Teatrinho de fantoches na Quinta da Boa Vista

Matéria publicada na Revista Escola e Família
Por Marina Vereza – Rio de Janeiro – verão 2005

e parecem de verdade

Os bonecos do teatro de Guignol são expressivos...

Alguns bonecos contam histórias tradicionais

Máscaras impressionantes em histórias misteriosas

Carmem Miranda: criação de Virgílio Zago

A história de um fantasma

Pedrinho: um boneco de sucesso

Algumas histórias são dramáticas e eletrizantes

Uma história divertida: O Galinheiro de D. Clotilde

Férias

Era uma vez…

Desta maneira, gerações que hoje estão na casa dos 50 e 60 anos, lembram do Teatro de Guignol – marionetes, bonecos com fios, e fantoches manipulados com as mãos -, que contavam histórias engraçadas para quem passava nas praças da cidade.
Esta antiga tradição carioca chegou aos espaços públicos do Rio revigorado pela Coordenadoria de Teatro de Bonecos de Animação, e da Secretaria Municipal das Culturas.

Os espetáculos são gratuitos, nos fins de semana, ás 11 e 16 horas, nos bairros de Ipanema – Praça Paul Claudel, Jardim de Ala; São Cristóvão – Quinta da Boa Vista; Méier; Jardim do Méier; Tijuca – Praça Xavier de Brito; Flamengo – Praia do Flamengo altura do numero 300 e Praça da Harmonia – Gamboa.

O Espetáculo

Além dos grupos de fantoches cariocas há outros de vários estados brasileiros e até do exterior. O Trança de Folia, do Rio, formado por três artistas, tem como fonte de expiração a cultura popular de algumas regiões do país. Baseado no de mamulengo, de Pernambuco, e na figura de João Redondo, da Paraíba, o grupo, formado por Joana Lira, Norma Nogueira e Vagner Chaves se apresenta ao som há de sanfona, percussão, pandeiro, zabumba e de caixa de folia.

O arquiteto paulista Virgílio Zago, 48 anos, há mais de 15 anos trabalha com manipulação de bonecos. Em suas apresentações, a grande homenageada é a artista portuguesa Carmem Miranda. Na confecção dos bonecos são utilizadas estruturas de madeira, alumínio, espuma, fibra de vidro e tintas. Os adereços, são do arquiteto, e os figurinos da portuguesa Alcina Costa Nogueira.

Na Corte

A arte de manipular fantoches chegou no Brasil na época do império. Em 1878, a Grande Companhia Anthomatica do Régio Theatro San Martiniano, de Turino, dirigido por Luigi Lupi, aportou na Corte.

O Teatro de Guignol foi implantado na República, em cinco praças. Mourisco, Saens Peña, Serzedelo Corrêa, Beira Mar e Jardim do Méier.

Na Rede Municipal de Ensino o trabalho com fantoches é desenvolvido em algumas escolas com excelente resultado na aprendizagem dos alunos. Ana Luiza Siqueira Luiz, de 32 anos, é professora de Sala de Leitura do CIEP Lindolpho Collor, em Rio das Pedras, Jacarepaguá, onde atua no projeto Livros Animados com seis turmas de progressão.

A partir da leitura de livros clássicos de literatura infantil como A Bela e a Fera, Pinóquio, Branca de Neve e Cinderela, os alunos assistem aos vídeos das peças, desenham personagens e confeccionam os bonecos utilizando diferentes materiais e técnicas: “Biscuit”, de papel “marché” e pano, que é a técnica mais fácil. Com os fantoches prontos, os alunos transformam os clássicos numa peça teatral.

Uma outra técnica de fantoches é desenvolvida no CIEP João Batista dos Santos, na Cidade de Deus: a papietagem. Quase 600 alunos da Educação Especial e Educação Infantil até 3 série, aprendem com  a professora da sala de Aula de Leitura, Jane da Silva Ferreira, 40 anos, como criar os bonecos. Eles recortam tiras de jornal que são coladas numa bola, onde é formada a cabeça. As tiram devem ser enroscadas numa nas outras e amarradas com barbante. O rosto vai sendo formado e a complementação vem com saias, calças e sapatos para “vestir” os fantoches.

Bons resultados

Os alunos da Educação Especial com retardo mental trabalham com bonecos de varam feitos por eles próprios. Músicas com A Linda Rosa Juvenil, ou o conto popular As Nove Filhas que fala sobre números/ fantoches feitos durante as aulas. A professora Jane ressalta que com esse trabalho, a garotada aperfeiçoa o modo de falar, o raciocínio, passa a ter opiniões próprias  e o prazer pela leitura fica mais aguçado.

A Origem do Teatro de Guignol

O Teatro de Guignol, surgiu na França em 1804. Nessa época, havia um homem muito pobre chamado Laurent Mourguet, tecelão casado e pai de dez filhos. Laurent foi uma vítima do desemprego.  Muito cedo partiu estrada afora para tentar o oficio de dentista. Mas, só de olhar o boticão, as pessoas ficavam apavoradas e ninguém se aproximava dele. Laurent, então teve a ideia de criar um boneco parecido com ele, com cabeça de madeira e corpo de retalhos e deu-lhes no nome de Guignol. O boneco contava histórias engraçadas e todos riam e esqueciam da dor do medo do boticão. Laurent retornou a cidade de Lyon, onde nasceu, e criou um teatro onde crianças e adultos assistiam as aventuras do fantoche Guignol.