Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 25.07.2014
Ótima peça infantil sobre a arte de desenhar e grafitar
Denise Desenha nas Paredes prega a liberdade da arte, ao dar aula de criatividade artística para crianças sem cair nas armadilhas dos ranços didáticos
Lembro muito – nem faz tanto tempo – quando eu reclamava nas minhas críticas do quanto era mal utilizado, precário e sem criatividade o uso de imagens projetadas em telão nas peças para crianças. Felizmente, os grupos foram se especializando cada vez mais e agora temos vários exemplos de boa integração entre dramaturgia e videoarte. O mais recente exemplo é Denise Desenha nas Paredes, em cartaz só até este domingo no Sesc Pinheiros, em duas sessões. (Em outubro, a peça vai voltar, no Sesc Santo Amaro).
O visual, os traços, as cores, as animações, os desenhos – tudo isso tinha mesmo de estar (e está!) bem resolvido no palco, pois o enredo fala justamente disso. É uma homenagem do grupo A Digna Companhia ao ‘street artist’ britânico Banksy, cuja arte de rua feita na técnica de reprodução em estêncil e grafite pode ser admirada principalmente nas cidades de Bristol e Londres. A menina com o guarda-chuva ou soltando um balão vermelho em forma de coração ou a empregada varrendo a sujeira por baixo do tapete e por trás do muro são algumas das imagens mais difundidas de Banksy – e todas elas estão no espetáculo, muito bem aproveitadas e integradas ao enredo.
O espetáculo é obrigatório para escolas. Não deixem de levar seus alunos, professores. É ótimo como iniciação à educação artística e, de quebra, conta uma história delicada e sensível de uma menina que não quer apenas reproduzir cenas e objetos realisticamente no papel, mas quer transpor suas emoções para o desenho. Ela diz na peça e no texto do programa: “De que adianta fazer desenhos se é para imitar o que já existe. Desenho é outra coisa. Desenho é pra provar que o que existe aqui dentro da gente também é de verdade.” Isso resume as intenções louváveis e muito bem cumpridas do grupo, com dinâmica direção de Vinicius Torres Machado e certeira dramaturgia de Victor Nóvoa, sem ranços de didatismo chato. As animações são assinadas por Gustavo Torres Machado, com base em ilustrações de Eliseu Weide. No elenco, Ana Vitória Bella, Eduardo Mossri e Helena Cardoso fazem vários personagens (a menina, a amiga, a mãe, a professora, o diretor, o grafiteiro misterioso) e nos encantam com muita versatilidade e talento, até mesmo nos números interativos de plateia, realizados sem grosseria e na medida certa de tempo. Imperdível.
Serviço
SESC Pinheiros – Auditório no 3º andar
Rua Paes Leme, 195
Tel.: 11 3095.9400
Domingo (dia 27), às 15h e às 17h
Ingressos: R$ 10,00 (inteira), R$ 5,00 (meia entrada para usuário inscrito no Sesc e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 2,00 (comerciários e trabalhadores em empresas do comércio de bens, serviços e turismo)
A partir de outubro, no SESC Santo Amaro