processo de descentralização realizando um trabalho que nós denominamos de Palco Sobre Rodas onde começamos por levar espetáculos paralelos para praças, escolas e outros locais.

Esse projeto foi crescendo e quando recebi o convite para fazer parte do governo popular, sentimos que era necessário colocar ainda mais em prática essa ideia da descentralização da cultura.

Com a descentralização e democratização da cultura em nossa cidade conseguimos levar praticamente todas as formas de manifestações artísticas aos bairros.

Ao mesmo tempo oferecemos oficinas nessas diversas áreas. Temos hoje quase 600 (seiscentos) alunos de música, em bandas e fanfarras nas escolas.

Nossa banda municipal é formada praticamente por adolescentes. Alguns desses integrantes estão fazendo pós-graduação, porque é uma condição primeira para fazer parte dessa banda, ser estudante. É uma forma de cobrar e de fazê-los estudar. A partir daí esses jovens recebem inclusive uma mensalidade, um cachê.

No campo da literatura temos um projeto interessante denominado Blumenau Açu, uma homenagem ao rio Itajaí Açu que atravessa a cidade, onde trabalhamos com jovens estudantes do segundo grau. Mais de 5.000 (cinco mil) adolescentes trabalham literatura diretamente com autores, discutindo e debatendo textos juntamente com os professores e demais profissionais da área.

Temos uma editora produzindo livros de autores locais e estaduais e que também participa do projeto Pão e Poesia onde nós fornecemos pacotes para embalagem para padarias com poemas impressos. A tiragem dessas peças já ultrapassou a casa de 1.000.000 (um milhão) de embalagens que também

Trazem abordagens alusivas como foi o caso de Cruz e Souza, Estatuto da Criança e do Adolescente e Bertold Brecht.

Voltando à questão do teatro, por ser uma arte onde todas as outras estão inseridas, e por ser difusora de outras ideias e estéticas, temos trabalhado bastante com os jovens e adolescentes.

Já há alguns anos acontece em Blumenau o Festival de Teatro e o Meio Ambiente, onde se trabalha com crianças e jovens de primeiro e segundo graus, além do ensino primário, os temas ligados à proteção e conservação do meio ambiente.

É um festival que queremos remodelar para que fique com um cunho mais aproximado do artístico e não tão didático. Para isso estamos em contato com os professores de educação artística e de língua portuguesa porque é um festival onde até o texto é criado pelas crianças e jovens.

Já o Festival Nacional de Teatro Infantil nasceu da necessidade latente de fomentar plateia com espetáculos que seguissem uma linha de qualidade rigorosa.

O FENATIB nasceu em 1997 e desde lá nossa preocupação é de cada vez mais oferecer para a criança bons espetáculos do ponto de vista qualitativo e trazendo temáticas específicas para discussões com artistas, professores e técnicos como a dramaturgia, o trabalho do ator, etc.

Neste ano falamos a respeito da educação infantil enquanto conteúdo integrado, ou seja, reunindo todos os elementos que compõem o espetáculo: a estética visual; a questão da sonoplastia; adereços, enfim tudo o que faz parte do contexto no teatro feito para criança e adolescente.

Os resultados são empolgantes. Notamos um crescente ano após ano, não só do público infantil, mas também do público adulto nos festivais. Hoje, nos espetáculos apresentados à noite, 80% (oitenta por cento) do público é formado por adultos. São as crianças levando o pai, a mãe, os tios, os avós ao teatro e isso é uma coisa muito gratificante.

Para se ter uma ideia, só neste ano tivemos que fazer sessões extras de 3 (três) espetáculos no período noturno. Isso é sintomático, acreditamos ser fruto desse trabalho que estamos desenvolvendo para formar público.

É um trabalho de formiguinha que já vai para o quinto ano e tivemos algo em torno de 27.000 (vinte e sete mil) espectadores durante nove dias de festival.

Importante que se diga também que nós fazemos todo um trabalho de preparação com os professores antes do início dos festivais, levando material para que eles possam trabalhar em sala com as crianças e também para que em comum acordo escolham o espetáculo que irão assistir.

Esse processo tem gerado até novos contadores de histórias. Crianças contando histórias para crianças. E esperamos que em breve, oriundo desses debates, discussões e análises das diversas áreas que compõem os espetáculos, surjam grupos nos próprios colégios onde a pesquisa e produção sejam uma constante entre professores, crianças e jovens.

Nós da Fundação Cultural de Blumenau sentimo-nos felizes pelos resultados já alcançados e também confiantes no amadurecimento do teatro para a infância e juventude feito com qualidade a partir do festival realizado em nossa cidade.

Miriam Brum

Antes de passar novamente a palavra para Antonio Carlos Bernardes, quero dizer que estava me lembrando dos vários momentos que a cultura passou na história recente da política brasileira. A cultura já foi vinculada ao Ministério da Educação, ao Ministério dos Esportes, já esteve ligada ao lazer, e na verdade a cultura é tudo isso e muito mais.

Essa discussão em torno da educação não é nova e temos que estar atentos para esse caráter de integração que o ser humano tem. O ser humano é único e pleiteia, trabalha com todas essas vertentes.

A atenção com essas trocas, da cultura com a educação, com o esporte com o lazer, nós devemos ter.

Foi pensando nisso que num primeiro momento acreditamos que esta nossa nova sede tem que se voltar para parceiros como os professores e para os diversos cursos de reciclagem.

Temos aqui presentes diversos professores de cursos que serão oferecidos pelo CBTIJ. Nomes como Márcia Frederico, Ana Luiza Cardoso, Suzana Saldanha, Ine Balman, Suzanita, Angel Viana e outros.

Acredito que este novo espaço é uma oportunidade para que nós nos organizemos com mais facilidade a fim de poder continuar essa luta que vem de tantos anos.

Vamos passar a palavra agora para o Bernardes antes de iniciarmos o debate com a plateia.

Antonio Carlos Bernardes

Um dos nossos grandes parceiros nos trabalhos que estamos realizando é o SESC que infelizmente não pode enviar seu representante. Luana Maia teve um compromisso de última hora e em virtude disso não pode comparecer.

Mas falando agora a respeito dos cursos, a partir de outubro estaremos oferecendo diversos cursos basicamente voltados à professores.

Estamos buscando parceria com o Governo do Estado e vamos tentar trazer para esses cursos as pessoas que trabalham diretamente com o nosso público alvo que são as crianças.

Além das pessoas já citadas pela Miriam, temos também confirmados os nomes de Agnes Moço, Ilo Krugli, Lucas Ciavatta, enfim, além de pessoas que queiram oferecer oficinas e se integrar com a nossa programação.

Já no período da manhã as salas estarão disponíveis aos grupos associados para que possam ensaiar.

Gostaria de agradecer a FUNARTE que tem sido uma grande parceira cedendo o espaço; o SESC que também vem realizando um importante trabalho ao abrir as portas de 12 (doze) teatros de sua rede para a Mostra SESC CBTIJ de Teatro para Crianças, e que para o ano que vem deverá aumentar esse número; a Pró-Link que há um ano nos apoia em nosso site e que muito em breve estaremos buscando patrocínio para fazermos um banco de dados dos completos que existe, com uma capacidade quase que ilimitada de informação.

Na verdade esse projeto já está montado e até o momento é patrocinado pela própria Pró-Link Nexgen. E por fim quero agradecer também à TELEMAR por ter lançado os cartões telefônicos comemorativos aos 50 (cinquenta) anos do Tablado, ao Dia Mundial do Teatro para a Infância e Juventude e aos 5 (cinco) anos do CBTIJ.

Miriam Brum

A partir de agora o público aqui presente está convidado a também fazer uso da palavra para assim iniciarmos nosso debate.

Plateia: Alice Koenow

Bom, esse é um momento maravilhoso para todas as pessoas que estão aqui, e para as que não estão também, porque esta é a conquista de algo que se ansiava desde a década de 70 (setenta).

As pessoas se encontravam e discutiam o teatro para a criança no Brasil inteiro, e, aqui no Rio de Janeiro, em muitos momentos até de forma acirrada. Hoje nós vemos aqui a grande participação de muitas pessoas.

Mas não bastava só ficar falando, porque fazer teatro, não só para a infância, é muito difícil neste país. Então eu acho que hoje é um dia de vitória para todos e nós termos que celebrar isso.

Todas as pessoas que se encontram aqui pensam em construir uma sociedade mais justa e creem que o teatro também faz parte desse processo. Através do teatro podemos construir essa sociedade, formando, auxiliando e abrindo os olhos das crianças e adolescentes, para que eles possam se tornar mais críticos, ter uma cidadania mais justa.

Em relação ao respeito que foi levantada aqui, eu quero dizer que não vejo uma falta de respeito a mim mesma enquanto produtora ou a qualquer um. Todos aqui trabalham, arregaçam as mangas e colocam muito respeito nos seus trabalhos.

Ocorre é que nós trabalhamos para as crianças e crianças nesse país é um item de desrespeito. Como nós trabalhamos com essas crianças, por tabela nós somos desrespeitados.

A criança só é respeitada quando é mercado. Vemos isso em todos os setores.

Nós sentimos isso na pele quando entramos num teatro e não temos equipamento de luz e som ou quando notamos que não há nenhuma divulgação na parte externa dessas casas.

Com espetáculos para público adulto é o contrário. Isso é uma clara referência ao desrespeito que a criança sofre nesse país. Tanto é que além da constituição o Brasil viu-se obrigado a criar o Estatuto da Criança e do Adolescente.

É com relação a isso que quero registrar aqui, mesmo que a título de reflexão, o seguinte: além das ações práticas, o que está por trás, que critérios são adotados na distribuição das verbas entre as produções para público adulto e espetáculos para as crianças?

Como essas verbas são pensadas, o que se leva em consideração?

Em outros países percebemos que esses critérios são por população. Se existe um número “x” de crianças a verba é distribuída da seguinte maneira: se são 40% (quarenta por cento) de crianças até 16 (dezesseis) anos, então o percentual aplicado naquela área cultural para criança corresponde a verba relativa ao percentual da população.

Eu queria saber de vocês se existe algum tipo de princípio na distribuição de verbas na área da cultura em relação a todos os projetos, não só ao teatro, mas em relação à dança, às artes plásticas, enfim. Como essa verba para a criança é pensada dentro das instituições em relação a essa distribuição?

Lia Blower

Eu estou representando a área social da PETROBRÁS, mas nós lançamos há pouco tempo um projeto de artes cênicas e ele não contempla nem adulto, nem infantil. Buscamos muito mais o circuito independente da característica da obra. Não buscamos essa separação.

Queremos trabalhar a arte cênica, o circuito desses espetáculos. Visamos com isso oferecer o espaço para essas encenações quer sejam elas para o público adulto ou infantil.

Humberto Braga

Também quero falar para a Alice o que vejo de dentro de uma instituição. Não sinto, honestamente, no meu caso específico na FUNARTE e no Ministério da Cultura, discriminação ou alguma coisa contra em distribuir mais verbas para o teatro infantil.

Temos sim, uma grande dificuldade de recursos. Difícil é conseguir esse dinheiro para desenvolver projetos.

Agora mesmo, por exemplo, conseguimos depois de muito custo realizar o Em Cena Brasil e recebemos recursos, que ao meu ver são muito limitados para um projeto grandioso como esse e só topamos fazer porque entendemos que seria retomar esse trabalho de apoio à produção que já havia parado no Governo Federal há muitos anos, porque estamos trabalhando junto aos altos escalões no sentido de convencê-los da importância que isso significa.

O Em Cena Brasil aconteceu e se você pegar o resultado dos editais, a dança acabou sendo mais contemplada do que o teatro. O pessoal do teatro ficou bem chateado com esse resultado.

E ele foi consequência da qualidade dos projetos que estavam na mesa em relação a alguns critérios que foram estabelecidos. Como somos um órgão federal, temos a obrigação de atender o Norte, o Nordeste, o Sul, o Centro Oeste, o Sudeste, e fazer uma distribuição.

Atendemos uma grande quantidade de projetos para teatro infantil com recursos pequenos, isso eu reconheço. Mas não sinto uma discriminação interna com relação ao teatro para a criança.

O que existe é uma grande dificuldade em conseguir mais recursos para projetos importantes, essa é a nossa condição lá dentro hoje.

Karen Acioly

Eu não faço a menor ideia de como é distribuída essa verba do Governo do Estado ou da Prefeitura. Posso falar da minha experiência de 2 (dois) meses para cá.

Acho que a criança não é respeitada nem mesmo pelos profissionais que fazem teatro para crianças. Isto se reflete no número de pessoas que aqui estão presentes. Somos uma minoria perto das muitas pessoas que fazem parte da nossa classe. Pessoas inclusive que detonam a nossa capacidade de conseguir mais verbas porque fazem produções de baixa qualidade sim.

Então como conseguir mais verbas?

No momento estamos realizando essas dezenas de projetos com pouquíssimo recurso financeiro. Acredito que a única forma de conseguir mais verbas é provando que tudo isso que está sendo feito é importante e vai dar certo. E dará um retorno não só de público, mas, de família.

Concordo com o que a Terezinha falou. Durante esses 4 (quatro) anos no Centro Cultural Light, desenvolvemos um trabalho que trouxe 60.000 (sessenta mil) crianças de público, e são crianças que voltam. Nós as acompanhamos com 7 (sete), 8 (oito), 9 (nove) anos e elas trazem os pais, os avós, os parentes. Isso é o que vai nos dar respeito.

Nós não nos damos respeito no momento em que temos dentro da nossa própria classe pessoas que não se respeitam. Isto é, a maioria da classe. Basta ver o número de espetáculos em cartaz, que chega a uma média de 45 (quarenta e cinco) trabalhos por mês.

Alguém daqui já assistiu a todos?

Quando fui jurada no Prêmio Coca-Cola vi a quantidade de espetáculos que estavam em cartaz e também a qualidade deles.

Nós vemos muitos espetáculos indo para as escolas abordando o tema das drogas e que são horríveis. As escolas viraram mote para pequenos grupos que querem somente se dar bem.

De que forma a verba é distribuída eu não sei. Mas acredito que devemos pleitear esses recursos e eles devem ir para projetos bons e fortes e que consigam ter visibilidade no sentido de provar à sociedade de que forma se pode tirar uma criança das áreas de risco para fazer teatro.

Temos de mostrar de que forma um espetáculo pode salvar uma criança que assistiu essa montagem e sai dali transformada por ter visto quantos sonhos ela vai poder ter na perspectiva de vida dela que é tão crua e tão rasa.

Fui a algumas escolas e pude ver as iniciais do Comando Vermelho pichadas no muro. Ali, algumas crianças entre 10 (dez) e 11 (onze) anos já são prostitutas, e eu fiquei pensando: “será que alguma dessas crianças já teve a oportunidade de assistir uma peça de teatro?”.

Nosso trabalho deve sair um pouco da zona sul carioca, dos shoppings, e ir para a rua mesmo, em todos os lugares que nós pudermos ir e aí sim ter essa possibilidade de exigir mais verbas.

Miriam Brum

Não sou da área, mas, vou dar minha opinião.

Acho que tudo isso passa pelo processo de formar o hábito de ir ao teatro. Eu vou ao teatro hoje porque eu ia ao teatro quando era pequena, porque o teatro ia à minha escola.

Aprendi a gostar de teatro e meus filhos idem. Montar um trabalho e esperar que alguém vá assistir, sem ter aquela cultura é muito difícil.

A criança hoje está mais para o vídeo game e para a televisão do que para o teatro. Essas coisas fazem mais parte do dia a dia dela.

Se não levar o teatro à escola e mostrar o que ele vem a ser de fato, que também é uma forma de lazer, que ele ensina e diverte dificilmente a criança vai pedir aos pais que a levem a um teatro no final de semana.

Creio ser necessário trabalhar a escola para se ter essa cultura.

Plateia

Boa noite a todos. Desejo parabenizar o CBTIJ pela sede. Sou presidente da Federação de Teatro Amador do Estado do Rio de Janeiro e estou aqui representando a FETAERJ e o movimento estadual de teatro.

Quero dizer que de certa forma a política implementada pelos governos federal, estadual e municipal, desenham esse quadro que foi aqui exposto.  Da falta de uma cultura de ir ao teatro.

Durante muitos anos nós ficamos à mercê do nada. Quando levávamos o teatro para as ruas nossas produções começavam a cair de qualidade. Isso aconteceu ao longo dos anos e nós fomos perdendo público, entre nós da classe perdemos o poder de conversação, de discutir, de protestar e de reivindicar os nossos direitos.

Sou um profissional de longa data e digo que durante muitos anos ficamos sem a atenção devida, mesmo fazendo trabalhos com qualidade.

Hoje, graças à reorganização da nossa classe, estamos conseguindo trazer novamente a possibilidade de estarmos pressionando os governantes no sentido de termos mais verbas para desenvolver nosso trabalho e dessa forma voltar a formar nosso público.

No último sábado fizemos uma produção em conjunto com a Fundação do Azul na favela de Vigário Geral e trouxemos o espetáculo Minha Favela Querida do Grupo Sorriso Feliz, de Cabo Frio.

Trata-se de uma produção grande que tem uns 50 (cinquenta) bonecos e é um grupo que tem anos de estrada.

E lá dentro da favela, com chefe de tráfico, muitas crianças, ouvimos de uma criança de 9 (nove) anos o seguinte: “ – Depois dizem que ninguém lembra da gente. Onde nós íamos ver um espetáculo desses se não fosse aqui na favela”?

Ao que eu lhe disse: “Lembrar não lembram não. São poucos. É preciso que a gente trabalhe para que mais pessoas lembrem de vocês”.

Quero registrar que apenas dizer que nos morros só moram ladrões e traficantes, que a cultura não tem acesso, que não chega; isso não é política.

Era o que eu tinha a dizer. Obrigado.

Plateia: Gilson de Barros

Também desejo parabenizar o CBTIJ e dizer que vim aqui hoje porque é uma grande festa para quem trabalha com teatro e organização.

Um dos grandes baratos dos últimos 5 (cinco) anos no teatro do Rio de Janeiro é ver entidades amadurecendo e tomando espaços. Vejo o CBTIJ, a FETAERJ, as Lonas, enfim, pessoas de caráter civil se organizando e trabalhando. Isso é digno de comemoração.

Quando escuto o Bernardes agradecendo às empresas apoiadoras me vem à cabeça o seguinte: nunca que o SESC, a Prefeitura, a TELEMAR, a FUNARTE, a FUNARJ, iriam formar parceria com uma entidade se ela fosse bagunceira.

Hoje demos um grande passo à frente. E quero aqui falar aos homens públicos. Acho que temos a obrigação de abrir os olhos desses políticos para o futuro e dizer a eles que nós avançamos muito, evoluímos em todos os aspectos e eles não perceberam. Nós já temos ligações com entidades internacionais. Estamos olhando mais adiante o tempo todo. Nós já estamos em outro plano de pensamento.

Por isso tudo quero novamente parabenizar a atual diretoria do CBTIJ e as antigas diretorias. Eu sei como é difícil manter uma entidade funcionando, organizada e articulada.

Por isso devemos comemorar a conquista deste espaço que reúne tantas pessoas bacanas e se há um momento o momento é esse, temos que bater palmas ao CBTIJ. Vamos à luta e muitos anos de vida!

Plateia: Edmilson Santini

Desenvolvo um trabalho de cordel. Tento manter viva essa linguagem que já foi tida como morta e sei bem o que é ir para as ruas, para as escolas. Juntamente com minha esposa criei o EID que significa Educação, Informação e Diversão, e pensávamos trabalhar isso em escolas, mas de tanto levar “não” dos órgãos públicos acabamos desistindo e então resolvemos criar o teatro de Precisão.

Precisávamos ir e fomos. Graças a um convite do Bernardes fomos ministrar uma oficina de teatro de Cordel para professores na Segunda Jornada Fluminense de Cultura em Casimiro de Abreu. Foi muito bem sucedida.

Gostaria de ver teatro de Cordel na praça. É uma vontade que tenho. Ver esse tipo de teatro na Lapa, por exemplo.

Karen Acioly

Existe uma nova coordenadoria voltada ao circo e ao teatro de rua e que já é muito atuante cujo coordenador é o Marcio Libar.

Plateia: Luiza Monteiro

Gostaria de dizer que faço parte do CBTIJ e de informar que ele é filiado à ASSITEJ Internacional, que é a Associação Internacional de Teatro para Infância e Juventude, da qual também sou conselheira do Comitê Executivo.

Com relação ao comentário da Karen a respeito da qualidade nas produções, há uma coisa que me preocupa. Durante esse comentário você disse que muitos da classe trabalham contra o bom desenvolvimento artístico do teatro para o público infantil.

Pediria que refletíssemos um pouco sobre este assunto. Já se propôs fazer o Selo de Qualidade, e eu particularmente sou contrária a essa ideia de instituições desenvolvendo funções de censura porque é ruim.

Trata-se de algo extremamente complicado porque espetáculos podem ser maravilhosos para uns e para outros não.

Acabo de vir de um festival internacional em Lion na França e uma pessoa que estava ao meu lado em um dos espetáculos estava maravilhada com a apresentação que eu tinha achado um horror. Havia também duas crianças, uma tinha gostado e a outra estava fazendo bagunça, desinteressada.

Quero dizer com isso que existem várias percepções para um mesmo espetáculo e existe também uma coisa comercial muito forte sem dúvida.

Mas eu gostaria de defender os artistas que trabalham neste segmento porque no Brasil nós ficamos restritos a trabalhar com a lei de mercado. Então quando estamos trabalhando com a criança, em ser em formação, essa questão é permeada pela lei de mercado.

Eu acho ruim quando acontece isso. Nós ficamos à mercê dessas coisas, da bilheteria, do anuncio no jornal, etc. A própria política forte que existe dentro do Ministério da Cultura é a Lei de Incentivo Fiscal, quer dizer, a empresa vai investir em um espetáculo que ela acha bom e interessante investir.

Vejam, na Alemanha somente 5% (cinco por cento) da produção teatral provém de fundos das empresas, o restante é oriundo do estado. Isso é uma reivindicação muito forte por parte dos artistas alemães porque eles sabem que só assim terão liberdade de fazer a obra que querem realmente.

Dessa forma eles não ficam presos no jugo do mercado por conta da visão de determinada empresa.

Aqui no Brasil as leis de incentivo são ferramentas interessantes, mas, para quem trabalha com criança torna-se ainda mais delicado ser permeado por isso.

Realmente acho que se qualidade caiu e se temos menos produções, por exemplo: poucos bonequeiros têm colocado montagens em teatros no Rio de Janeiro. Eu me pergunto, será que não existem talentos no Rio de Janeiro? Ou será que outras coisas estão acontecendo?

A produção se profissionalizou e tornou-se cara por conta disso, assim, fica difícil fazer um trabalho de alta qualidade e as concessões começam a acontecer.

Muitos de nós artistas vivemos isso. Por isso penso que é injusto ficarmos nos criticando, pelo contrário, devemos nos valorizar.

Há pessoas fazendo um trabalho péssimo, horroroso, como existe em qualquer outro tipo de segmento profissional de qualquer lugar do mundo.

Karen Acioly

Aproveitando a sua reflexão quero dizer que o Selo de Qualidade deve passar por muitos fóruns e deverá ser amplamente debatido. Eu particularmente sou a favor por achar que é de suma importância para aumentar a qualidade das produções dos nossos espetáculos.

Com relação ao teatro de bonecos, tenho a dizer que também foi criada uma coordenadoria para esse tipo de atividade tão esquecida, mas, que no Rio de Janeiro existem muitos e bons valores.

Em nome da RIO ARTE desejo agradecer o convite para estar aqui e que nossos projetos sejam fortes, independente dos órgãos públicos para que eles permaneçam, mesmo que mudem os políticos como é o caso do Festival de Blumenau, que é um modelo para o Brasil.

Mas ainda é preciso que tenhamos ações efetivas partindo dos Fóruns para que cresçamos como um todo.

O RIO ARTE está de portas abertas, assim como estão de portas abertas as coordenadorias criadas recentemente, sejam todos bem vindos. Muito obrigada.

Miriam Brum

Obrigada Karen, pela presença.

Plateia: Alice Koenow

Concordo com a Luísa em relação ao profissional. Em todas as categorias existem péssimos profissionais. Isso não é privilégio do teatro para criança. Claro que em nossa classe existem maus profissionais e isso me incomoda, claro que alguns trabalhos poderiam ser bem melhores, é claro que a criança está no centro de nosso trabalho e qualidade é vital.

Temos que discutir esses tópicos com bastante profundidade, Karen, principalmente em relação ao papel do Estado. Estamos vivendo uma democracia que ficará ameaçada a partir do momento em que o Estado disser o que é bom ou não para se ver.

Nossa geração conviveu com momentos delicados do Brasil e parece-me que devemos refletir sobre o assunto: será essa a função do Estado?

Não me refiro nem ao Selo de Qualidade porque na época em que tínhamos o MOTIN, Movimento de Teatro para a Infância, em 1988, era nossa preocupação determinadas montagens estarem invadindo as escolas sem proposta nenhuma para a formação da criança.

Mas creio que esse assunto deva ser discutido amplamente em nosso meio.

Plateia:

Quero parabenizar o CBTIJ pelo canal que está abrindo e eu estou muito otimista. Trabalho com arte educação há 10 (dez) anos e creio na qualidade sim.

Por exemplo, as Lonas Culturais não desenvolvem nada com as crianças. É obrigação fazer projetos envolvendo as crianças e a secretaria de educação levando para essas lonas trabalhos com qualidade.

Grupos para esse tipo de projeto não faltam. Espaço para essas discussões é a primeira vez que estou vendo. Quero aproveitar para endossar o que foi dito com relação ao critério de liberação de verbas pelo Estado.

Mas quero dizer também que esses canais sendo abertos são muito importantes e que possam se tornar agentes multiplicadores para professores e que esses professores mobilizem as crianças porque aí teremos a formação de plateia.

Plateia:

As pessoas que ocupam cargos públicos nem sempre tem condições de fazer o que realmente gostariam de fazer.

Mas quero chamar a atenção para essa questão das leis de incentivo fiscal como ferramenta nas artes voltadas às crianças ser uma coisa muito perigosa.

Nós artistas sentimos que nossas produções têm dificuldades em elaborar um projeto que agrade uma empresa, poucos conseguem isso. Não basta fazer um projetinho e entregar.

Essa ferramenta não é a ideal, pelo contrário está longe de ser ideal. É preciso uma ação mais concreta do Estado para a criança. Talvez o teatro para adultos tenha maior facilidade de administrar isso.

Plateia: Lula

Uma das grandes conquistas que poderemos ter, se nos organizarmos, será conseguir criar uma série de projetos ou mesmo recriar projetos bons que já existiram e que por motivos que desconhecemos deixaram de existir do dia para a noite. Essa foi uma das discussões na última reunião no CBTIJ.

A Terezinha estava falando ainda a pouco que conseguiu realizar a quinta edição do FENATIB porque se repetiu a gestão do atual prefeito.

Não se quer impedir que cada prefeito tenha uma política cultural sua, mas que tenhamos uma grade básica e que seja uma colocação da classe para que não se perca com a troca de governo municipal ou estadual.

As pessoas que estão nesta mesa são artistas em sua maioria e por isso tem um compromisso com a gente. Acontece que vai mudar o governo daqui a pouco e vão sair não sei quantos.

A preocupação desses novos governantes é trazer algo original e esse original acaba por destruir o que estava sendo feito. Leva-se 2 (dois) anos para se criar alguma coisa original que dura 2 (dois) anos.

Então ficamos constantemente construindo coisas que são desfeitas imediatamente com a troca de poder.

Agora, se o projeto for uma reivindicação da classe organizada, o governante que entrar terá que respeitar nosso desejo por tal proposta e terá que ser mantida.

Se essa pessoa quiser trazer novos projetos, eles serão bem vindos, mas essa grade básica não deverá ser violada independente da sigla partidária.

Nós lutamos para entrar nesses nichos que precisam da nossa atuação e criamos ali um processo de trabalho que necessita de continuidade.

Nossa grande luta terá que ser essa criação da grade até mesmo para que possamos nos manter enquanto grupo em torno desses circuitos. E que eles se mantenham independente de quem esteja no poder.

Terezinha Heimann

Gostaria de colocar aqui o seguinte. Acredito que quando um trabalho é bom e envolve a comunidade, que é uma coisa forte, esse trabalho não morre.

Quando, depois de 9 (nove) anos, me afastei da coordenação do Festival Universitário, ele continuou, hoje está na sua décima quinta edição e continuará se realizando.

Acontece que a comunidade abraçou o evento e não vai deixar desaparecer. Tenho certeza que o mesmo vai acontecer com o Festival de Teatro Infantil. Eles estão consolidados.

Procuramos envolver a Secretaria de Educação no FENATIB e temos conseguido uma boa parceria. Uma das principais atividades do festival é o debate e a reflexão sobre os trabalhos apresentados, isso faz com que aumente a qualidade do teatro infantil e a comunidade está envolvida nesse processo.

Na Fundação Cultural tratamos esses assuntos enquanto grupo, uma equipe e não como uma pessoa individualizada.. O coletivo é sempre mais forte do que o individual.

Em Blumenau também existe a presença de espetáculos ruins para crianças. Nós fazemos um trabalho didático na base envolvendo artistas e a própria criança na escola e dessa forma indicamos as peças que achamos mais honestas. Não temos um selo de qualidade e sim indicações para espetáculos com boas propostas.

Acreditamos na formação de um público através desse tipo de conceito, indicando bons trabalhos, que tenham qualidade de proposta no todo.

Assim estaremos formando alguém que amanhã no mínimo será um apoiador de cultura quer seja na plateia, quer seja como mecenas.

Miriam Brum

Queremos convidar a todas para a inauguração da sede do CBTIJ e participar do coquetel. Obrigada pela presença de todos.

Barra

Digitado por Giba de Oliveira, 23.09.2001