Bloco da Palhoça em Canto de Trabalho

Crítica publicada no Jornal O Fluminense
Por Lena Brasil – Niterói – 15.09.1981

 Barra

Atrás do Bloco da Palhoça só não Vai Quem já Morreu

Se saudade não tem idade, música também não. Assim, o Bloco da Palhoça, grupo dedicado à pesquisa de músicas para crianças, está convidando o público de todas as idades para o seu espetáculo de hoje, às nove da noite, no Teatro Villa-Lobos, dedicado aos atores.

Às vezes, o grande público não entende bem o porquê de um espetáculo para a classe. É que, quando estão representando um trabalho, os atores têm um compromisso diário, no mesmo horário, igual ao dos colegas de profissão que também estão em cartaz. Assim sendo, fica, se não difícil, quase impossível pessoas de um elenco assistirem um outro. Ora, quando a temporada de uma peça é longa, às vezes, o ator ficava afastado do panorama teatral durante todo o tempo em que ele estava em cartaz. E isso não é bom porque todo mundo que faz teatro tem que estar atualizado, além da curiosidade natural de ver os colegas.

Para tentar sanar esses problemas é que foram criadas as famosas sessões para a classe, geralmente apresentadas num horário alternativo, que permita a quem também está em cartaz assistir ao espetáculo.

O Bloco da Palhoça em Canto de Trabalho foi concebido especialmente para crianças, mas é, pela qualidade do grupo e pela beleza do tema proposto, um espetáculo que os adultos curtem muito.

O texto é de Maria de Lourdes Martini, autora e diretora bastante conhecida em Niterói pelo seu trabalho à frente do Grupo Quintal, ambos, Lourdes e Quintal, merecedores de vários prêmios. Foi ela a primeira pessoa a ganhar o Prêmio Molière para o teatro infantil.  Pois o texto de Maria de Lourdes Martini é uma louvação ao trabalho a partir do universo da criança. Desde a criação da casa, a feitura de móveis e utensílios, todo tipo de trabalho é apresentado com ritmo, formas e cor, signos que as crianças dominam facilmente, numa tentativa de mostrar que trabalho não é apenas aborrecimento e sacrifícios. Mostrar também que, quando se trabalha com amor e criatividade, o trabalho é fonte de prazer e alegria.

Os cenários de Victor Larica e Maria de Lourdes, sob supervisão de Sérgio Silveira, usam e abusam de formas e cores, já que o figurino foi concebido inteiramente branco.

Formam o Bloco da Palhoça os atores e músicos Beatriz Bedran, Victor Larica, Paulo Menezes e Guilherme Bedran. As músicas são de Beatriz Bedran e algumas tiradas do folclore brasileiro. Bloco da Palhoça em Canto de Trabalho é pedida para ninguém deixar de ir.