Matéria publicada no Diário de Brasília – 2º Caderno
Por Lúcio Santos – Brasília – 28.03.1976

 

 

 

 

Barra de Divisão - 45 cm

 

 

 

 

Barra de Divisão - 45 cm

Fotos: Almir Torquato


Barra de Divisão - 45 cm

História de Lenços e Ventos, último dia no Teatro Galpão

O Grupo Ventoforte está em Brasília, onde a convite da Fundação Cultural do Distrito Federal. Apresenta o espetáculo História de Lenços e Ventos, de Ilo Krugli.

Na primeira vez que foi apresentada no Rio de Janeiro, em 1974, a peça foi agraciada pela crítica carioca como uma das cinco melhores daquele ano.

O grupo nasceu em 1972, com a peça História do Barquinho, vencedora do Festival de Teatro Infantil da Guanabara, realizado naquele ano na cidade do Rio de Janeiro. Naquela época, eles ainda não tinham o nome de Vento Forte, que surgiu na montagem da peça seguinte – História de Lenços e Ventos – quando o grupo realmente conseguiu se afirmar dentro do panorama teatral carioca, devido ao grande sucesso de crítica e de público.

Duas Versões

No ano passado, eles resolveram fazer uma experiência diferente. Montaram um espetáculo com duas versões, uma adulta e outra infantil. A peça – Da Metade do Caminho ao País do Último Círculo – que é do mesmo autor, também diretor do grupo, da anteriormente montada, não teve muito êxito.

Devido a este fracasso, e à falta de uma outra perspectiva que compensasse os prejuízos da montagem anterior, pois eles não possuem nenhum forte esquema empresarial que lhes permitam a utilização ou a perda de grandes somas de dinheiro, reso9lveram aceitar o convite da Fundação Cultural do Distrito Federal para remontar Lenços e Ventos e trazê-la a Brasília. Aproveitando o embalo, eles vão remontá-la também no Rio, a partir de 3 de abril, no Teatro Gláucio Gill.

Ilo Krugli, que é professor da Escolinha de Arte do Brasil, no Rio de Janeiro, e já trabalha com teatro infantil e de bonecos há cerca de vinte anos, pretende mostrar que o teatro pode ser feito por qualquer, pessoa, sem grandes gastos, precisando apenas de muita dedicação e vontade de criar algo novo e importante. Ele quer fazer um teatro que seja ao mesmo tempo popular e de bom nível.

Visão Crítica

Com relação a Lenços e Ventos, ele afirma que quis apenas fazer um espetáculo pouco convencional, mas que é evidente que o teatro sempre expões para o espectador uma visão crítica da realidade, pois o teatro é acima de tudo questionamentos e conflitos. Ele diz ainda que não gosta de rotular seus espetáculos, para que não haja preconceito por parte do público. Não lhe interessa dizer que suas montagens são surrealistas, ou realistas, ou românticas, ou que for, lhe interessa apenas que o público vá lá, observe, chore, ria, sinta o que eles querem dizer e faça sua própria análise crítica como bem entender.

Quanto a produção das peças, o grupo se utiliza de um sistema cooperativo, e que justamente por utilizar este sistema, o grupo ainda sobrevive. Enfim tratam-se de profissionais dotados de um espírito amador, para que possam continuar vivos e criativos.

A peça que já se apresentou em Taguatinga, esteve no Teatro Galpão, ontem, às 16 horas e hoje as 10 e 16 horas. A censura é livre e os ingressos são vendidos aos preços de 10 e 5 cruzeiros.

O elenco conta com 10 integrantes, sendo um iluminador, João Rego e nove atores. Os atores são: Ilo Krugli (que também é o autor e diretor da peça), Pedro Veras, Beto Coimbra, Tarcísio Ortiz, Paulo César Brigo, Sérgio Fidalgo, Silvia Aderne, Walkiria Alves e Caíque Botkay.

Ontem após o espetáculo, houve um debate entre os elementos do grupo e público presente.