A “Bruxinha boa” Isabela Mataroli (de chapéu claro) rende pouco na peça

Crítica publicada em O Globo – Rio Show
Por Mànya Millen –  Rio de Janeiro – 30.01.1994

Barra

Fria modernização de um clássico

Um texto conhecido e fácil de ser degustado pelas crianças – que dividem o mundo apenas entre o bem e o mal, como na  peça, ainda sem perceber a existência de nuances – muitos hits  musicais e uma trupe de atores que pulam e fazem caretas o tempo inteiro. A mistura arranca risos da platéia, mas a  encenação de Lupe Gigliotti e da  filha Cininha de Paula para A Bruxinha que Era Boa, de Maria Clara Machado, não chega a acrescentar nenhuma novidade ou charme clássico texto,  incontáveis vezes montado.

A tentativa de Lupe em modernizar a fábula se resumiu às inserções musicais de sucessos como Bad, de Michael Jackson ou o mais novo e já irritante Pagode da Barata, entre outros. Quase todas as músicas – apresentadas em playback, um recurso que facilita a vida do elenco, mas esfria o desempenho no palco – ganharam, novas e debochadas letras e acabam funcionando bem como um complemento do texto.

Para ressaltar o lado poderoso e agressivo das bruxas más, Lupe escalou apenas homens para os papéis (somente uma das cinco bruxas é interpretada por uma mulher). Caricatos e donos de uma potência vocal infinitamente maior do que a da bruxinha Ângela (vivida com pouca intensidade por Isabela Matarolli), a estranha no ninho que não consegue fazer maldades, o quinteto de horrorosos se sobressai pelas diferenças, com destaque para Marcelo Marraket. E os figurinos e cenários de Kalma Murtinho podem não ser brilhantes, mas são engraçados.

Com várias indicações para prêmios garantidas  pelo seu trabalho anterior, A Volta de Chico Mau, Lupe não repetiu em A Bruxinha a magia do primeiro. Mesmo assim, conseguiu agradar os pequeninos, que aplaudem a peça em vários momentos.