Critica Publicada em O Globo – Segundo Caderno
Por Mànya Millen – Rio de Janeiro – 29.11.1998
A História de Catarina: Humor como arma de combate
Uma peça sob medida para duas ótimas atrizes
Ótimas atrizes que são, Mônica Biel e Ana Barroso já haviam mostrado, na premiada História de Topetudo, o quanto eram capazes de fazer num espetáculo quase de bolso.
Em A História de Catarina, nova peça protagonizada pela dupla e dirigida por Moacir Chaves, em cartaz no Teatro Candido Mendes, a proeza se repete.
Embora os ótimos figurinos (assinados de novo por Bia Salgado) e os adereços (também excelentes, de Luciana Maia) tenham garantido mais espaço e importância na montagem, enchendo os olhos do público, é mesmo da interpretação de Mônica e Ana que o espetáculo extrai sua força e brilho.Tudo começa num clima de acaso, quando os palhaços Lasanha e Ravióli, vividos pelas atrizes, se deparam com o teatro cheio de gente.
Para que ninguém perca a viagem, eles contam a história de um príncipe (Nicolau) e uma princesa (Catarina) de reinos distintos que,entediados e loucos por aventura, são transformados por uma bruxa em animais. Até que Catarina consiga reverter o feitiço, muita coisa acontece no pequeno palco cenografado por Lídia Kosovski.
O texto, adaptado pelas atrizes e por Thereza Falcão a partir de A História do Califa -Cegonha de Wilhelm Hauff, funciona muito mais como um veículo para a performance de Monica e Ana. Porque, diferentemente de Topetudo , que mostrou um enredo mais enxuto e amarrado, aqui a história principal, já um tantinho confusa, se perde às vezes no meio dos 15 personagens interpretados com graça e perícia pelas atrizes. Mas, com fôlego e experiência, elas contornam os problemas de ritmo, fazendo com que a platéia até se esqueça da história e se divirta a valer com os seus cacos – as crianças se identificam com o tom adolescente-chatinho-birrento usado principalmente por Monica.