20 de março é o Dia Mundial do Teatro para Infância e Juventude. Instituído pela ASSITEJ – Associação Internacional de Teatro para a Infância e Juventude, o dia é comemorado em mais de 75 países onde a ASSITEJ tem atividades. No Brasil, a data já faz parte do calendário oficial do estado do Rio de Janeiro desde 2001, a partir de uma iniciativa do CBTIJ – Centro Brasileiro de Teatro para Infância e Juventude.
Representante brasileiro da ASSITEJ, o CBTIJ, em parceria com o SESC Rio, organizou um grande evento para comemorar a quinta edição do Dia Mundial do Teatro para Infância e Juventude, no dia 21 de março.
O grande homenagem da noite foi para Pedro Dominguez. É deste grande artista plástico e bonequeiro, falecido em 2004, uma ilustração do cartaz deste ano em comemoração ao Dia Mundial do Teatro para a Infância e Juventude.
Este ano, o CBTIJ contemplou com o “Troféu Destaque CBTIJ” os associados que mais se evidenciaram no ano de 2004, assim como os serviços desenvolvidos que beneficiaram o Teatro para a Infância e Juventude. Com esta homenagem, o CBTIJ pretende valorizar projetos que visem ao desenvolvimento do teatro infanto-juvenil e também incentivas iniciativas artísticas e sociais.
O Auditório Arte Sesc, no Flamengo, foi o local escolhido para a comemoração. As fotos são de Paulo Rodrigues.
Veja como foi a festa:
Os profissionais, associados do CBTIJ, que se destacaram em 2004 foram:
Diretora: Cacá Mourthé
Pela realização dos espetáculos de sucesso Passo a Passo no Paço – Uma História do Brasil, O Alfaiate do Rei. A diretora vem desenvolvendo um trabalho voltado para a educação e a construção da cidadania do público infanto-juvenil. 2004 foi um ano de intensa atividade, embora ainda outros espetáculos, como Contos da Mãe África, com Priscila Camargo, além de seu trabalho pedagógico no Teatro Tablado.
Atriz: Josie Antello
Destaque em 2004 como atriz nos espetáculos A Cigarra e a Formiga e Três Marujos Perdidos no Mar, e pela sua trajetória artística, sempre compromissada com o teatro para crianças
Ator: Leonardo Brício
Destaque em 2004 como ator em O Alfaiate do Rei. A peça é uma adaptação inédita de Maria Clara Machado para o clássico A Roupa Nova do Rei, de Hans Christian Andersen. O ator também está sendo homenageado por sua trajetória artística, sempre comprometida com o Tablado e com o teatro para crianças.
Linguagem Artística: O Centro Teatral e Etc e Tal
Destaque 2004 como linguagem artística, por seu trabalho inovador e criativo através da pesquisa de novas possibilidades narrativas através da mímica e da comicidade.
Projeto Social: ONG Palco Social
Rogério Blat e Ernesto Piccolo, há 12 anos, realizando como Oficinas de Criação de Espetáculo, voltadas para a profissionalização e inclusão social através do teatro.
Este trabalho teve como resultado espetáculos memoráveis como Funk-se, Com o Rio Na Barriga e DNA Brasil. Em 2004, com a criação da ONG Palco Social, eles desenvolverão o espetáculo Diferente Igual a Gente, que, atualmente, está em cartaz no Rio de Janeiro.
Destaque Imprensa: Jornal do Brasil
Escolhido como destaque, pela volta dos espaços para críticos e para publicações científicas, que prevenir a pensar, divulgar e incentivar o teatro brasileiro para crianças e jovens.
Destaque Empresa Patrocinadora: Instituto Telemar
Foi Empresa Patrocinadora que mais se destacou em 2004, por seu incentivo à atividade teatral voltada para a infância e juventude, além de beneficiários projetos sociais.
Empresa Apoiadora: Werner Tecidos
Destaque 2004 como Empresa Apoiadora do teatro para a infância e juventude, que sempre incentiva uma atividade teatral, especialmente o teatro para crianças.
Após a entrega dos troféus, Silvia Aderne recebe o primeiro título de Sócio Honorário da CBTIJ. Cláudio Mendes faz uma leitura da Carta de Plínio Marcos em homenagem aos atores e Ludoval Campos a leitura da mensagem escrita por Volker Ludwig, enviada pela ASSITEJ, para ser lida por todos os Centros Internacionais. A festa, realizada no dia 21 de março, também lembrou que esses dados se comemora o Dia Internacional do Títere. Como parte do evento, também foi realizado o lançamento da 5ª Mostra SESC CBTIJ de Teatro para Crianças, que este ano apresenta 23 espetáculos em unidades do SESC Rio de Janeiro, incluindo capital, baixada e interior do estado.
Apresentações da noite:
Mensagem de Volker Ludwig, (*)
Queridos amigos e companheiros de aventuras.
Nós, que trabalhamos com Teatro para a Infância e Juventude, somos conhecidos por sermos como pessoas mais felizes do mundo. Pode haver uma ocupação mais útil, enriquecedora e gratificante do que fazer Teatro de qualidade para crianças? Claro que não.
Mas a felicidade é uma questão discutível. Como podem ser felizes os pais que mal podem dar de comer aos seus filhos?
Há algum tempo, nossas crianças têm sentido os efeitos da globalização. A “infância despreocupada” chega ao fim cada vez mais cedo, inclusive nos países ricos.
Os sonhos do futuro se transformam em pesadelos, o bolo desanda logo no início da Infância e o medo do desemprego já pode ser sentido na escola primária.
Os governos têm implementado cortes orçamentários, pois o dinheiro disponível se encontra nas contas bancárias das multinacionais.
Na hora de salvar, os socialmente desfavorecidos, estão sempre em primeiro lugar na lista, seguida imediatamente pela cultura, o que significa que o Teatro para Crianças é duplamente afetado.
Mas não importa se um teatro estável tem seus subsídios reduzidos, ou se uma companhia de teatro alternativo perde sua sala de ensaios: o que é realmente surpreendente é uma inacreditável estupidez das pessoas que acreditam que, cortando o orçamento do teatro para crianças, estão economizando. Porque crianças desamparadas socialmente se transformam em alcoólatras, marginais, traficantes, terminam na cadeia, e custam ao Estado cem vezes mais. Por outro lado, crianças familiarizadas com um teatro que aborda a própria realidade, seu cotidiano, suas esperanças, medos e sonhos, um teatro que mostra que elas não estão sozinhas, que como convida a celebrar, rir e chorar; que confia nelas e estimula a sua imaginação … crianças essas dificilmente se perderão no futuro.
O Teatro não salvar pode o mundo. Mas pode preencher os corações, os sentidos e a cabeça de nossas crianças e adolescentes, com a certeza de que o mundo pode mudar.
E isso é alguma coisa pela qual vale a pena lutar. E é por isso que lutamos.
(*) Volker Ludwig
Dramaturgo e diretor artístico do teatro GRIPS, Berlim, Alemanha.