Fotos: Renato Mangolim

Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 23.01.2015

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Uma linda história de amor sob as lonas do circo

O infantil Lili, em cartaz pela segunda vez no Rio, arrebata o público pela singeleza de sua trama romântica

Depois de uma brilhante temporada entre julho e setembro do ano passado, no Teatro Oi Futuro Ipanema, no Rio, o lindo espetáculo Lili – Uma História de Circo está fazendo nova temporada, também no Rio de Janeiro, desta vez no Teatro Imperator, no Méier. Fui ver na semana passada, com atraso, e gostei bastante. Até me emocionei com o romantismo da história, o talento dos atores, a graça das músicas, a magia do circo, o encanto dos bonecos.

O espetáculo teve cinco merecidas indicações ao Prêmio Zilka Salaberry e mais cinco ao Prêmio CBTIJ. Foi escrito pela dramaturga e telenovelista global Lícia Manzo (Malhação, A Diarista, A Vida da Gente), inspirada no filme

Lili, com Leslie Caron, de 1953. O filme, que concorreu a vários Oscars, inclusive o de melhor atriz para Leslie (e acabou ganhando o de trilha sonora), foi inspirado, por sua vez, no conto The Man Who Hated People (O Homem que Odiava Gente), de Paul Gallico. Nos EUA, também houve uma famosa versão teatral, batizada de Carnival..

Aqui, na versão de Lícia Manzo (já encenada no Rio em 1989, há 25 anos), agora com direção do veterano Isaac Bernat (ator no premiado espetáculo Incêndios, com Marieta Severo), o homem que não gostava de gente se chama Pedro, muito bem interpretado por Gabriel Vaz. O jovem ator tem cacife para encantar a plateia como o homem tímido e apaixonado, ex-trapezista traumatizado, que não consegue se declarar para a protagonista Lili (Julia Bernat, filha do diretor com a atriz Soraya Ravenle) e o faz por meio dos bonecos que manipula em um número de circo. É emocionante. Quando o personagem bonequeiro fica nervoso por não conseguir se expressar, o gestual adotado pelo ator Gabriel Vaz é incrível, beirando o excesso proposital dos desenhos animados, mas sem perder a ternura ou cair na caricatura fácil. É uma expressiva interpretação, digna de prêmios, enobrecendo o teatro infantil feito no Rio de Janeiro.

Quem fazia Lili na temporada inicial do ano passado era outra atriz, Gabriela Carneiro da Cunha. Dizem que fazia lindamente, tanto que foi indicada aos prêmios já citados acima. Não a vi. Também não vi a premiada Soraya Ravenle, ex-mulher do diretor, na pele da Mulher Barbada, que agora é feita por Clara Santhana. O que posso dizer é que Julia Bernat, no Imperator, assumiu divinamente o papel de Lili. Fiquei encantado. Eu já era fã da jovem intérprete, pelas excelentes peças de Christiane Jatahy de que ela participou, como Julia (baseada em Strindberg) e E Se Elas Fossem para Moscou (baseada em Chekhov). Julia Bernat, apesar da pouca idade, também já participou de musicais importantes, como A Noviça Rebelde,  Um Violonista no Telhado e O Despertar da Primavera.

Aqui, Julia faz Lili na medida certa de ingenuidade, melancolia, doçura e paixão. A menina órfã, que descobre o circo por acaso e primeiramente se enreda pelo galante e vaidoso mágico Markus (Tiago D´Ávila, também em excelente momento), canta um dos hits do cinema musical norte-americano, ‘Hi-Lili, Hi-Lili, Hi-Lo’ (“Eu vivo a vida cantando…” etc). Julia Bernat nos encanta com sua voz doce e o jeito meigo com que impregna sua atuação. Ela e Gabriel Vaz formam um belo e talentoso par, a se ficar de olho para futuros espetáculos.

As outras boas e divertidas canções da peça, todas executadas ao vivo, foram compostas por Eduardo Dussek. A eficiente direção musical ficou a cargo de Roberto Gnattali. Os bonecos, de material reciclável, foram criados por Eduardo Andrade, que foi integrante da Intrépida Trupe e dos Irmãos Brothers. Ou seja, tudo funciona muito bem nesta competente homenagem aos circos de antigamente. Quem estiver no Rio não pode perder. Com a família toda. Programão. Basta não ter preguiça de ir ao Méier, na distante Zona Norte.

Serviço

Imperator – Centro Cultural João Nogueira. Rua Dias da Cruz, 170 – Méier, Rio de Janeiro
Tel. (21) 2596-1090
Sábados e domingos, as 16h
Ingressos: R$ 30,00 inteira, R$ 15,00 meia e R$ 12,50 parceria Clubinho de Ofertas
Até 8 de fevereiro