Cinco Semanas em um Balão, da Cia. Sabre de Luz. Foto: Marcos Dornelles

Crítica publica no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 14.02.2014

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São Paulo: Duas boas promessas que não se cumprem

Faltam direções de pulso aos infantis Cinco Semanas em um Balão e Júlia e o Monstro do Lago Ness

Sabe quando um espetáculo tem tudo para ser ótimo, e aí você vai ver e sai achando que faltou alguma coisa? Claro que sabe. Isso se dá com todo mundo. Comigo aconteceu no fim de semana passado, quando fui conferir, em São Paulo, duas peças infantis em cujo potencial eu acreditava muito: Cinco Semanas em um Balão, com a Cia. Sabre de Luz, no Teatro Sérgio Cardoso, e Júlia e o Monstro do Lago Ness, com a Cia. Ruído Rosa, no SESC Vila Mariana.

Em ambas, a falta de ritmo é a principal questão. Não há uma mão firme da direção, que não consegue – nos dois casos –orquestrar as cenas com precisão nem fazer o enredo fluir com leveza e agilidade. De uma cena para outra, muitas vezes, tudo fica parado, em Cinco Semanas (direção geral de Joyce Salomão), como se faltasse uma liga entre elas. E a única cena de plateia (o casal de atores coadjuvantes desce até o público) é desnecessária, pobre, muito batida, sem novidade nenhuma.

No caso de Júlia e o Monstro (direção de Vitor Freire) chega a ser incrível como uma peça de duração tão curta (45 minutos) consegue cansar a plateia. O ‘entra e sai’ da personagem principal no seu sonho é interessante no início, mas depois vira um recurso repetitivo e gasto. O recurso de desenhar no telão, por um sistema de projeção, é bastante precário, com vários momentos em que falta foco (erro primário) no que está sendo projetado ao vivo. Também atrapalha muito o espetáculo o tom de voz gritado da atriz principal, Anna Carolina Longano. Por que será que ela precisa gritar tanto para dizer suas falas?

Em Cinco Semanas, a atriz principal é bem melhor. Na verdade, é quem salva o espetáculo. Se Joyce Salomão erra a mão na direção, como protagonista ela é o melhor da peça, no papel do criado. Suas falas, suas expressões faciais, seus trejeitos e suas ‘tiradas’ são ótimas. O momento mais divertido é quando ela brinca com as coordenadas de localização do balão. É tudo quase coreografado, de forma bem eficiente. Já o ator Cristiano Salomão, que faz o dono do balão, tem sério problema de dicção e de projeção de voz. Não ouvi o que ele respondeu, por exemplo, quando o criado lhe pergunta: “Podemos agora ir de trem-bala até o Rio de Janeiro?”.

Serviço

Cinco Semanas em um Balão

Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magn
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – São Paulo
Tel. (11) 3288-0136
Sábados às 18h e domingos às 17h
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
Até 9 de março

Júlia e o Monstro do Lago Ness

Auditório Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141, São Paulo
Tel. (11) 5080-3000
Domingos às 15h30
Ingressos; R$ 12,00 e R$ 6,00
Até 16 de março