Bate-papo com Letícia Guimarães, diretora da Cia. do Abração
CBTIJ: Como você chegou ao teatro para a infância e juventude?
Letícia: Quando mais jovem, atuando como atriz do espetáculo O Menino Maluquinho, dirigido por Fátima Ortiz, nos idos de 1987, em Curitiba, descobri um amor, que transformei em vida. Na qual estou viva até hoje.
CBTIJ: Quais são os maiores desafios para se manter uma Companhia, como o Abração, em atividade ao longo dos anos?
Letícia: Manter uma Companhia já é difícil, manter repertório (hoje com 20 espetáculos para crianças), mais ainda…E mais, manter o espírito e a prática de grupo de teatro, que sobrevive apenas e tão somente das atividades do grupo. Os desafios vão desde o financeiro, administrativo, técnico, de formação até os afetivos. Projetos de vida, a longo prazo, são difíceis de manter. Então, é quase que inevitável estar sempre apostando na formação de novos e jovens elencos.
CBTIJ: Como você vê o cenário atual da produção teatral para crianças e jovens no Brasil?
Letícia: Tem muita gente boa fazendo teatro para infância e juventude no Brasil…e como tem…O problema é que este Brasil é muito grande e os espaços de encontros efetivos estão escassos. Temos alguns festivais, mas em sua maioria, suas estruturas não permitem uma troca efetiva entre os artistas. Também há um problema de nosso segmento estar muito ligado a um mercado que seleciona o produto por títulos comerciais. A ideia do novo assusta o nosso público consumidor. E o teatro mais autoral e de linguagem não encontra muito espaço de circulação.
CBTIJ: Quais são seus espetáculos atualmente em repertório?
Letícia:
- Sonho de uma Noite de Verão (2002);
- Um Mundo Debaixo do Meu Chapéu (2004)
- O Trenzinho do Caipira ( 2005),
- Estórias Brincantes de Muitas Mainhas (2006),
- Estórias Brincantes de Muitos Paizinhos (2008),
- Sobrevoar (2010)
- A Bela e a Fera (2014)
- O Mágico de Oss (2014)
- Kartas de uma Boneka Viajante (2015)
- Alice (2017)
- Pinóquio (2018)
- Peter Pan
- O Menino que Amarrava Tudo (2019)
CBTIJ: Como a Cia. do Abração os mantém atualizados?
Letícia: Há uma filosofia que amarra e sustenta todo o trabalho. As perguntas são reinseridas a cada re-ensaio. “Por que fazer esta peça ainda? ” ”O que estamos defendendo? ” Nossos sonhos ainda perduram?
Por outro lado, o trabalho constante de preparação técnica do elenco, com treinamento diário, atualiza os corpos para seus ofícios.
CBTIJ: Quais são as perspectivas para a Companhia nos próximos anos?
Letícia: Temos uma perspectiva dicotômica. Por um lado, vivemos a máxima: “só por hoje” (que bom que conseguimos sobreviver mais um dia!…pagamos as contas…honramos nossos compromissos…) E, por outro lado, mas, simultaneamente, continuar sonhando…Se não temos projetos concretos, viabilizados com aporte financeiro, inventamos temporadas, inventamos eventos…
Temos uma prospecção para 2020 de colocar na roda de repertório mais alguns títulos que nestes últimos anos estavam guardados: Clarice Matou os Peixes (2011), O dorminhoco (2012), Estórias Brincantes de Muitos Amigos (2015) e Os Três Mosqueteiros (2017).
Em 2020, faremos a nossa primeira MOSTRA ATINJ de Teatro. Será promovida pela Associação que fundamos: Associação de Teatro Para Infância e Juventude do Paraná. Esta mostra já está programada para acontecer, também, em 2021.
Faremos, também, em 2020, a XI Edição do nosso festival PEQUENO Grande Encontro de Teatro para Crianças de Todas as Idades.
Em nossa organização, fazemos um planejamento físico financeiro de 1 ano. Portanto, para o próximo ano, temos garantida a permanência em nossa sede.
Estas são as projeções mais concretas. Demais, são as ilusões e desejos que perduram.