Critica publicada no Site do CEPETIN
Por Gláucia Santos – Rio de Janeiro – 2010

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A brasilidade de Caymmi em perfeita harmonia com Andersen

O conto da Pequena Sereia de Hans Christian Andersen recebeu e ainda recebe diversas adaptações na dramaturgia, em livros e filmes. A mais famosa é a história dos estúdios Disney, que conta a aventura da pequena Ariel de forma leve e com um final feliz, adaptação bem distante do original de Andersen. O conto original difere bastante dessas adaptações, porque na verdade, é uma história forte, densa e que não possui um final feliz. O que não lhe confere descrédito, pelo contrário é um excelente conto que vale a pena lermos e relermos.

As músicas de Dorival Caymmi, são famosas por falar do mar, do amor e das belezas da Bahia. Faz-nos sentirmos como se o próprio mar estivesse perto de nós, é possível sentir a brisa, o cheiro e o barulho das ondas no momento em que as ouvimos. Marina, a Sereiazinha é a mistura harmoniosa da brasilidade das músicas de Caymmi com o conto do dinamarquês Hans Christian Andersen, espetáculo criado pela Cia PeQuod – Teatro de Animação. Em Marina, a Sereiazinha, da Cia PeQuod, em cartaz no CCBB do Rio, quem espera ao ir assistir, encontrar uma dessas adaptações com final um feliz e clima praieiro despertados pelas músicas de Caymmi, engana-se de espetáculo. Marina é uma brilhante adaptação do conto de Andersen que não abandonou a essência do original. Todos os ingredientes presentes em a Pequena Sereia estão em Marina, com uma excelente ajuda, as músicas de Caymmi parecem terem sido feitas para o conto. A Cia conseguiu fazer uma brilhante adaptação das músicas de Caymmi para o clima tenso que o conto pede, se utilizando delas para ajudar a contar a paixão de Marina por um pescador. Cais do porto, beira do mar ou em algum lugar em terra firme. Assim é o cenário, versátil, com quatro aquários onde acontece toda a história de Marina. O elenco bastante afinado no canto, ágil e integrado na manipulação dos bonecos, consegue criar um realismo tamanho que os bonecos parecem ter vida própria, seus movimentos tanto fora e dentro dos aquários são perfeitos, mesmo em alguns momentos onde há trocas muito rápidas de cenário e de bonecos. A luz cria momentos de poesia e de belas fotografias.

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Gláucia Santos
Crítica especializada exclusiva do CEPETIN
Especialista em teatro infantil e juvenil