Programa

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O Projeto O SESC Rio e o Ministério da Cultura da Alemanha trouxeram para o Rio, o Teatro Popular de Munique e convocaram a parceria do CBTIJ para ajuda-los nessa empreitada.

Esta grande produção teve parte de seus cenários construídos no Rio de Janeiro e levou para o palco do Teatro Ginástico mais de quarenta artistas, entre atores e músicos.

Este evento teve apenas três apresentações nos dias  17, 18 e 19 de Novembro de 2006.

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(Informações do Programa)

Brandner Kaspar e a Vida Eterna

Texto de Kurt Wilhelm, baseado num conto de Franz von Kobell
Direção Christian Stückl – Muncchner Volkstheater

A história de Brandner Kaspar, conto de Franz von Kobell

A história de Brandner Kaspar, conto escrito em dialeto (bávaro) por Franz von Kobell, foi publicada em 1871 na revista Fliegende Blätter, com ilustrações de Pocci. Kobell tinha então 68 anos e era bastante sábio e esclarecido. Para ele a morte não era um anjo negro ou uma assustadora força da natureza. Para um caçador e cientista como ele, que conhecia a vida rural, simples, e que no fundo, também vivia dessa forma, a morte tinha muito pouco de demoníaca e majestosa. Nesse ambiente, a morte era algo natural, não se fazia muito caso dela. Chamavam-na desrespeitosamente de “Boanlkramer“, termo bastante pejorativo para designar uma profissão, já que um “Kramer“ é afinal um comerciante que vende e compra miudezas, bugigangas. E “Boanl“, significa ossos, esqueleto – ou seja, nada que possa ser de muito valor. Kobell faz desse termo uma brincadeira de duplo sentido. Seu “comerciante de ossos“ surge na casa dos camponeses propondo negócios da mesma forma como, comum em áreas rurais, aparecem certos larápios, comerciantes de gado e organizadores de casamento. E é então justamente um bom negócio o que Brandner faz com ele.

Não era necessário ir muito longe para que surgisse a ideia de uma dramatização. No conto de Kobell, a primeira cena com o “comerciante de ossos“ já estava plasticamente pronta. Os personagens são característicos, o rumo da ação já está dado.

A primeira versão para o teatro foi escrita em 1934 pelo autor muniquense Josef Maria Lutz. Ele se manteve fiel o máximo possível ao texto original, deixando, inclusive, que atrás da cena fossem feitas descrições com visões das batalhas e da morte dos rapazes. Pouco depois, o tema transformou-se numa “ópera-cômica campestre“. Eduard Stemplinger escreveu Tegernsee im Himmel e Gottlieb Rüdiger compôs a música para o texto. O enredo foi reduzido ao máximo. O „comerciante de ossos“ chega num pequeno avião barulhento e canta com voz rangente uma copla de apresentação, na qual Stemplinger estranhamente em nenhum momento faz uso do texto de Kobell.

O maior sucesso de público ocorreu, porém, após a Segunda Guerra Mundial, com o filme produzido pela Bavaria Film Der Brandner Kaspar schaut ins Paradies (Brandner Kaspar visita o paraíso) com Carl Wery e Paul Hörbiger nos papéis principais, direção de Josef von Baky. O roteiro escrito por Erna Fentsch-Wery inspirou-se nos textos de Kobell e Lutz. A experiente dramaturga introduziu com maestria ao material épico do conto, ações paralelas e contra-ações, incorporando pela primeira vez todo o entorno de Kaspar Brandner ao enredo, a vizinhança, o mundo ao redor do Tegernsee. A natureza, a floresta, as montanhas e a caça tornam-se parte do enredo. Outra ideia brilhante e decisiva de Erna Fentsch foi a representação do céu dos bávaros, que surge como uma versão celeste da própria Baviera.

O Residenztheater de Munique procurava para a temporada de 1974/1975 um “clássico da Baviera“, dos quais, infelizmente, existem poucos. Dietrich Thoms, o berlinense mais bávaro do “Resi“ (Residenztheater), sugeriu ao diretor geral do teatro, Kurt Meisel, o Brandner Kaspar. Porém, como as versões existentes não eram muito adequadas para o público de hoje, era necessária uma nova dramatização.

Foi assim que recebi a tarefa de, a partir do conto, escrever uma peça de teatro completa. O tema me era familiar desde a infância. Como descendente dos Kobells (o poeta era irmão do meu tataravô), eu já conhecia bastante bem a obra do meu antepassado. Eu segui, porém, um caminho diferente dos meus predecessores e trabalhei não só com o conto, mas também com os poemas, a prosa e todos os escritos de Franz von Kobell a que se tem acesso. Desta forma, em todos os momentos em que isso é possível, Franz von Kobell, o autor clássico da Baviera, nos fala com suas próprias palavras.

Kurt Wilhelm

 

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A história

Brandner Kaspar é um espertalhão. Tão espertalhão que conseguiu enganar até a morte. Quando o “comerciante de ossos“ aparece para buscá-lo, Brandner Kaspar serve-lhe um copo de Kirschgeist (aguardente de cereja) após o outro. Quando a morte, acostumada aos assuntos espirituais, mas não aos espirituosos, não consegue mais diferenciar a direita da esquerda, o velho espertalhão consegue, num jogo de cartas, ganhar dela mais alguns anos de vida.

No céu, porém, descobre-se a fraude. Petrus, o porteiro, ao checar a sua lista, percebe que o tempo de Brandner Kaspar já havia acabado. Por que ainda não foram buscá-lo? A morte, um ser extremamente sincero, encontra-se numa saia justa. O que fazer? Ela não quer de jeito nenhum quebrar a sua palavra! Para convencer Brandner Kaspar que mudanças só trazem coisas boas, ela lhe permite antever as maravilhas do além. “A Baviera no céu“, explica ela, opulência paradisíaca. Feliz da vida, Brandner Kaspar decide permanecer lá encima com os anjos, sobretudo porque assim, já não corre mais o risco de ter que passar uma temporada no purgatório.

 

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A história da história

As raízes da história sobre o intrépido pacto com a morte se estendem muito longe no tempo. Nas origens está uma antiga fábula, transcrita em versos por Ludwig Bechstein (colecionador de contos de fada e lendas alemãs), sobre um cavaleiro que ousa jogar dados com a morte na tentativa de prolongar a própria vida. Com base neste material, o escritor e mineralogista Franz von Kobell (1803-1882) escreveu um conto de poucas páginas, Die G’schicht vom Brandner Kaspar (A história de Brandner Kaspar), no qual em vez de cavaleiro o personagem passa a ser um armeiro no Tegernsee (Baviera). Esse conto, por sua vez, inspirou Kurt Wilhelm, descendente de Franz von Kobell, na sua comédia escrita em meados dos anos 70, Der Brandner Kaspar und das ewig’ Leben (Brandner Kaspar e a vida eterna). Desde a sua estréia em 1975, no Residenztheater de Munique, a peça bávara já teve mais de novecentas apresentações.

 

 

 

 

Elenco

Na Terra:
Kaspar Brandner: Alexander Duda
Marei, sua neta: Katrin von Steinburg
Florian, trabalhador diarista em Albach: Stefan Murr
Simmerl, caçador: Markus Brandl
Alois Senftl, prefeito de Albach: Hans Schuler
Theres, camponesa de Schliersee: Ursula Burkhart
Kai-Uwe von Zieten: Tobias von Dieken
Camponeses, Ajudantes de caça: Jovens Músicos de Riedering

No Além:
Comerciante de ossos (Morte): Maximilian Brückner
O santo porteiro: Peter Mitterrutzner
O quase santo Nantwein: Hans Schuler
Arcanjo Miguel: Hubert Schmid
Traudl: Ursula Burkhart
Hans Joachim von Zieten: Tobias von Dieken
Afra, uma bem-aventurada: Agnes Staber
Diabo: Josef Staber
Anjos: Jovens Músicos de Riedering – Dominikus Brückner, Florian Brückner, Andreas Buntscheck, Andreas Engelmann, Franz Maier, Franz Staber, Martin Weyerer

Ficha Técnica

Münchner Volkstheater (Teatro popular de Munique)

Diretor Christian Stückl
Cenografia: Alu Walter
Figurino: Ingrid Jäger
Dramaturgia: Volker Bürger
Diretor-assistente: Florian Helmbold
Assistente de cenografia e figurinos: Catarina Visconti
Diretor de Palco: Danny Reader
Diretor Musical: Markus Zwink
Músicas: Jovens Músicos de Riedering

Equipe Rio de Janeiro

Cenotécnico: Humberto Antero da Silva
Assistentes de Cenotécnica: Humberto de Oliveira Silva, Adalberto A. Costa de Almeida, Celso Paiva
Carpinteiros: João Carlos Bonifácio, Evandro de Oliveira Melo, Roberto Carlos dos Santos, Renato Bonifácio da Silva, Reginaldo Rocha dos Santos, Mário de Araújo Stanescou, Paulo Roberto Pinto Nogueira, Jorge Afrânio
Tradução da obra: Cláudia Brandão
Legendas: 4 Estações
Tradução para material Gráfico: Carola Saavedra
Tradução para correspondência: Isabel Erdman, Kristina Muller
Projeto Gráfico: Cristhianne Mandalozzo Vassão
Revisão: Priscila Wetzlar
Assessoria de Imprensa: João Pontes, Stella Stephany
Direção de Produção: Antonio Carlos Bernardes, Ludoval Campos

Equipe do Teatro Sesc Ginástico

Bilheteiros: Sandro Couto Figueiredo, Marcos Porto, Daniel Santos da Silva
Técnicos de luz: Adeilson Mendes Moreira, Rita Sérgio Fernandes
Técnicos de som: David Charles Cole, João Alberto Bandeira da Silva
Técnico em manutenção: Wagner Cardoso Mendonça
Contrarregra: Reinaldo Hermenegildo Duarte
Contrarregra: Lucivaldo Dias Ribeiro (Russo)
Coordenadora: Isabel Gomide
Gerente da Unidade: Nelson Guimarães

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