Crítica publicada Jornal O Globo, 2º Caderno
Por Rita Kauffmann – Rio de Janeiro – 18.08.1984

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Todos os ingredientes para o gosto da criança

Fazer um bom espetáculo de teatro infantil pode parecer fácil, mas não é. Basta verificar a oferta de peças em cartaz e as recentes indicações feitas para o Prêmio Mambembe, que se concentraram exclusivamente em torno do trabalho de dois grupos. Não basta apenas contar com um bom texto, nem somente com um bom elenco ou com uma bia direção. Todos esses elementos devem estar em perfeita integração para que o resultado seja bom. Para bom. Para que as crianças gostem do que é bom.

Maria Minhoca consegue reunir todos os ingredientes: o texto de Maria Clara Machado, respeitado com fidelidade, é simples engraçado e esperançoso, já que o mocinho consegue acabar bem com a mocinha; a direção de Bernardo Jablonsky (ator e professor, estreando como diretor) é firme, mantendo o elenco coeso e fazendo com que o espetáculo seja ágil, o que prende a atenção das crianças o tempo todo; o cenário de Fernando resolve bem as dificuldades de espaço, é colorido e o painel ao fundo, com sua criativa iluminação, complementa lindamente a praça no qual transcorre a ação os figurinos, também de Jablonsky, dão o clima cômico ou romântico nos momentos certos. As músicas de Oswaldo Montenegro são bonitas e as coreografias de Paoletti, simples, são coerentes com sua idéia de apresentar movimentos, “que qualquer criança possa reproduzir em casa”.

O elenco de Maria Minhoca é muito bom: a personagem título, é interpretada por Bel Garcia, uma jovem aluna do Tablado que faz bem o tipo frágil e romântico que o personagem pede; Carlos Lofler ainda está um pouco tímido em expor seu lado romântico, mas certamente, no decorrer da temporada, a experiência permitirá que seu talento se solte; Clemente Vizcaíno explora bem o caricato de seu papel de pai; Roney Vilela, o Capitão Quartel, está impecável e Roberto Bomtempo faz da cena em que protagoniza uma artista espanhola o ponto alto da peça.