Dib Carneiro Neto

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A primeira vez a gente nunca esquece

Eu sou de São José do Rio Preto, aonde acontece o Festival de Teatro muito conhecido. Eu devia ter menos de dez anos e lembro de que meus pais me levaram com meus primos, ao Teatro Municipal, aonde seria apresentado um espetáculo infantil. Não lembro o nome da peça. Sei que o tema tratava de super-heróis e ficamos muito ligados na história. Ocorre que um pouco antes de começar o espetáculo faltou luz na cidade. Atrasaram o começo do espetáculo, mas, como estava demorando muito, resolveram começar sem luz. Apenas com a claridade que vinha de fora do teatro. Eu já estava fascinado com tudo aquilo e, de repente, a luz é ligada. Quando isso acontece, e a peça continua com a iluminação, eu fiquei maluco com aquela magia. Acho que, se a peça tivesse já começado com a luz, minha surpresa não teria sido tão grande. Mas, ao constatar aquela diferença e o poder que a luz dava ao que acontecia no palco, fiquei maravilhado.

Depois, aos 14, 15 anos, eu já comecei a assistir teatro adulto, nas produções que vinham de São Paulo ou do Rio. O primeiro espetáculo adulto que vi foi com a Regina Duarte, fazendo Reveillon, do Flávio Márcio, em que ela fazia uma prostituta. Eu estava acostumado a ver a Regina Duarte na TV, sendo a mocinha, a namoradinha do Brasil. Quando vi a Regina fazendo uma prostituta, com aquela vozinha, com um registro de interpretação totalmente diferente do que estava acostumado a ver, fiquei maluco. Então no teatro pode acontecer isso? Se eu não tivesse ido ver essa peça, nunca teria visto este outro lado da atriz, e isso também me marcou muito. A partir daí, senti que esse mundo me interessava.

Por outro lado, sempre tive muito apoio dos meus pais. O teatro era caro, e eles não iam, para os filhos poderem ir. Eles perceberam que eu gostava e, sempre que uma peça vinha à cidade, eu ia. É claro, que nessa época eu nunca podia imaginar que um dia iria trabalhar com isso.

Escolhendo a profissão

Eu sempre gostei de escrever. Um perfil que é muito comum, em quem gosta de escrever, e que faz uma redação, a professora elogia, participa de concursos e “nossa como ele escreve bem”. E aí começa o momento de escolher a profissão. Mas eu não queria ser professor, não queria fazer uma Faculdade de Letras, não queria dar aulas, pois eu sempre fui muito tímido.

Comecei, então, a fazer cursinho para fazer vestibular de Psicologia, que era uma área de Humanas que me interessava. Mas, no meio da história, eu descobri que existia Faculdade de Jornalismo, que até então eu não sabia que existia. Me inscrevi e foi uma surpresa para toda família. Eu era tão tímido que não conseguia contar para a família, que havia mudado a escolha da faculdade. Eu lembro que meu pai disse: “escuta, teus irmãos, um quer ser engenheiro, outro médico. Você vai ser o pobre da família, sendo jornalista…” Mas não liguei e segui em frente.

Vim para São Paulo, em 1979, com 18 anos e entrei na USP e fiz jornalismo. Foi a única coisa que fiz de vida acadêmica. Não fiz Mestrado, nem busquei alguma especialização. 

Começando a trabalhar

Meu primeiro trabalho foi na Gazeta de Pinheiros, como repórter, fazendo de tudo. Mas aos poucos comecei a me encaminhar para a área de cultura e acabei como editor do Caderno de Cultura. Fiquei sete anos neste jornal e em virtude de uma reestruturação do jornal, fui demitido. Fiz alguns “freelas” e acabei parando na Vejinha São Paulo. Isso em 1988.

Entrei no Roteiro da Semana, que era uma seção muito boa, completa, muito bem escrita. Aonde os jornalistas não se baseavam apenas nos releases, eles tinham que ver os espetáculos, para saber do que estavam falando. Quando eu cheguei lá, a editora Marina Teixeira de Melo, me disse que não conseguia acertar ninguém para escrever na seção Para Crianças. As pessoas escrevem um pouco e depois não querem mais, não gostam.

Nesse momento, eu percebi que era uma bela área para entrar, uma área desguarnecida do jornalismo, pois os grandes críticos da época como Tatiana Belinky e Clóvis Garcia já estavam prontos para se retirar, estavam se aposentando.

Comecei a escrever e tive um retorno muito bom dos diretores, da classe que faz teatro infantil, do que eu escrevia a respeitos dos espetáculos. Foi dando certo e acabei ficando no roteiro. Com esse resultado, acabaram me chamando para participar das comissões de prêmios. Na época, existia o Mambembe e depois me chamaram para o APCA. Fiquei na Vejinha uns três anos.

Hoje, lendo o que eu escrevi na época, acho que eram comentários, às vezes, simplistas demais. Claro que eu estava começando, e como não era um crítico acadêmico, como a Tatiana e o Clovis que estudaram a vida inteira teoria teatral, a minha visão era muito da prática de ver, de ver muito, comparar, e foi assim que eu construí minha carreira de crítico.

Saí da Vejinha e fui parar no Estadão. Comecei a trabalhar numa área que não tinha nada a ver com teatro infantil, mas fui falar com a Editora do Estadinho, que nessa época ainda era um suplemento. Disse que queria colaborar e ela aceitou prontamente. E assim eu continuei até ir para o Caderno 2, e aí foi mais fácil, e comecei a propor pautas. Acabei virando editor do Caderno 2.

Engraçado é que todo mundo me dizia que eu ia encher o caderno com matérias de teatro infantil, mas não é bem isso, pois nessa função você tem que contemplar todos os repórteres e todas as áreas culturais. Acho que eu conseguia mais espaço, quando era jornalista, do que na função de editor. Mas eu nunca parei de fazer minhas críticas, pois nessa época eu participava das comissões de prêmios e tinha que ver os espetáculos. Mesmo que eu não escrevesse toda semana, eu via tudo. Também foi nessa época, que veio do Rio a premiação da Coca-Cola e eu fui chamado para o júri.

Quando eu saí do Estadão, resolvi que precisava continuar a escrever sobre teatro infantil. Para mim era como uma militância. E aí comecei a escrever no site na Revista Crescer. E isso, já acontece há cinco anos. Essa mesma crítica reproduzo no facebook, dando assim maior visibilidade.

Dramaturgo

Salmo 91, 2008

Escrevi um texto para teatro, quando meu filho ainda era pequeno, mas considero que foi mais um exercício, e acho que foi parar no lixo. Foi só quando li Estação Carandiru, que escrevi o que considero meu primeiro texto teatral, Salmo 91, com o qual eu ganhei o Prêmio Shell, isso, anos depois.

Foi assim. Logo depois que o Drauzio Varela lançou o livro, eu o ganhei de presente e li numas férias. Achei um material riquíssimo, uma maravilha e vi que tinha que ir para o teatro. Tive uma ideia de fazer monólogos, e todo dia quando chegava do Estadão escrevia um pouquinho. E isso, sem falar com o Drauzio, sem pedir os direitos, sem saber se já tinha alguém fazendo algo com o livro. Era apenas a vontade de trabalhar com aquele material, que acreditava ser fantástico.

Comecei a mostrar para amigos e pessoas do jornal e tinha retornos muito bons. Depois levei para diretores de teatro. Sempre que ia entrevistar alguém que achava interessante, perguntava se ele poderia ler meu texto. E o retorno era sempre bom. Aí começou que alguns diretores quiseram montar o texto. O Eduardo Tolentino se interessou, o Renato Borghi também e aí resolvi ligar para o Drauzio. Liguei, me apresentei e enviei o texto para ele. Ele me disse que os direitos estavam com o Hector Babenco que ia fazer um filme, e que ele não sabia como fazer. Não entendia de teatro, enfim. Liguei pro Babenco, enviei o texto e a conversa foi bem difícil. Ele só pensava no filme e não queria que nada atrapalhasse. Disse que meu texto não tinha dramaturgia, e que era um “resumão” do filme. Disse que não estava interessado e desligou o telefone. Ele tinha um temperamento difícil e sei que de vez em quando dava umas patadas nas pessoas. E com esse mesmo texto, ganhei o prêmio de dramaturgia. Não tive outra alternativa e guardei esse texto, por anos, na gaveta. Depois que ele fez o filme, a série e vi que ele já ia lançar outro filme, voltei a ligar para o Drauzio e para o Babenco e aí a peça andou.

Depois daquela Viagem

Mas, enquanto isso, eu resolvi adaptar outro livro. Sempre achei que eu devia seguir pelas adaptações. Não tinha coragem de escrever uma história original. E adaptei um livro infanto-juvenil chamado Depois daquela Viagem, da Valéria Piassa Polizzi, que era um best-seller. É a história de uma menina de 16 anos, que, quando transa pela primeira vez com seu primeiro namorado, pega o vírus da AIDS. Só que desta vez, para não acontecer, o que tinha ocorrido com o Babenco, resolvi ligar primeiro. Ela foi muito receptiva, e disse que realmente achava que já era o momento. Disse que fazia palestras em todo Brasil sobre o livro. Disse que ela não gostaria que fosse adaptado para cinema, que não gostava do que via no cinema brasileiro, mas que para o teatro gostaria muito. Fiz a adaptação e mostrei para o Vladimir Capella, que me disse que preferia dirigir os textos que ele próprio escrevia, mas que esse texto interessava muito.

Fizemos uma leitura aqui em casa, que foi muito boa. Mas a peça que tinha treze atores, não conseguiu patrocínio e também não vingou naquele momento. Só foi montada dez anos depois de escrita, pela diretora Abigail Wimer, e fez muito sucesso nessa faixa etária de adolescentes.

Nisso, amigos que tinham lido os dois textos, me convenceram a escrever um texto meu, original. Que já estava na hora e, assim, eu não ficaria sempre na mão de direitos autorais dos outros. Nesse ínterim, morreu meu pai e, na missa de sétimo dia, cheguei muito cedo à igreja, que era bem longe, e eu fiquei com medo de me perder. Logo depois, chegou um senhor de bengala, que tinha sido sócio de meu pai em Rio Preto. Por um tempo, as famílias foram muito unidas, mas depois se perderam de vista. Ele soube do falecimento e foi para a missa. Eu fiquei pensando que esse mote daria uma peça. Pensei em criar um enredo de uma pessoa que está na igreja, chega esse sócio, eles começam a conversar. A missa não começa nunca, começa a chover, trovoar. Enfim, escrevi isso, mas me dei conta de que não bastava. Que o filho precisaria também conversar com o pai. Tive a ideia de que o sócio, de repente vira o pai e a história muda. Quem morreu é o sócio e o pai se encontra com o filho. Depois tem ainda uma virada, e esse ator, que foi o sócio e pai, vira o padre, que quer começar logo a missa. Chamei essa peça de Corpos Presentes.

Comecei a mostrar, tive retornos positivos. Tomei coragem e resolvi enviar para o Paulo Autran, via assessora de imprensa, Célia Fortes, que eu conhecia. Pedi a ela, que disse também gostar do texto e achar que o Paulo, poderia se interessar, pois ele sentia falta de textos, que tivessem papeis para atores mais velhos.

Claudio Fontana e Paulo Autran em Corpos Presentes, 2005

Um dia, eu estava assistindo ao programa Roda Viva, na TV Cultura, em que o Paulo era entrevistado e ele me citou. Disse ter recebido meu texto e que gostava muito. Diante disso eu precisava fazer alguma coisa, para acontecer.

Eu acompanhava muito a carreira do Claudio Fontana, que sempre produziu. Mostrei o texto para ele e a peça aconteceu, antes mesmo do Salmo. Com direção do Elias Andreato, e com o Paulo e o Claudio no elenco. Foi muito gozado, porque as pessoas diziam, como assim?, tua primeira peça e você já começa com o Paulo Autran, que vinha daquele sucesso Visitando Sr. Green. Para mim, foi realmente um sonho.

Depois disso, veio o momento do Salmo 91. O Claudio me perguntou se eu não tinha outro texto e então resolvi mostrar a adaptação do livro Estação Carandiru. Ele leu, mostrou para o Gabriel Vilella, que eu não achei que ele se interessasse por esse tipo de texto mais realista. Mas gostou, o Claudio produziu e, assim, finalmente aconteceu.

Sem entrar no universo infantil

Muitas pessoas me pedem para adaptar livros ou escrever peças para crianças. Mas eu sempre achei, e ainda acho, que pode embolar o meio de campo. É inclusive, para mim, uma questão ética. Como é que eu posso passar para o outro lado, se eu sou crítico de teatro infantil? Acho incompatível. E eu preciso ser crítico. Já virou algo vital para mim. Eu gosto dessa função. Não só das críticas, mas das entrevistas. Eu não resisti em adaptar esse único juvenil, o Depois daquela Viagem, por que já pega uma faixa etária maior. E esse jovem já começa uma vida adulta. Mas eu realmente sempre evitei escrever infantis.

Por outro lado, eu fui ler a história do Clóvis Garcia. Ele não tinha o menor problema em escrever críticas sobre as próprias peças de que participava, como cenógrafo, como figurinista. E ele escrevia nas críticas que não comentaria sobre o cenário, porque ele era o autor. Mas falava das outras coisas. Mas mesmo assim, acho muito delicado, pois sempre tem um certo envolvimento.

No jornalismo, você aprende que não pode se envolver com nada sobre o assunto que você cobre no jornal, porque você acaba ficando com o rabo preso. E essa ética que eu aprendi no jornalismo, eu levei para minha vida de dramaturgo e não quero misturar não.

A evolução do teatro infantil em duas décadas

Comecei a escrever críticas nos anos 90 e vejo que muita coisa melhorou no teatro infantil. Eu tenho uma visão otimista. Nos anos 90 havia muitas produções completamente despreparadas, não era nem pra cobrar ingresso. Porque era para criança, porque era infantil, as pessoas não tinham o menor escrúpulo de fazer de qualquer jeito. Era quase uma extensão dos animadores da festinha de aniversário. Eles achavam que podiam levar aquela brincadeira para o palco e cobrar ingresso.

Também os contos de fada, como Chapeuzinho, A Bela Adormecida, Cinderela, eram cópias dos filmes da Disney. Os mesmos diálogos, a mesma trilha, figurino. Isso tinha demais, quando eu comecei. Aquela ilusão que o teatro tinha que ser interativo, fazer a criança participar o tempo inteiro. O engraçado é que no começo, eu até achava que isso não era um problema, pois eu também estava começando nessa área. Só depois de ver muito, é que eu me dei conta, o quanto isso era comum, e prejudicial ao espetáculo.

Por sinal, eu acabei fazendo uma reportagem sobre isso e escrevi uma lista sobre os dez pecados do teatro infantil. É impressionante, como lista dá Ibope e vários diretores começaram a trabalhar essa lista, com seus atores. E não foi nada demais. De tanto ver, eu acabei listando os principais erros que ocorriam no palco. Por exemplo, o fato de colocar um nariz vermelho e achar que é um clown, sem entender um mínimo de conceito de palhaçaria. A obsessão pela lição de moral. Não é porque é para crianças, tem que terminar com conselhos didáticos. O lobo mau que acaba ficando bonzinho. Tudo tem que ter euforia, tem que ter música alegre o tempo inteiro, criança não pode sofrer, e assim por diante.

Outro fator que contribui nessa evolução, é que começaram a surgir mecanismos, como por exemplo o SESC, que aumentou em muitas unidades e precisava ocupar sua programação com espetáculos para crianças, e começou a absorver as boas produções.

Depois vieram os editais, o Fomento Municipal, e os grupos começaram a se manter e seguir uma carreira, pois é fundamental a continuidade de trabalho, para que se possa errar e depois acertar e virar algo realmente profissional.

Hoje tem grupos e atores que só vivem de teatro para crianças. E isso não é um trampolim para o teatro adulto. São pessoas que pesquisam e se dedicam a esse trabalho. Foi realmente uma conscientização que resultou nessa melhoria.

Também acho que a imprensa ajudou muito. Que apontar os erros, indicar os caminhos errados, ou melhor equívocos, pois é melhor do que chamar de erro, contribuíram nessa melhoria. Isso foi criando uma estrutura, em que os oportunistas, aqueles que só queriam ganhar dinheiro, foram ficando para trás.

Afinal, qual é o pai, que não quer levar seu filho para ver Branca de Neve, Três Porquinhos e outros? São histórias incríveis, não é à toa que estão aí há séculos. Não podem morrer, têm que continuar no imaginário de todo mundo, mas não pode ser feito de qualquer maneira, e os grupos oportunistas fazem isso só para ganhar dinheiro e o pior é que ganham.

Mas acho que, agora, já surgem grupos, que fazem boas adaptações. Por exemplo, Le Plat de Jour, que só trabalha com esses contos tradicionais e de uma maneira totalmente inovadora e criativa. Inusitado, sem ranço, sem lição de moral. De uma maneira repaginada.

É claro que, para os pais, a novidade nem sempre corresponde. Cansei de ver pais levantarem da plateia, porque no espetáculo tinha alguma morte, protestando que não levaram os filhos ao teatro para sofrer.

O Vladimir Capella foi um autor maravilhoso e inovador, por causa disso. Em uma de suas montagens, ele começava com um velório da mãe da princesa, sem o menor problema de ser uma peça par crianças. E foi um sucesso.

E eu tenho o maior orgulho de ter participado disso, desse caminho, dessa evolução. É claro que ainda não é maravilhoso, falta muito para chegarmos aos 100%. Tem muita coisa ruim pelo Brasil afora, e mesmo em São Paulo e no Rio, que são cidades aonde essa evolução é mais marcante.

E não é apenas uma questão, de grupos pequenos, por vezes grandes produções, com muito dinheiro, também fazem coisas desastrosas.

A crítica das críticas

Acho que é muito mais difícil escrever uma crítica quando você não gosta, do que quando você gosta. Porque você mexe com o sonho daqueles artistas, pois a gente sabe que às vezes é muito difícil montar um espetáculo, às vezes, apesar do resultado não ser bom, se vê a intenção. Mas ao mesmo tempo é necessário alertar as pessoas do que estão fazendo. Às vezes, eu sofro muito, para colocar uma crítica no papel.

É muito engraçado o que acontece quando as pessoas leem uma crítica. Houve momentos que as pessoas me adoravam, quando a crítica da peça delas era boa. E me odiavam como crítico, quando eu não gostava da peça delas. Só sou bom crítico se falo bem da peça? Mas acho um caminho natural. Assim, eu sou o melhor crítico, quando escrevo bem da peça deles e quando, a crítica é ruim, acham que eu não sei de nada, porque nunca estudei teatro. Afinal ninguém gosta que falem mal de seu filho, pois o espetáculo é como um filho.

Tive muito esse tipo de retorno. Participando de debates, era engraçado, pois uns me defendiam e outros me atacavam como crítico.

E isso, você pode constatar nas críticas que coloco no Facebook, reproduzidas da Revista Crescer. Quando eu falo bem, o número de curtidas e compartilhamentos é enorme. Quando falo mal, ninguém dá uma curtida. Eu fiquei intrigado e fui conversar com algumas pessoas e aí me explicaram que não se curtia, pois quem curte parece estar concordando com a coisa escrita, e como as pessoas se conhecem, são amigos do criticado, não querem mostrar seu apoio à crítica que não foi positiva.

Resumindo, ninguém gosta de apoiar o crítico, quando este não gosta de um espetáculo.

Editando livros

Mas com as boas críticas, eu lancei duas coletâneas de críticas: “Pecinha é a Vovozinha” (ed. DBA, 2003), em que eu ampliei os dez pecados feitos no palco, e outra mais recente “Já somos Grandes” (ed. Giostri, 2014), justamente com a ideia de que já avançamos na área do teatro infantil. Mas em ambos os livros só coloquei críticas de peças de que gostei, porque achei desnecessário deixar em livro críticas negativas de algum grupo.

Criando um Site

Depois que saí do Estadão e comecei a escrever para o Site da Revista Crescer, a demanda aumentou muito. As pessoas pediam para fazer matérias de estreia, e eu não tinha aonde publicar, porque, na Crescer, só faço críticas. Também foi um período, em que eu me envolvi muito com produções de teatro adulto, escrevendo peças. Acabei só mantendo a crítica semanal para o site da Crescer.

De 2015 para cá, teve uma entressafra na minha produção de dramaturgo e já que eu percebia essa demanda e eu mesmo sentia falta de escrever mais, resolvi montar um site. Chamei um designer para criar, contratamos um programador, começamos a estudar quais as seções que deviam ter. Eu não queria que fosse um blog. Queria que fosse um portal de notícias, um site jornalístico. Comecei a reunir material até que resolvemos marcar uma data e colocar no ar. E como eu queria que tivesse visibilidade, paguei anúncios no primeiro mês, em jornais impressos aqui de São Paulo, como Folha e Estadão. É um investimento, sem patrocínio, porque, entre ir atrás de buscar anúncios e patrocínios e sentar e escrever uma nova matéria, prefiro a segunda opção. Mesmo porque eu não tenho nem talento nem vocação para ir atrás de patrocínio ou anunciantes.

E, agora, fico no aguardo das futuras possibilidades. O site já tem mais de 3 mil acessos mensais espontâneos. Sei que isso ainda é engatinhar, mas considero um começo promissor. A ideia do site, que não hesitei em batizar de Pecinha é a Vovozinha! (www.pecinhaeavovozinha.com.br), é estar sempre ao lado de quem faz teatro para crianças e jovens, contribuindo para difundir ideias e ampliar espaços. Conto com o apoio de todos!
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Depoimento dado à Antonio Carlos Bernardes,  em São Paulo, em 05 de agosto de 2016.

Você pode encontrar todas as críticas de nosso entrevistado, postadas no Site da Revista Crescer, em nosso site no link:
 https://cbtij.org.br/categoria/criticas/dib-carneiro-neto/

E todas as matérias, reportagens e entrevistas publicadas no Site da Revista Crescer podem ser encontradas no link:
https://cbtij.org.br/categoria/fomos-noticia/materias-e-reportagens-de-dib-carneiro-neto/ 

Desde 2015, o site Pecinha é a Vovozinha traz muita informação sobre o teatro para crianças e jovens, incluindo fotos, depoimentos e críticas.