Crítica Publicada em O Globo, Segundo Caderno
Por Rita Kauffman – Rio de Janeiro -12.08.1984
A Viagem de um Barquinho levado por bons ventos
As comemorações dos dez anos de atividades do Grupo Ventoforte, criado e dirigido por Ilo Krugli, começaram muito bem, com a apresentação, no fim de semana passado, de História de um Barquinho, ainda em cartaz amanhã e domingo no Teatro Dulcina.
O texto, de autoria de Krugli, é simples e talvez por isso mesmo envolva tanto a plateia. As brincadeiras iniciais provocam uma expectativa, que se resolve quando o barquinho entra em cena e surpreende a todos: ele é pintado em preto, na mão do artista do grupo que o protagoniza. Não tendo nunca navegado por estar preso a uma âncora, a aventura começa quando a correnteza do rio o arrasta, ele conhece uma linda flor por quem se apaixona e vai parar no mar. Até ser resgatado por um marinheiro (um bonequinho), e terminar a história, muitos climas são criados com panos os mais diversos e pelas belas músicas de Ronaldo Mota, com letras de Ilo Krugli, muito bem interpretadas pelos componentes do grupo, que manipulam instrumentos acústicos. Nada de guitarras e sintetizadores. As vozes são musicais e se entende cada palavra dita.
O espetáculo dura mais de uma hora, o que é incomum em teatro infantil, tempo em que a magia e a poesia são a tônica. Quando termina, crianças e adultos lamentam. A receita, perguntem a Ilo Krugli.