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No caminho para alcançar um objetivo determinado é que conheço o verdadeiro significado, oculto, anterior ao primeiro passo ou movimento, do que fez mover-me na direção escolhida, independentemente do esforço, da complexidade ou do desafio. Quase sempre é assim. Uma experiência. Única e reveladora.

Também foi assim quando o FENATIB, com sua proposta inquietante de apresentar e questionar a arte apresentou-se como mais um desafio. Topei a parada. O artista tem essa missão. Acordar, tomar café, ler o jornal e começar a dar forma aos seus próprios sonhos e, inevitavelmente, paralelamente, aos sonhos do público. Instigar os sonhadores. Assombrar o cotidiano de cada um unindo o sagrado ao profano. O maravilhoso exercício da arte de encenar. Mas é bem depois, quando todos os ingredientes foram cuidadosamente misturados é que o artista desfruta da experiência de oferecer aos curiosos as possibilidades de provar a obra. De comparar os diferentes sabores. De trocar receitas e temperar seus espetáculos. Assim foi em Blumenau. Claro que isso não é assim “no mas”! E o vivente, quando sai de Porto Alegre, tem uma barbaridade de miudezas pra pensar. Tem a parte de calcular a quilometragem, preparar e carregar caixas de equipamentos, instruir a equipe técnica, enviar as fotos em alta resolução, imprimir as declarações dos direitos autorais, até chegar lá… na escova de dentes. Fazer teatro é cuidar dos detalhes. O certo é que vale a pena!

Buenas tchê! Ao chegar no FENATIB já se encontra o clima adequado. Uma mistura de excitação, euforia e curiosidade. Uma sensação diferente. Creio que é o sentimento que o encenador espera do espectador. A alma aberta ao desconhecido. A expectativa de ver no palco um segredo. Uma surpresa. Como se a cortina, ao abrir, fosse um presente, onde a embalagem, enquanto vai sendo rasgada, mostra seu conteúdo. Coisa de criança. Um prazer partilhado entre o artista de teatro e o espectador. Uma partitura que não necessita de combinações prévias ou ensaios. Uma mágica que vi acontecer bem na minha frente. Um evento onde amizade, vaidade, criatividade, medo, gentileza, insanidade, carinho, fúria e drama, subiam ao palco, andavam pelas ruas e mostravam seus segredos aos olhos atentos de crianças e adultos. Mais um exercício emocionante. Uma experiência única. O objetivo do ofício teatral. Temperar a vida com emoção.

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Alexandre Fávero
Diretor e Sombrista – Cia. Teatro Lumbra

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Obs.
Texto retirado da Revista FENATIB, referente ao 8º e 9º Festival Nacional de Teatro Infantil de Blumenau (2004 e 2005)