Uma Cinderela que sonha em ser estilista de moda

Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 21.08.2015

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Em cartaz até janeiro de 2016

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Uma Cinderela que sonha em ser estilista de moda

Le Plat du Jour acerta em cheio ao partir do fascínio de um vestido de baile para atualizar o conto clássico, trazendo-o ao universo das fashion weeks

Se há séculos a história da sofrida Gata Borralheira encanta gerações por causa, sobretudo, da cena do lindo vestido de baile proporcionado à protagonista por sua Fada Madrinha, por que, então, não pensar em uma adaptação dessa história toda voltada para o mundo da moda? É o que faz, em Cinderela Lá Lá Lá, a tarimbada Cia. Le Plat du Jour, de Alexandra Golik e Carla Candiotto, grupo conhecido por recontar clássicos universais de forma tão criativa quanto hilariante. Mergulhar no universo da moda é o grande acerto da montagem, que ganhou, assim, uma incrível atualidade e um frescor dramatúrgico de causar espécie.

Sonhando acordada com croquis e fashion weeks, a Cinderela da Le Plat du Jour quer virar uma estilista de moda. Sua madrasta é fissurada em shopping centers. As irmãs invejosas só pensam em atuar em musicais da Brodway. O baile do príncipe tem tapete vermelho para a chegada de celebridades, como Yoko Ono, Olivia Newton-John, Ana Carolina, Shakira, Gal Costa, Maria Bethânia e até Mãe Menininha. Os amiguinhos ajudantes de Cinderela não são os bichinhos da floresta, mas dedais, tesouras e agulhas de ateliês de costura. Tudo é coerente, divertido e inovador. O próprio príncipe também não é o estereótipo do bom mocinho belo e perfeito, mas um tipo meio dark meio ‘emo’ e com o detalhe de ter ‘língua presa’, o que o humaniza.

Em cena, dirigidas com segurança por Alexandra e Carla, estão Helena Cerello, Bebel Ribeiro e Paula Flaiban, revezando-se e alternando-se nos mesmos papéis – marca registrada das direções da Le Plat du Jour. As três já são veteranas na companhia e conseguem uma química perfeita entre elas. Trocam de figurino muitas e muitas vezes, com uma agilidade que fisga a atenção do público mirim. E cantam e dançam muito bem, com coreografias criadas por elas próprias durante os ensaios. Aliás, as canções são atração fundamental de uma peça que, justamente por valorizar tanto a música, acabou ganhando o título de Cinderela Lá Lá Lá.

As paródias são muito engraçadas e funcionam bem também entre os adultos, como ‘Arrebita’, clássico português, conhecido na voz de Roberto Leal.A trilha sonora foi criada pelo próprio grupo, com as parcerias de Gus Bernard e Marco Boaventura. A luz de Wagner Freire é vistosa e completa o clima de glamour do mundo da moda. Cenários e figurinos, como não poderiam deixar de ser, também deitam e rolam com as referências à moda, aos desfiles, às araras das lojas de grife. Mais um golaço do craque Marco Lima.

Serviço
CCBB- SP. Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro, São Paulo
Telefone: 3113-3651
Temporada: Somente aos sábados, às 11h
No dia 12 de outubro haverá sessão extra às 12h30
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Em cartaz até janeiro de 2016