Crítica publicada no Jornal da Tarde
Por Alberto Guzik –  Ago.1995

Circus para Crianças e Adultos

Com Circus, o grupo Cidade Muda não voltou apenas às origens. Foi além delas. Em seu novo espetáculo, atualmente em cartaz nas tardes de sábado e domingo, no Centro Cultural São Paulo, o grupo de teatro de bonecos que sempre criou obras para adultos, dirige-se pela primeira vez às crianças. E consegue manter o mesmo grau de qualidade e inventiva de Crack e outras montagens memoráveis da companhia de bonequeiros.

Circus, além disso, não se restringe ao público infantil. O roteiro inteligente e bem alinhavado de Eduardo Amos foi construído de forma a envolver também os adultos. As crianças vão ficar fascinadas pela magia dos bonecos, manipulados com destreza e talento por Cláudio Saltini e Marco Antonio Lima. Não há como manter distância dos ovos equilibristas, das avestruzes famélicas, do elefante irreverente, da irresistível mosca rumbeira, do atrapalhado homem-bala, do famélico faquir.

Para os adultos, além do encanto dos bonecos, há o humor sutil e elaborado de Amos, interpretado com precisão por Lima e Saltini. Pois no circo de Circus nada dá certo. As avestruzes não conseguem caçar a minhoca. O homem-bala fica entalado no canhão, a rumba da mosca é um fiasco, o elefante foge ao controle do domador. Com sua sequência de quadros breves, deliciosos, Circus é tão mágico quanto uma tarde no circo. E não tem mais de 40 minutos. A duração exata da paciência infantil. Mas a montagem, como é boa, deixa os adultos com gosto de “quero mais”.

Cotação: ****