O espetáculo da série Disney no Gelo está
no Maracanãzinho

 

Crítica publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 10.10.1999

 

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Para ser visto a uma certa distância    

Programada com um ano de antecedência, Hércules, a produção Disney no Gelo da vez, faz temporada relâmpago no Maracanãzinho e aproveita a semana da criança para faturar além da pista com uma quantidade razoável de suvenires.

Antes que a distinta plateia tome seus lugares, a hora é de comprar Hércules e Meg bonecos, Pegasus em sorvete, flâmulas, e, é claro, Mickey, Minnie, e Os Sete Anões. Estes últimos, com certeza, uma sobra doa ano passado, da temporada de Branca de Neve. Tem de tudo.

Aliás, comparada à produção do ano passado, Hércules é bem modesta em efeitos especiais, iluminação e cenários. Mas o que o espetáculo perde em aparato técnico e apelo visual, ganha no que realmente sabe fazer: patinação. As coreografias de Sarah Kawahara para a trilha original bastante suingada levam ao palco um elenco de 30 patinadores, se revezando em muitos personagens, em performances de tirar o fôlego. Hércules, representado por Dimitri Savine, tem ótimos solos, que reforçam sua presença na história. O elenco de apoio, principalmente as deusas que entram em cena como um estilizado coro grego, não deixa a música rolar em vão na cena e canta junto numa dublagem bem sincronizada. Também muito interessante, o super vilão Hades (Joel Mangs) ganha a torcida contra da garotada.

Mas se o herói e o vilão cumprem bem os seus papéis, outros dois personagens têm a simpatia total da plateia: Meg (Natália Zaitseva) e Filotectes (Martins Scully). A primeira, pela graciosidade e bonita presença cênica, e o segundo pelo bom humor. Além da empatia instantânea, os dois atores são excelentes patinadores, principalmente em seus solos.

Como todo espetáculo modelão Broadway, Hércules é para ser visto a uma certa distância. As máscaras que deveriam ser de massa, são de plástico. As perucas que reforçam as características do desenho animado são grosseiras e sem movimento, os adereços cênicos são mal acabados e alguns figurinos, como vestidinho roxo de Narciso, são de um extremo mau gosto. Tudo desculpável. O espetáculo é grandioso e as crianças adoram, principalmente as que estão coladas na pista e que não estão ali para descobrir os defeitos. Para os privilegiados das primeiras cadeiras, a emoção maior é ver seus personagens queridos bem de perto. Alguns pulam do palco e fazem seus números no colo da plateia. Um delírio.

Hércules, que está em temporada até terça-feira, 12 de outubro, é um presente para as crianças, especialmente as de pouca idade que já assistiram ao filme no cinema ou em vídeo. Para os que deixaram para entender a trama na pista, fica um pouco mais difícil, principalmente se acompanhados de uma tia desinformada, que acaba confundindo Netuno com Zeus. Com as bênçãos do Olimpo, vale tudo no show business.

Cotação: 3 estrelas (Ótimo)