Critica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 27.02.2015

Barra

Nasce a promissora Cia. Tranquila

Jovens atores começam a carreira com o pé direito ao encenar Contos de Cinco Cantos

Cinco jovens atores, recém formados ou ainda cursando a Escola Célia Helena, decidiram se juntar e sair a campo, pesquisando temas para uma peça infantil. George Gottheiner, Juliana Tedeschi, Letícia Rodrigues, Rafaela Perticarrari e Rodrigo Horta visitaram cinco lugares diferentes – um orfanato, um hospital infantil, duas escolas primárias (de estilos e custos bem diferentes) e uma tribo indígena. Em cada um desses lugares, o quinteto procurou conversar  e brincar com crianças, estimulando-as a contar as histórias infantis de que mais gostam. Dessa linda pesquisa, nasceu a Cia. Tranquila e o espetáculo Contos de Cinco Cantos, que encerra temporada neste fim de semana no Centro Cultural São Paulo.

Com o nome anterior de Caderno de Fantasia, esse espetáculo tinha feito uma primeira temporada no fim do ano passado, no Sesc Campo Limpo. O texto foi escrito pelos atores, que, ao final, pediram ajuda para a dramaturga Simoni Boer, que deu os arremates necessários, deixando tudo mais fluente e mais potente. É um trabalho sério, delicado e dedicado. Os cinco jovens em cena são igualmente expressivos, carismáticos e bastante disponíveis para o jogo teatral proposto pela diretora convidada, Bete Dorgam.

Tudo se passa em um quarto, onde os cinco estão tentando dormir. Como não conseguem, começam a contar, a cantar e a representar os cinco contos.  Panos, módulos e objetos triviais ganham vida e força, resultando em explosões de muita criatividade. Chega a ser tocante ver o elenco desabrochando e tão empolgado, tirando graça e encantamento de uma produção modesta, porém rica em detalhes. Nem sempre eles conseguem manter a agilidade no palco, às vezes deixam o ritmo ralentar um pouco, mas não chega a ser grave – e isso deve variar de sessão a sessão, afinal é assim que se faz teatro.

A música ao vivo foi uma decisão acertada. A trilha ajuda nos climas, nas narrativas, na fruição dos contos. Os músicos Chico Muniz, Fernando Stelzer, Lucas Paiva e Rafael Senatore ajudam a pontuar as histórias, como a do rei que muda de humor ao tirar e pôr sua coroa, ou a do dragão de três cabeças, ou a da coruja gigante que come gente.  Os ‘truques’ cênicos inventados para caracterizar esses bichos são estimulantes à imaginação de qualquer um de nós, não importa a idade da plateia. Vale a pena. Após a peça, as crianças são convidadas a seguir com o elenco para uma sala de ensaio, onde participam de novas contações de histórias e de atividades como desenho, pintura e escrita, seguindo os exercícios propostos pelo italiano Gianni Rodari (1920-1980). Vida longa para a Cia. Tranquila, que começou com o pé direito, as escolhas certas, uma louvável reverência à literatura oral e uma empolgante disponibilidade ao novo. Vamos apostar neles?

Serviço

CCSP (Centro Cultural São Paulo) – Sala Jardel Filho (321 lugares)
Rua Vergueiro 1.000 –   Paraíso, São Paulo
Tel: 3397 4002
Sábados e Domingos, às 16h
Ingressos: R$10,00 (inteira)
Só até domingo