O meu primeiro contato com máscaras foi através da École de Théatre, Mime et Mouvement Jacques Lecoq. Lá trabalhamos inicialmente com a Máscara Neutra, cujo objetivo não era usá-la para conseguir um determinado efeito em cena e sim para buscar uma atuação sem os vícios e trejeitos que muitas vezes as acompanham. Eu tinha, na época, 22 anos e se era essa realmente a intenção pedagógica da escola, eu não sei, mas foi isso que ficou para mim. Em seguida, trabalhamos com as Máscaras de Bali, máscaras grandes, de face inteira, com expressões definidas, onde o trabalho consistia em, através do corpo, dar vida e sentido à máscara.
Depois conheci as máscaras da Commedia dell’Arte, máscaras que cobrem metade do rosto, deixando de fora a parte inferior. Fiquei muito encantada com este universo, totalmente novo para mim. Acredito que ele é uma fonte muito rica para a formação e treinamento do ator. Para trabalharmos os personagens da Commedia dell’Arte, somos obrigados a desenvolver nossa voz, nosso corpo, nossa capacidade de improvisar e contracenar, somos obrigados a ser generosos. Ou seja, é necessário ter um pé no chão, na técnica, no aprendizado, e outro na imaginação, na fantasia.
Penso que esses são os princípios básicos do ofício de ator. Além disso, seus personagens são divertidíssimos, com suas histórias, seus humores, suas manias. É um prazer estar em contato com eles, só nos traz alegria. No entanto não pretendo, como atriz, ser uma especialista em máscaras. Sei o quanto isso requer tempo e dedicação.
Os atores das trupes de Commedia dell’Arte, faziam o mesmo personagem a vida inteira e depois passavam para seus filhos. Eram, muitas vezes, estupendos. Ainda hoje, quando um ator trabalha com máscaras, é necessário que tenha um treinamento árduo e voltado para isso, se deseja alcançar um bom resultado.
Atualmente, o que pretendo é dividir o que aprendi, entendendo que este material pode ser extremamente útil para a nossa batalha. Além de me divertir muito, é claro.
Monica Biel
Atriz e diretora
Obs.
Texto retirado da Revista FENATIB, referente ao 6º Festival Nacional de Teatro Infantil de Blumenau (2002)