Crítica publicada na Veja Rio – Crianças
Por Lívia de Almeida – Rio de Janeiro – 09.09.1996
Comédia Rasgada
Esconde-Esconde mostra Martins Pena para a garotada
A abertura de Esconde-Esconde é cativante. Ao som de modinhas, os seis atores circulam em volta da arena do Teatro do Planetário e explicam para a plateia miúda o que é a malhação de Judas, uma informação fundamental para a compreensão do espetáculo. Afinal, esta é uma adaptação da peça Judas em Sábado de Aleluia, uma das mais conhecidas obras de Martins Pena, que conta a história do jovem soldado que, disfarçado com as roupas do Judas, acaba ouvindo todos os segredos de uma família. O diretor e adaptador João Batista e sua Cia. Dramática de Comédia transformaram a peça em uma comédia rasgada, um vertiginoso entra-e-sai de atores coerente com o trabalho de pesquisa que o grupo desenvolve em cima da commedia dell’arte.
Como acontecia em Volpone e O Homem que Bebia Xixi – os trabalhos anteriores do grupo – um dos trunfos deste Esconde-Esconde é o visual colorido dos figurinos criativos de mauro Reis e os cenários de Doris Rollemberg. O elenco está afinado.
Desta vez, a ótima Sônia Praça é a irmã boazinha, enquanto Giselda Mauler defende com garra a interesseira Maricota. Suas caras e bocas são hilariantes. O elenco masculino também não desaponta, encabeçado pelo divertido Eduardo Rieche, no papel do guarda Faustino. O resultado final é altamente satisfatório: uma diversão bem-cuidada que tem inclusive a sabedoria de acabar na hora certa.
Serviço
Esconde-Esconde de Martins Pena
Direção de João Batista (50 min.)
Estreou em 24.08.1996
Teatro do Planetário (138 lugares)
Avenida Padre Leonel Franca, 240, Gávea
Tel: 239.5948.
Sáb. e Dom., 17h. R$ 10,00