Crítica publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 04.07.1999

Barra

 

Divertido, alegre e colorido

Quem se lembra de Mary Poppins? Certamente os fãs de Julie Andrews, os fanáticos pelo Oscar e demais saudosos dos musicais americanos. Nessa trupe, com certeza, não se inclui a jovem platéia do teatro infantil. Mas nem tudo está perdido e é boa a oportunidade de se apresentar a esse público personagem tão interessante. Com essa idéia na cabeça e um teatro na mão Marlene Barbeta e Carlos Farias escreveram para ser encenado no Teatro Barrashopping, Mary Poppins – A Babá Perfeita, texto livremente inspirado no livro, que ninguém leu, mas viu o filme. No final tudo se acerta.

Os autores fiéis aos personagens de P.L.Travis, botaram no palco a saga da família inglesa, com seus personagens emproados, suas crianças tratadas como adultos em miniatura e uma babá misteriosa que vem para quebrar regras de comportamento e botar as coisas no lugar. Os autores, generosos na adaptação do texto, suprimiram algumas cenas impossíveis de serem realizadas no palco, pelo menos no do Barrashopping, como a da alegre reunião onde todos voam para o alto da sala, mas colocaram no espetáculo, cenas originais do livro, que não estão no filme, e que trazem a trama mais para perto do seu público.

Destoando da história bem contada, a mãe sufragista do livro/filme foi substituída por uma socialite que cita Vera Loyola, pretende trocar o marido quarentão por dois de 20 e recusa qualquer intimidade com seus filhos. Todo mundo em Londres e só a senhora Banks na Barra. Não precisava.

Mesmo com esse entrave no texto, Marcello Caridad consegue armar um espetáculo atraente e de fácil comunicação com a platéia. São cenas bem compostas, que valorizam o trabalho dos bons atores como Fátima Domingues, excelente como a empregada trapalhona dos Banks, Eromir Cordeiro no papel de Bert, Saulo Rodrigues no do Sr. Banks e Joana D’Arc, uma cativante Mary Poppins. Caridad, mesmo não tendo resposta em sua direção de ator para todo o elenco, salva o espetáculo pontuando a encenação com cenas movimentadas e divertidas como convém a um musical. Colaborando com a direção, Flávia Ventura faz milagres em sua coreografia para uma quase frete cortina.

Completando a técnica, os figurinos de Marcelo Costa seguem a linha inglesa de época com muito bom gosto. Sóbrio e funcional, não exagera em brilhos desnecessários. A trilha musical de Chiquinho Rota só aproveita do filme o Super-Call-Fragil-Istic-Expl-All-Docious e Pavement Artist (Chem Chem Cher), o resto é original.

Mary Poppins é um espetáculo de alegre colorido, que deixa a platéia satisfeita ao final de cada sessão.Mesmo com algumas deturpações, ou até por causa delas, a platéia se diverte. O teatro é feito para um público que adora se ver em cena. Tem dado, mas não convém reverenciar tanto.

Cotação: 2 estrelas (Bom)