Cena de Chiquinha Gonzaga, a Menina Faceira, do grupo Cia das Cores

Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 13.05.2015

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Música de Chiquinha Gonzaga encanta crianças de todas as idades

Cia. das Cores está de volta com lindo espetáculo de bonecos em homenagem à grande compositora brasileira

Grata surpresa foi, para mim, assistir ao espetáculo de bonecos Chiquinha Gonzaga, a Menina Faceira, do grupo Cia das Cores, em cartaz no Centro Cultural São Paulo. Não via nada desta companhia desde Cocos e Mitos (2000).  Com dramaturgia de Tom Dupin e direção de Edson Gon, Chiquinha é encantador. Muito bem escrito, narrado, dirigido, interpretado. Um exemplo de delicadeza.

Os bonecos são extremamente graciosos e expressivos, como as três Chicas, a menina, a velha e a moça. O grupo utiliza principalmente a técnica de manipulação que eles chamam de phantom – as mãos e o rosto são do ator, o corpo é do boneco. Os atores e manipuladores Alaissa Rodrigues, Evandro Cavalcante e Artur Reis dominam o palco com muita segurança e talento. Há também os bonecos construídos a partir de baquetas.

A história da compositora brasileira, primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, é contada de forma poética e fragmentada, sem a preocupação em ser biográfica em excesso. Ponto para o grupo. Os personagens são três vendedores de rua, típicos do período em que Chiquinha viveu, na primeira metade do século 20: o aguadeiro, a lamparineira e o quitandeiro. O trio entra em cena cada qual com seu carrinho ambulante, que o grupo batizou de ‘carrinhos percussivos’, pois a superfície de cada um deles é feita por um instrumento de percussão diferente: o xilofone, o metalofone e o surdo. É muito rico para as crianças da plateia mergulhar nesse universo musical de forma tão brincalhona e criativa.

A música, tão importante na história e na vida de Chiquinha Gonzaga, também aparece no espetáculo pelas mãos de um pianista ao vivo. Trata-se da caracterização de um ‘pianeiro’ da época da compositora. O músico em cena é Gustavo Budemberg, que também assina a direção musical e a preparação vocal do espetáculo. A trilha sonora é composta por 14 canções de Chiquinha Gonzaga, como: ‘A Menina Faceira’, ‘Atraente’, ‘Lua Branca’,  ‘Abre Alas’ e ‘Corta Jaca’. Gosto muito da cena em que Chica menina brinca com a Lua e as notas musicais e também do fragmento encenado da peça ‘Forrobodó’.

O Centro Cultural São Paulo, comemorando os 80 anos de sua Discoteca Oneyda Alvarenga, complementa a programação com recitais gratuitos no foyer, com o repertório de Chiquinha executado pelo Trio Chiquê, formando por Teo Garfunkel (pandeiro), Helyana Manso (piano) e Tiago Martins (flauta). Os próximos serão nos dias 16, 17, 30 e 31 de maio, sempre uma hora antes de começar a linda peça da Cia das Cores. Bela iniciativa!

Forrobodó da Chiquinha. Neste sábado, você pode até fazer programa duplo sobre Chiquinha Gonzaga, pois ela também será a homenageada do espetáculo da Série Aprendiz de Maestro, na Sala São Paulo, com texto e direção de Paulo Rogério Lopes. O espetáculo tem regência do maestro João Maurício Galindo e conta com a participação dos atores Daniel Warren, Joaz Campos e Rita Gutt, além da cantora Sheila Minatti. O grupo As Choronas se junta à Orquestra Sinfonieta TUCCA Fortíssima para interpretar os grandes sucessos da compositora. No sábado (9), às 11 horas.

Serviços

Chiquinha Gonzaga, a Menina Faceira

Centro Cultural São Paulo. Sala Jardel Filho
Rua Vergueiro, 1.000
Tel. (11) 3397-4002
Sábados e domingos ás 16h
Ingressos a  R$ 15,00 (inteira)
Até 17 de maio, com nova temporada entre 30 de Maio a 14 de junho.

Série Aprendiz de Maestro – O Forrobodó da Chiquinha

Sala São Paulo. Praça Júlio Prestes, 16
Tel. (11) 3367-9500
Sábado, dia 9 de maio, às 11 h
Preços: Setor III – R$ 65,00 / Setor II – R$ 70,00/ Setor I – R$ 75,00