O grupo Costurando Histórias: sensibilidade, competência e talento para envolver a platéia

Crítica publicada no Jornal do Brasil
por Carlos Augusto Nazareth – Rio de Janeiro – 17.09.2006

 

 

Barra

Histórias que as crianças adoram

A trupe Costurando Histórias se insere dentro dos grupos de contadores que não associam linguagens teatrais a seu trabalho, ainda que, evidentemente, a contação tenha um tom teatral. Em Poemas, Cantigas e Parlendas no Tapete, em cartaz no Teatro do Jockey, usa-se o suporte de um tapete construído artesanalmente, do qual vão surgindo elementos e personagens que ilustram o que se diz no palco.

Daniela Fossaluza é a idealizadora deste projeto, que envolve atores, artesãos, pedagogos e músicos. Daniela tem carisma e comanda o contar. É evidente o seu carinho pelo público. A palavra, a melodia da frase, a música conduzem o espetáculo.

Daniela explora os personagens e a trama que há nas cantigas, além de promover brincadeiras, em Escravos de Jó. O trava-língua e as adivinhações também são recursos utilizados. Do absolutamente popular até o conhecido poema de Cecília Meirelles Ou isto ou aquilo, passando por Olavo Bilac, Daniela costura suas narrativas lançando mão da força palavra, movimento, da música e da ação, estimular sua atenta plateia.

Os livros onde estão registradas  algumas histórias são mostrados ao público estabelecendo-se uma ponte entre o narrado e a possibilidade da sua leitura. O espetáculo concebido para meninos bem pequenos, sensibiliza-os sem excitá-los. Sua participação é atenta e eles interagem ativamente na intermitência de sua curta capacidade de concentração.

Sensibilidade é a palavra-chave do grupo Costurando Histórias.  Não só pelo trabalho que desenvolve, mas pela forma com que lida com o público-alvo.

Ali os pequeninos se encantam com os sons, as palmas, os trava-línguas, enquanto os pais se tornam mais crianças que os próprios filhos. Os contadores transbordam sensibilidade, talento e competência.