Cena do espetáculo Classificados

Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 04.04.2014

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Fora do picadeiro, bichos brincam de virar gente

Assim é a divertida peça Classificados, com a cia. La Mínima mais uma vez homenageando os circos de antigamente

Seu filho sabe que existe uma lei no Brasil proibindo os animais de trabalharem no circo? E que, desde muito antigamente, os bichos costumavam ser maltratados pelos donos dos picadeiros, até aprenderem a fazer direitinho as brincadeiras na frente do público? E que eles até apanhavam? Então, os donos das leis determinaram que nunca mais nenhuma espécie de gente (nem se fosse homem-bala, mulher barbada ou domador de feras) poderia voltar a montar um circo com a participação de elefantes, ursos, cavalos, macacos, leões, tigres, girafas, nem mesmo borboletas! Nunca mais – por causa da lei de proteção aos animais. Isso quer dizer que, felizmente, a sociedade dos homens resolveu proteger os bichos maltratados. Isso quer dizer, também, que agora os circos multiplicaram por dez a sua criatividade, para substituir a presença dos seus antigos astros principais do reino animal.

Partindo desse mote é que tem início o delicioso espetáculo ‘Classificados’, em cartaz no SESC Pompeia, com a cia. La Mínima. A segura direção de Domingos Montagner presta uma linda homenagem à bufonaria de circo, com números clássicos de palhaço, as trapalhadas, os erros, os exageros, as farsas e as graças. Os dois atores protagonistas estão muito bem como os bichos desempregados que têm de se disfarçar de humanos para conseguirem novos empregos. Fernando Sampaio é um urso medroso e Marcelo Castro é um leão mandão. Mas quem se destaca mais no elenco, em minha opinião, é o coadjuvante Fernando Paz, desdobrando-se com muito talento em inúmeros papeis, como a portuguesa, o rato, o macaco, a dona da mercearia, o praticante de jogging, o narrador da história e tantos mais.

Assinando a dramaturgia, temos o premiado Paulo Rogério Lopes, que, desta vez, optou por uma estrutura bem tradicional de texto para crianças, ou seja, aquele tipo de peça infantil em que não faltam o número de plateia (o leão sonâmbulo vai em direção ao público), o número de interatividade (“Onde ele foi? Pra lá ou pra cá?) e os números musicais (com ótima canção adaptada de Luiz Gonzaga: “Que diferença do animal o homem tem?”). Dessa forma, tudo transcorre de um jeito seguro e eficiente, sem grandes invencionices dramatúrgicas.

Outro premiado da ficha técnica é Kleber Montanheiro, que mais uma vez fica responsável por cenário e figurino. O destaque maior, aqui, é do figurino, acertadíssimo, com homogeneidade de cores e criativo uso de acessórios para marcar a caracterização de tantos personagens. A melhor roupa é a do leão, de uma elegância impecável.

Serviço

SESC Pompeia
Rua Clelia, 93
Tel. 11 3871-7700 / 11 3871-7700
Sábados e domingos, ao meio-dia
Ingressos a R$ 8 (inteira)
Até 1.º de maio