Critica publicada no Jornal do Brasil
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or Marcos Ribas de Faria – Rio de Janeiro – 31.10.1985

Barra

Simpático e comunicativo

Com seus casais trocados, abres-e-fechas portas, equívocos de identidade descritos em vertiginoso ritmo, A Casa de Orates, dos irmãos Azevedo (Aluísio e Arthur) pertence ao delicioso gênero do vaudeville, onde a fonte de Feydeau e Labiche é evidente mesmo que a perfeição dos quiprocós não chegue perto dos dois mestres franceses. E com essa comédia muito divertida, que brinca e critica alguns dados de nossa sociedade que resistem até hoje (o culto ao físico, como marca de masculinidade, o problema das instituições hospitalares e da sanidade mental), o Grupo TAPA encerra, de modo bem simpático, o seu Festival de Teatro Brasileiro deste ano.

O espetáculo assinado por Eduardo Tolentino de Araújo, ainda que acelere demais o ritmo, prejudicando às vezes a movimentação dos atores e a perfeita clareza de suas falas, consegue ser extremamente comunicativo e leve, não deixando, porém, de lado um certo tom didático pedido pelo projeto-escola ao qual está inserido. Há alguns bons momentos particularmente felizes, sobretudo os apoiados nas músicas de José Lourenço com letras precisas de Renato Icarahy (brincando com o próprio teatro, inclusive), e na coreografia assinada por Cláudio Gaya. Do elenco irregular, mas trabalhando com inegável prazer, a interpretação de Eduardo Wotzik, como o primo Cazuza, é particularmente interessante, pela sutileza com que compõe seu personagem (no que os outros pecam, partindo para um excesso de caras e bocas) e pela noção de tempo de comédia que ele demonstra. Um ator a ser devidamente acompanhado.