Jogos de Inventar, Cantar e Dançar [01]
Viviane Juguero [02]
O presente capítulo é uma reflexão sobre o espetáculo Jogos de Inventar, Cantar e Dançar , presente em minha dissertação de mestrado, realizada no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFRGS, sob a orientação de João Pedro Alcântara Gil e defendida em julho de 2014. Desde março, o Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude vem publicando esse estudo, inserindo os capítulos, em seu site, periodicamente.
Jogos de Inventar, Cantar e Dançar é fruto de um intenso trabalho de Arte e Expressão, realizado entre 2003 e 2007, realizado em instituições de Educação Infantil (Escola Curumim, Escola Aprender e três unidades da Mãe Comerciária). Nesses encontros, por meio de atividades que utilizavam recursos do teatro, da música, dança e literatura, eu buscava trabalhar com a retroalimentação criativa, construindo atividades que dialogassem com a expressividade das crianças. Assim foram criadas as canções e atividades de Jogos de Inventar, Cantar e Dançar e os exercícios Diálogos de mundos lúdicos, que uso com muita frequência em cursos de formação de professores.
Depois de uma longa jornada, contando com a colaboração de artistas e parceiros, com um investimento grande da produção e com o financiamento do FUMPROARTE (que custeou, mais ou menos 30% do investimento total), em 2010, foi lançado o trabalho Jogos de Inventar, Cantar e Dançar, em livro, CD e espetáculo. Nessa equipe, sou autora dos poemas e canções, assino a concepção geral e a coordenação pedagógica, assim como atuo no espetáculo onde canto a voz principal, como no CD.
No espetáculo, a direção de cena é de Jessé Oliveira e a direção musical e os arranjos são de Everton Rodrigues (arranjador e produtor musical do CD). Em cena, além de mim e do Everton, os músicos brincantes Toneco da Costa, Beth Mann, Renato Müller (também presentes na gravação) e Marcelo Rocha, além de Anderson Gonçalves e Carmen Lima (brincantes bonequeiros, responsáveis pela concepção e confecção dos bonecos e materiais cenográficos). Os figurinos são de Valquíria Cardoso e a iluminação é de Miguel Tamarajó. O CD contou ainda com o músico Jorge Vieira, o primeiro a incentivar e buscar meios de viabilizar a gravação. Sempre que possível, as apresentações têm sonorização feita por Paulo Kuhn e equipe. O livro, lançado pela Editora Libretos, tem ilustrações de Monika Papescu, design gráfico de Clô Barcellos e revisão de Sandra Juguero.
O CD Jogos de Inventar, Cantar e Dançar recebeu Prêmio Açorianos de Música como Melhor CD Infantil lançado em 2010 e ganhou espaço no Brasil e no mundo. A todo o momento, sabemos da utilização do livro e do CD em escolas e lares de diversas cidades. Em 2011, o trabalho participou da Jornada Internacional de Literatura de Passo Fundo. Em 2012, Jogos de Inventar, Cantar e Dançar recebeu Troféu Especial do Prêmio Tibicuera de Teatro Infantil [03]. Em 2013, foi lançada a segunda edição do livro/CD [04], com apresentações no Teatro Renascença de Porto Alegre. O trabalho foi apresentado 62 vezes em 18 cidades.
Jogos de Inventar, Cantar e Dançar Diálogos imaginários, afetivos e sensoriais
Entrei na sala de uma turma com crianças de dois anos. Elas já me conheciam e se sentiam muito à vontade comigo. Uma aluna colocou o pezinho na orelha e os demais acharam muito engraçado. Aproveitei o movimento e, sentada no chão como toda a turma, imitei a criança e propus que o pé era um telefone. Assim, eu ia chamando as crianças pelo nome, falando com o meu pé-telefone encostado na orelha. Alternava os pés que “vibravam” no chão, enquanto eu fazia o som vocal que imitava um telefone tocando. As crianças faziam o mesmo, falando comigo e entre os colegas. Fomos brincando de convidar uns aos outros para fazer diferentes coisas legais, criando movimentos e sons expressivos para andar de navio, de gangorra, comer um lanche e dormir um pouco, dentre outras coisas. Assim nasceu uma das atividades mais citadas, na apreciação das crianças, a partir do espetáculo e do CD: Trim, trim, trim.
Em outra ocasião, quando entrei na sala com bebês de um ano, um deles iniciou a vibrar os lábios. Os demais acharam interessante e começaram a vibrar também. Comecei a acompanhá-los, brincando com todos. Depois de pouco tempo, passei a explorar outros sons vocais e, para minha surpresa, os bebês apresentaram novos sons também. Ficamos um bom tempo, estalando língua, apertando bochechas infladas, mandando beijos apertados, etc. Improvisei pequenas narrativas junto aos sons. Em casa, formalizei a atividade Carrinho, a qual, até hoje, é cantada em inúmeras cidades, por milhares de crianças. Esse processo resultou na orquestra vocal criada por Everton Rodrigues, para o CD e o espetáculo, em um arranjo sem nenhum outro instrumento além da voz.
Em processos como esses foram criadas as atividades presentes em Jogos de Inventar, Cantar e Dançar, fruto do trabalho artístico-pedagógico Arte e Expressão, que realizei, entre 2003 e 2007.
As atividades foram elaboradas em processos de retroalimentação criativa, por meio de uma atenta escuta aos pequenos. A criação acontecia de duas formas. Algumas vezes, eu idealizava as atividades previamente e levava histórias, canções e movimentos que propunha às crianças. Conforme a reação delas, eu fazia modificações de abordagem e ia lapidando o material tanto junto às crianças quanto em momentos em que trabalhava sozinha. Nesse tipo de processo, nasceram, por exemplo, Alvoroço (reconhecimento e movimentação de partes do corpo) e A Banda do Burro (a diversidade é abordada com um burro muito inteligente e um carneiro que, dentre os demais bichos-músicos, não sabe tocar, mas sabe dançar; há também o reconhecimento e a execução de instrumentos musicais de cordas, sopro e percussão).
Outras vezes, quando eu estava em sala de aula, as crianças realizavam movimentos ou sons espontaneamente e eu os aproveitava para criar brincadeiras em que nós explorávamos a expressividade corporal e vocal, a teatralidade e possíveis sonoridades. Depois disso, eu trabalhava o material sozinha, lapidando, criando canções e histórias que retomava com esses e outros grupos, como Trim, trim, trim e Carrinho, descritas acima.
É interessante constatar que essas atividades sempre tiveram uma excelente aceitação em diferentes grupos, mesmo naqueles que não participaram de sua construção. Hoje, esse envolvimento ocorre com milhares de crianças que apreciam o livro ou o CD ou assistem ao espetáculo, como confirma o depoimento a seguir.
Oi Viviane,
Estou escrevendo para te dar parabéns pelo excelente trabalho, na peça que assisti ontem (domingo) junto com minha esposa e o meu filho. Ele tem 2 anos e, como ainda não está em escolinha, não chega a ter muita interação, não costuma gostar de ambientes com muitas pessoas e não fica muito independente nestes lugares. Confesso que fomos meio sem esperança que nosso filho assistisse à peça. Imaginávamos que ele iria choramingar e querer sair, ou ficar correndo pra lá e pra cá. Pois, pelo contrário, ele adorou a peça, ficou vidrado o tempo todo em tudo, desde os bonecos, a música, os músicos… Ele bateu palma em todas as músicas (sem precisar do nosso estímulo), fez gestos e coreografias, apontou para os bonecos, chamou os bichinhos (cocó, cavalinho (era o maestro burro), etc…). Teve uma hora que ele foi para a beira do palco e chegou a ficar alguns minutos sozinho ali no meio das outras crianças, o que pra nós já pareceu uma grande conquista. Ele nos surpreendeu e até me emocionei, pois não enxergava meu filho já com esta “autonomia”. Ficamos muito felizes e só temos a te parabenizar e agradecer por proporcionar este momento de felicidade junto ao nosso filho. Transmita este agradecimento a toda a turma da peça… estão todos de parabéns! Ronaldo [05]
Acredito que esse amável envolvimento está impregnado no trabalho por ser fruto do que chamei de diálogos de mundos lúdicos. Esse processo foi fundamental para que eu passasse a perceber o quão importante era estabelecer uma relação dialógica e afetiva com o universo infantil no processo de criação. Ao dialogar com as crianças, elas me ensinaram a inventar atividades e canções com desafios motores, vocais, sensoriais e cognitivos, em uma relação de confiança e de cumplicidade.
Essas atividades foram criadas para construir um profundo envolvimento com as crianças, focando o momento de cada encontro. No princípio, não havia intenção de realizar um espetáculo, livro ou CD a partir desse material.
Em janeiro de 2005, buscando informações para aprofundar esse trabalho, entrei em contato com a produção teórica da professora Vera Lúcia Bertoni dos Santos, a qual foi de suma importância para o aprimoramento da criação das atividades. Santos (2004) apresenta uma interessante relação entre a brincadeira de faz de conta e a representação teatral, com base nas fases de desenvolvimento propostas por Jean Piaget.
O trabalho de Santos embasou minha busca de uma comunicação efetiva com a infância, auxiliando a encontrar as melhores maneiras de aprender com as crianças. Sempre procurei dialogar com respeito e humildade com o universo infantil e foi determinante compreender que a brincadeira de faz de conta é a origem da representação teatral, conforme explanado por Santos (2002, 2004).
Desde bebê, a criança oferece elementos expressivos que podem ser reelaborados e ressignificados pela arte. Assim, podem ser concebidos espetáculos com os quais a criança se identifique e se sinta instigada a experimentar, a criar e a transformar. Nos exemplos citados no início deste capítulo, constata-se que bebês muito pequenos já brincam com as diferentes sonoridades e descobrem as extremidades do corpo, buscando novos movimentos a cada dia, oferecendo ricas e singelas fontes de criação para a movimentação e a musicalidade teatral.
À medida que desenvolve a mobilidade corporal, a criança passa a brincar com o seu corpo e com os objetos, observando os movimentos que é capaz de fazer com as mãos e pés, explorando também as suas possibilidades sonoro-rítmicas e tácteis e relacionando-se com diferentes objetos na busca de experimentar ações que lhe são correspondentes (SANTOS, 2012, p. 58).
A autora explana que os jogos simbólicos surgem a partir das imitações, que o bebê pouco a pouco vai aprimorando em suas brincadeiras. Esses jogos são a atividade que diferencia os seres humanos de outros animais, pois possibilitam a representação de um objeto ausente.
Sabe-se que, a partir do momento em que a criança constrói a assimilação representativa, caracterizada pela evocação do objeto ausente mediante um significante que o torna presente, ocorre o nascimento da representação. Tal função é identificada nos protocolos de Piaget desde a imitação diferida, atribuída a crianças de apenas um ano e meio de idade (SANTOS, 2012, p. 65).
A partir de então, a criança passa a descobrir e compreender o mundo por meio de suas brincadeiras, em uma constante troca entre realidade e fantasia, construindo dramatizações. Conforme Peter Slade (1978), essa representação é realizada por meio do Jogo Pessoal (a criança se transforma em distintos personagens) e do Jogo Projetado (a criança transforma objetos e bonecos em distintos seres de suas histórias). Para Elkonin (1938), seria jogo protagonizado.
Analisando a ação da criança ao criar um olhar fictício sobre os objetos e sobre si mesma, Simone Moschen estabelece uma relação com a ideia de desobjetos, apresentada pelo poeta Manoel de Barros, como a maneira que temos de simbolizar e ressimbolizar o mundo, afirmando a singularidade de ser humano.
Estranhamente, o que confere consistência e estabilidade ao artifício humano, ao mundo e a nós mesmos, é uma série de desobjetos (nas palavras de Manoel de Barros) produzidos por obra de um investimento amoroso que captura a coisa, desloca-a de sua suposta Natureza e a faz viver no mundo dos símbolos, no mundo da linguagem. Ao brincar, somos iniciados na arte da construção dos desobjetos que nos humanizam (1990, p.97).[06]
A infância é um período da vida que passa e que podemos resgatar em nossa memória, conforme Izquierdo (2012), de forma sempre atualizada com o momento presente. Já o infantil, permanece durante toda a vida. Maria Lúcia Müller Stein diz que
à parte da infância que se constitui num tempo histórico e social, gostaria de pensar o infantil, dar-lhe bordas que permitam diferenciá-lo da infância, tomando-o como uma experiência “extratempo” (1990, p.11).
Nas atividades de Arte e expressão, aprendi que, bebendo nas águas da memória da infância e sensibilizando a percepção do meu infantil interior, era possível dialogar com o universo da criança. Ainda que mergulhada no ambiente adulto, pude vivenciar a lógica do pensamento infantil, ao relacionar-me com as crianças de forma sensível e verdadeira. Stein afirma que
a fantasia produz esse efeito de abolir de certa forma o tempo da diacronia, revelando a nós mesmos essa outra dimensão do tempo, a atemporalidade dos processos inconscientes. A fantasia é portadora do infantil (1990, p.16).
Esse pensamento fantástico, repleto de imagens, sonoridades e narrativas foi a matéria-prima dessa criação. O processo realizado nas aulas de Arte e Expressão viabilizou uma identificação íntima das crianças com o espetáculo, livro e CD Jogos de Inventar, Cantar e Dançar, pois há uma familiaridade com a maneira infantil de pensar o mundo. O resultado é que a criança se sente segura e valorizada, apta a seguir adiante em um universo no qual não é subjugada por uma linguagem adulta ou subestimada por construções simplórias. É claro que as percepções de cada criança são diferenciadas, conforme sua idade, seus referenciais culturais e suas características individuais.
Tomando por base a possibilidade desse diálogo imaginário na relação dialética entre o universo infantil e os meus referenciais artísticos e teóricos, criei atividades para os encontros nas escolas de Educação Infantil.
Como dito em capítulo anterior, a primeira necessidade de registro artístico, apresentada pelas escolas, foi em relação às canções, pois as professoras queriam cantá-las em momentos nos quais eu não estava na escola, visto que eu trabalhava trinta minutos por semana com cada turma, em aulas especializadas. Como as canções foram compostas e experimentadas em atividades lúdicas de artes integradas, desde o princípio acreditei que seria importante que as músicas estivessem relacionadas com as demais linguagens, em uma realização artística plural.
Em outubro de 2005, quando apresentamos essas músicas pela primeira vez, as canções eram ligadas por diálogos entre os brincantes. Nesse momento, a maioria dos movimentos eram reproduções das atividades de sala de aula. Os únicos bonecos presentes em cena eram uma lula e uma aranha de luva, as quais tinham sido utilizadas em aula, desde a primeira versão da atividade A Lula e a Aranha.
No mesmo ano, Everton Rodrigues começou a trabalhar na criação dos arranjos, em um processo que foi concluído em 2010. Sobre esse trabalho, desenvolvido durante cinco anos, o artista comenta:
Comecei no bando como produtor musical do CD Jogos de Inventar, Cantar e Dançar. Durante o processo, ao lado de Viviane Juguero, descobrimos que gostaríamos ambos que o registro gravado das canções que Viviane desenvolvera em sua experiência de educação infantil deveria conter o lúdico, o criativo e o emocional. A forma importava menos do que o conteúdo. Fazendo instrumentos e linhas melódicas caminharem juntos para envolver a criança ouvinte em possibilidades criativas. Instrumentos e vozes inverteriam seus papéis, utensílios comuns se transformariam em instrumentos, ritmos brasileiros e locais se fundiriam a essa instrumentação incomum. Assim, propusemos uma abordagem diferenciada que visa o encanto e a criatividade.
Em um segundo momento, a tarefa era transpor essa instrumentação para o palco, no espetáculo “Jogos de Inventar, Cantar e Dançar”. Como diretor musical meu papel era enriquecer ou tornar mais evidente aquilo que estava proposto na gravação e fazer com que os outros músicos brincantes o fizessem também, para que estivessem preservados no espetáculo o encanto e a criatividade da gravação, ampliados ainda mais no palco.
Enquanto acontecia o desenvolvimento das canções, a proposta era amadurecida. Assim, em 2007, conheci a ilustradora Monika Papescu em encontros do Saindo da Gaveta [07] e fiquei encantada com sua arte. Nos identificamos imediatamente e, a partir do trabalho de Papescu, percebi que o CD devia estar junto com um livro, no qual poemas, ilustrações e músicas dialogassem na proposição de múltiplas leituras, por meio de um somatório de estímulos. Por isso, a cada página do livro, um poema e ilustrações convidam para uma viagem em uma faixa do CD, vinculando as distintas linguagens literária, musical e visual, apesar de manter a autonomia expressiva de cada uma.
A intenção era apresentar um trabalho que instigasse a imaginação e a experimentação, brincando com as sonoridades, significados, cores e composições imagéticas, trazendo uma sensação de prazer e alegria às crianças. Como um estímulo afetivo secreto, escolhemos crianças de nossas famílias para serem ilustradas, junto a um menino imaginário que representaria todos os demais. Papescu comenta que teve total liberdade para criar as ilustrações. Isso fez com que o trabalho fosse agradável, divertido e bem sucedido. Segundo ela, o livro ficou realmente muito bonito.
Os poemas foram inspirados nas atividades que eu realizava nas aulas, mas brinquei com as palavras, mantendo a energia criativa que eu usava nos encontros em escolas. O vocabulário utilizado buscava não subestimar a capacidade de compreensão das crianças e instigar a curiosidade. A escolha de palavras ocorreu de forma que as qualidades sonoras destacassem a musicalidade da fala na fluência narrativa. A combinação de ideias também devia chamar a atenção dos pais e professores, visto que é por meio deles que os pequenos têm acesso à leitura. A proposta do livro parte da convicção de que os trabalhos de arte não são momentos descartáveis. Assim, não há a preocupação com a compreensão racional dos poemas em um primeiro contato, mas sim, que, retomados, tragam novas percepções, abrindo a possibilidade de os pequenos fazerem suas próprias interpretações.
Os poemas e as canções convidam para uma brincadeira com diversos elementos que fazem parte das descobertas das crianças sobre o corpo, os animais, a natureza, meios de locomoção e diferentes instrumentos musicais. As alusões são completamente lúdicas, enfocando a expressividade artística e considerando possibilidades de ressignificação e associação.
Em 2010, a partir da criação do livro e do CD, percebi que o trabalho tinha amadurecido muito e que a linguagem da cena devia acompanhar essas novas percepções, colocando a encenação a serviço de elaborações sensoriais e afetivas. Foi em uma conversa com Sayô Martins que surgiu a ideia de trabalhar com bonecos em cena, compondo. não um teatro de bonecos, mas um espetáculo com bonecos, dentre outros recursos expressivos.
Nesse momento, lembrei de uma dupla que fazia teatro de bonecos, formando a Trupi di trapu e que eu tinha conhecido em 2009, quando eu dirigia o Teatro de Arena. Eles tinham apresentado uma sensível e inteligente montagem da lenda O Negrinho do Pastoreio, na qual, de forma muito simples, construíam uma encenação poética e encantadora.
Chamei Anderson Gonçalves para conversarmos e, após aventarmos algumas possibilidades, decidimos que a dupla faria a criação e confecção dos bonecos, valendo-se da ideia de que esses bonecos poderiam ser manipulados em frente ao público, como eu fazia em minhas aulas. Anderson Gonçalves e Carmem Lima trouxeram uma contribuição autoral determinante na construção do espetáculo. Nesse sentido, Gonçalves relata:
os textos são poemas cuja interpretação é feita por dois bonecos de manipulação direta. Durante as canções, diversos tipos de bonecos são utilizados como um desenho da ação muitas vezes proposta na própria canção, fantoches de luva francesa, bonecos de chapéu, fantoches de bocão, luz negra, objetos e bonecos de manipulação direta fazem parte do espetáculo. O processo de escolha e criação dos bonecos foi bem dinâmico e nos sentimos à vontade para propor e experimentar coisas que através das apresentações foram se modificando e se transformando de acordo com as necessidades. O grande barato desse trabalho é que, na maior parte do espetáculo, trabalhamos expostos com os bonecos, ou seja, aos olhos do público, um exercício interessante, já que na maioria das vezes o bonequeiro está sempre escondido por alguma estrutura ou pela iluminação, tendo foco apenas no boneco. Estar aos olhos do público e trabalhar com o distanciamento entre boneco/ator, além de interagir com os demais colegas de cena é algo que nos trouxe muito crescimento pessoal e profissional.
O espetáculo apresenta poemas do livro e músicas do CD (na mesma ordem em que as mesmas foram gravadas), assim como o livro e o CD trazem poemas e canções que estão no espetáculo, sem hierarquia comunicativa, como acontece quando há um texto dramático. [08]
Após a fixação dessa concepção inicial, Jessé Oliveira passou a fazer parte da equipe, assinando a direção de cena. Oliveira orientou as movimentações de artistas e bonecos para que fossem leves e fluentes, construindo uma encenação envolvente e poética. Toda a equipe se dedicou para transpor ao espetáculo a afetividade presente em seu processo de criação. Nesse sentido, o depoimento abaixo me emociona.
Oi Viviane, meu nome é Rodrigo, fui ver a apresentação do bando de brincantes no teatro com meu filho… a ultima vez que fui eu tinha 9 anos e me lembro como ontem, eram os saltimbancos trapalhões…depois nunca mais… Agora, com 35 anos, casado e pai de dois filhos, levei meu filho Abdul no teatro para ver vocês… E sabe duma coisa? me emocionei vendo vocês e as crianças…. Não tenho palavras… que Deus recompense e abençoe vocês… Sou Muçulmano e Sheikh (guia religioso) da comunidade Islâmica de Porto Alegre e compartilho com vocês todo bom sentimento de amor, paz e alegria. É o que pessoas adultas precisam relembrar com quem faz nossas crianças, nosso futuro sorrir que são vocês. Não tinha dimensão do trabalho de vocês, queria muito, muito mesmo conhecer vocês, às vezes os nossos corações ficam duros com o dia a dia… mas são momentos que a Arte nos faz recordar o que realmente somos. Mais uma vez Viviane… queria dar meus parabéns não só por fazer meus filhos alegres… mas por fazer eu retornar à minha infância.
Rodrigo, pai do Abdul-Rahman, 4 anos e Mariam, 1 ano.
SALAM ALEIKUM
QUE A PAZ DE ALLAH ESTEJA COM VOCES
Sheikh Rodrigo Rodrigues [09]
Talvez essa sensação seja fruto da integração que todos os artistas possuem no momento da encenação. Sempre fazemos uma roda, antes de todos os espetáculos, nos damos as mãos e dizemos palavras afetivas, buscando estabelecer uma relação carinhosa e receptiva com o público.
Esse espírito colaborativo também está presente nos elementos expressivos; os poemas e as canções são tão importantes quanto os bonecos e a movimentação. A atuação constrói a cena completamente integrada aos demais recursos cênicos. A iluminação de Miguel Tamarajó desenha as cenas, contribuindo na construção das diferentes atmosferas. Os figurinos, criados por Valquíria Cardoso, são simples macacões que trazem nuances de cores nas tonalidades do suave colorido das ilustrações do livro (à exceção dos macacões dos bonequeiros, que são pretos, para dar destaque aos bonecos). Nos macacões dos demais artistas, há uma cor predominante em cada um, em tons pastéis, o que traz um visual suave e delicado.
Jogos de Inventar, Cantar e Dançar é composto por elementos do teatro (convencional e de bonecos), da música e da literatura. O espetáculo proporciona um ambiente criativo, por meio de uma construção coletiva, na qual todos os artistas da equipe participaram ativamente. A passagem de uma situação para a outra, na maioria das vezes, não contém explicação racional. A música não é uma trilha sonora para a ação, mas vai além disso. É parte da ação, instigando a percepção sonora e as expressividades vocal e corporal. Os músicos que estão em cena constroem sonoridades com timbres, intensidades e ritmos diversos, desde bases em computador, até instrumentos vocalizados, teclado, violão, gaita, carrilhão, cajón e outros instrumentos de percussão, cuidando para haver riqueza, mas nunca poluição sonora.
A dramaturgia da cena apresenta as distintas linguagens vinculadas de forma colaborativa e não em subordinação. Essa relação possibilita que a criança combine os diferentes elementos ou perceba as partes do todo, de forma independente. A fluência do texto espetacular é sustentada pelo encadeamento rítmico dos diferentes momentos, havendo a possibilidade de criar distintas associações que vinculam uma cena à outra, como as crianças fazem nas combinações lúdicas de suas brincadeiras, ao criarem desobjetos.
O trabalho traz oito brincantes em cena: músicos que, por vezes, interpretam, mas que sempre se relacionam com a situação cênica; artistas que manipulam bonecos, na maioria das vezes, explicitando a manipulação em frente ao público, mas que também jogam com a possibilidade de estar escondidos, atrás de empanadas ou de participar das cenas como atores, sem bonecos, em alguns momentos.
Não há diálogos que conduzam a ação e nem uma história com início, meio e fim. Quando as cortinas abrem, os músicos estão em cena, criando uma ambiência sonora doce e mágica para a entrada de dois livros voadores manipulados por brincantes, de onde saem, suavemente, algumas notas musicais. O último livro que entra é trazido por mim e é onde “leio” o poema inicial.
Este é um livro sapeca
Não pode apenas ser lido
Tem que ser jogado, dançado, vivido
Pro moleque e pra moleca
Este é um CD esperto
Não pode só ser escutado
Tem que ser cantado, descoberto, reinventado
Sem errado, nem certo
Minha leitura é acompanhada por dois bonecos (Nino, um menino negro e Nina, uma menina morena) que convidam o público para viajar pelo mundo da imaginação, repleto de sons, cores, bonecos e poesia. Anderson Gonçalves e Carmem Lima criaram Nino e Nina, inspirados nas ilustrações de Monika Papescu. Esses dois bonecos conduzem o encadeamento teatral, interpretando os poemas. Durante as músicas, treze bonecos se revezam, de forma singela e dinâmica, na construção das cenas.
Os brincantes estão em estado de atuação, conforme a teoria apresentada por Eugênio Barba e Nicola Savarese (1995), em seus estudos sobre Antropologia Teatral. No entanto, há momentos em que a minha atuação brincante apresenta personagens, como quando brinco de ser cada um dos dedos da mão, modificando corpo, voz e interpretação, voltando, entre a apresentação de cada dedo, a ser “eu mesma” em energia extracotidiana. É um jogo com os brincantes Anderson Gonçalves e Carmem Lima, que anunciam as características de cada dedo, seguida da sua representação.
Algumas situações são narradas nos poemas e canções, como a história da Lula e da Aranha que resolveram conhecer um mundo novo: a Lula, saindo do mar, e a Aranha, da terra. Elas se encontram no meio do caminho e partem para uma bela aventura, na qual cada uma conhece o ambiente da outra: o mar e a terra, com suas plantas e animais. Essa história tem começo e meio, mas não tem fim. Esses personagens são enormes chapéus de bonecos que aparecem na dança dos bonequeiros, em um momento onde há brincadeira, mas não interpretação.
Tudo é muito leve, simples e suave, para que a criança pequena se sinta acolhida e segura, dentro de um universo em que pode se encantar e brincar. Jogos de Inventar, Cantar e Dançar, nascido da relação com a primeira infância, tem um diálogo íntimo e afetivo com os pequeninos, em uma troca constante. Felizmente, inúmeras vezes, escutamos depoimentos como o que transcrevo a seguir.
Olá,
Tive a grata oportunidade de levar meu sobrinho, de então 03 anos ao teatro para “ver” “Jogos de inventar, cantar e dançar ” no Teatro Renascença. (…) Quando chegamos, o acolhimento ali no saguão de teatro já deixava uma marca de que algo diferente aconteceria ali.
O Pedro muito ressabiado, quis sentar bem atrás, respeitei. Ele é meio arredio a coisas novas, muita gente. Respeito e deixo no seu tempo. Perguntei se ele queria ir pra frente do palco junto das outras crianças que já estavam ali. Disse um não e respeitei. Ao começar a peça, ele continuava com a testa franzida, mas aos poucos ele foi se soltando. E foi tão bonito vê-lo se permitir gostar e se permitir tocar pelas músicas. Lá pelas tantas, ele estava em frente ao palco, encantado, de boca aberta e completamente integrado.
Não existia mais barreira, vocês, com a música, o mágico, o lúdico, proporcionaram ao meu menino um momento onde ele não precisava de mais ninguém e quando vi ele já estava na beirada da escada querendo subir ao palco. Tive que dar uma interferida e explicar que o lugar de curtir era ali embaixo. Ele prontamente entendeu e continuou ali encantado, batendo palma, brincando.
E eu, tão encantada quanto ele, não só por vê-lo tão envolvido, mas por ver o quanto de cuidado e profissionalismo e principalmente respeito a esta etapa tão cheia de significados, que é a infância.
Sou uma educadora (hoje atuando em outras áreas), mas acredito que não há educação sem arte. Sem música, sem desenho, sem teatro. E respeitar estas crianças, reconhecendo seus lúdicos, e não as tratando como pequenos consumidores de poucas sílabas, ali se faz a diferença, ali se produz conhecimento e mais ali se produz cidadã e cidadão. Pois reflexão se aprende refletindo. É incentivando o pensar, que pensamos mais!
Compramos os livros e CDs e ainda hoje brincamos juntos. (…)
Enfim, Viviane, foi um momento único, como só o teatro pode nos proporcionar e sigo acompanhando pelo face e parabenizo pelas iniciativas e “pensações” entre arte e educação. Se pudermos aproximar cada vez mais estas áreas, não tenho dúvida que teremos outro mundo possível.
Um grande abraço,
Cris Pires [10]
A criança se envolve porque o espetáculo a acolhe, apresentando imagens que ela pode reconhecer, de forma que fique curiosa e atenta. Os estímulos mudam de um quadro a outro, brincando com as múltiplas possibilidades da imaginação. Por exemplo, em determinado momento, após uma cena na qual cacarejam e fazem sons de pintos, perus e patos, os músicos discutem se devem ou não devem tocar, apesar de o maestro, o burro mais inteligente do mundo, ainda não ter chegado.
O maestro chega, e os músicos são nominados como cachorro, vaca, porco, carneiro e gato, sem colocar nenhum adereço ou mudar de postura, apenas entrando na brincadeira. Nessa cena, os bonequeiros entram com um burro, que é um boneco pela metade, explicitando a manipulação. Enquanto isso, narro a história pelo palco, na letra da canção, sem eu mesma ser personagem do que conto (canto). No final da cena do maestro, os músicos e o resto da equipe do espetáculo são apresentados ao público, com seus nomes reais, aproveitando para nominar instrumentos e funções (que são alegremente identificados pelas crianças). Isso acontece sempre com a música ao fundo. Quando ela termina, há um foco de luz central, na parte dianteira do palco, e a cena volta à posição do princípio do espetáculo. Nesse momento, a canção do início é retomada com outro arranjo, e volto a ler o livro junto com os bonecos Nino e a Nina.
Na roda da fantasia
Quem vem primeiro afinal:
A galinha ou o ovo?
A grande viagem final
É um convite, com alegria
Pra começar tudo de novo!
Enquanto executamos a música, todos os bonecos do espetáculo vão passando pelo palco sucessiva e alegremente. Ao final, eu, Nino e Nina, fechamos o livro. O fato de abrirmos o livro no início e o fecharmos no final, evidentemente, simboliza que toda aquela magia pode ser encontrada e construída na relação com um livro.
Como não há uma narrativa linear, as crianças interagem com o espetáculo das mais distintas formas, conforme suas percepções cognitivas, emocionais e sensoriais. Bebês participam durante sessenta minutos de cena, dançando e balbuciando. As crianças dançam, cantam, ficam em completo silêncio, observando atentas e, por vezes, interagem diretamente com a cena.
Em Jogos de Inventar, Cantar e Dançar, os pais e professores se emocionam com a delicadeza do espetáculo e, muitas vezes, vêm nos cumprimentar sinceramente comovidos, como nas declarações abaixo:
Assistimos hoje Jogos de inventar, cantar e dançar! Espetáculo poético, sensível, animado, que envolve, não apenas os pequenos, mas as crianças grandes também! Quem tem filhos ou afilhados pequenos não perca a oportunidade. Quem não tem, peça emprestado para o amigo ou vizinho! Ou então, bata um papo com sua Criança Interior e leve ela para despertar novamente para este mundo encantado!
Patti Cruz [11]
Assisti o espetáculo “Jogos de Inventar, Cantar e Dançar “. Simplesmente Perfeito. Interpretação Impecável de Viviane Juguero, assim como de todos os músicos que estavam no palco. A Felicidade que foi compartilhada pelo Elenco, Irmanou a Todos os presentes, deixando-nos com a pulsação ritmada de Alegria e Alma com a Brandura de um Menino. Parabéns a Todos! O Brasil Merece Tê-los por Perto…!!!
Telmo Martins [12]
17 de junho, um domingo de chuva, escuro e feio, mas o Teatro Renascença estava todo iluminado e repleto de alegria. Iluminado pelo brilho dos olhos e pelo sorriso das crianças e dos adultos que lá estavam, encantados, assistindo o espetáculo Jogos de Inventar, Cantar e Dançar .
Maria Luiza Frazanitto Wolf [13]
Olá Viviane
Estivemos domingo no Teatro Renascença assistindo vocês e Alarico aproveitou para dar a Dica no Blog do Anonymus! Dá uma olhadinha. Copio abaixo para ti! Sucesso para vocês e Parabéns pelo belo trabalho!!!!
Beijo
Marcia Lutz (mãe do Alarico)
Dica teatral do Alarico [14]
20 de junho de 2012
No último domingo, dia 17, Alarico assistiu a peça Jogos de inventar, cantar e dançar, do grupo Bando de Brincantes, um espetáculo sensível e criativo! Dedicado à primeira infância, os artistas utilizam elementos do teatro convencional e de bonecos, da música e da literatura, criando um ambiente envolvente e delicado. É conduzido pela narrativa de dois bonecos, Nino e Nina, que convidam o público para viajar pelo mundo da imaginação, repleto de música, cores, bonecos e poesia. Uma peça espetacular, colorida, e animadíssima, que além de transmitir uma mensagem que apresenta de forma lúdica as partes do corpo humano possui figurino e personagens alegres. Na trilha sonora, cantigas maravilhosas que as crianças sentem vontade de subir ao palco e fazer parte do espetáculo! A apresentação dura cerca de uma hora e está imperdível! [15]
Assim como a diversidade está presente em Canto de Cravo e Rosa, em todos os sentidos, com todos os sentidos, em Jogos de Inventar, Cantar e Dançar há diálogos imaginários, afetivos e sensoriais de todas as formas que foi possível elaborar, também festejando a diversidade. Em uma equipe de todas as cores, com distintas formações, com pessoas dos vinte aos setenta anos e que atinge um público lindamente heterogêneo, há a afirmação de uma diversidade em que a prática, vivida naturalmente, procura construir um discurso concreto, singelo e afetivo.
Ref(v)erências:
BARBA, Eugenio; SAVARESE, Nicola. A Arte Secreta do Ator: Dicionário de antropologia teatral. São Paulo: Hucitec Ed. da Unicamp, 1995.
BARROS, Manoel de. Memórias Inventadas: As infâncias de Manoel de Barros. São Paulo: Planeta, 2003.
IZQUIERDO, Iván. Conferência de abertura. In: ISAACSSON, Marta. Tempos de Memória: Vestígios, Ressonâncias e Mutações. Porto Alegre: Associação Brasileira de Artes Cênicas (ABRACE), 2012.
JUGUERO, Viviane. Canto de Cravo e Rosa. Porto Alegre, Libretos, 2009.
MOSCHEN, Simone. “A infância como tempo da iniciação à arte de produzir desobjetos”. O Infantil na Psicanálise: Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, Porto Alegre, n. 40, p.89-98, jan./jun. 2011.
SANTOS, Vera Lúcia Bertoni dos. “Atenção! Crianças brincando!” In: CUNHA, Suzana Rangel Vieira da. (Org.) Cor, Som e Movimento: A expressão plástica, musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 2002.
_________________________. Brincadeira e Conhecimento: Do faz-de-conta à representação teatral. Porto Alegre: Mediação, 2004.
________________________. “Brincadeira na Infância e Construção do Conhecimento”. In: HORN, Cláudia Inês et al. Pedagogia do Brincar. Porto Alegre: Mediação, 2012. p. 45-80.
_______________________; BENDER, Ivo (entrevista). “Criança, Teatro e Dramaturgia”. In: JACOBY, Sissa (Org.) A Criança e a Produção Cultural – Do brinquedo à literatura. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2003. p. 161-182.
SLADE, Peter. Child Play: Its importance for human development. London and Philadelphia: Jessica Kingsley, 2010.
___________. O Jogo Dramático Infantil. São Paulo: Summus, 1978.
STEIN, Maria Lúcia Müller. “Infantil, Eu?” In: O Infantil na Psicanálise: Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, Porto Alegre, n. 40, p.09-17, jan./jun. 2011.
[01] Aqui no site do CBTIJ, há uma pequena introdução que, na dissertação original, está publicada no capítulo “Bando de Brincantes”. O texto aqui presente, sobre o espetáculo “Jogos de inventar, cantar e dançar”, no original, apresenta muitas fotos de espetáculos. Para fazer download da dissertação completa, acesse o link http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/97657
[02] Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFRGS, sob a orientação do Prof. Dr. João Pedro Alcantara Gil.
[03] Os prêmios Açorianos e Tibicuera são realizações da Secretaria Municipal da Cultura da Prefeitura de Porto Alegre.
[04] Em 2016, acontece o lançamento da 3ª edição do livro e CD, sendo uma edição especial das Olimpíadas, com a faixa “Olimpíadas Brincantes” ao final. Enfocando os esportes e a expressão corporal, para essa edição foi criada a apresentação “Jogos de Inventar Movimentos”, contando os brincantes Viviane Juguero, Éder Rosa, Carmen Lima e Wagner Madeira, no elenco e com a direção de Jessé Oliveira.
[05] Mensagem enviada por e-mail, em 12 de junho de 2012.
[06] A autora refere-se ao seguinte texto: “O menino que era esquerdo viu no meio do quintal um pente. O pente estava próximo de não ser mais um pente. Estaria mais perto de ser uma folha dentada. Dentada um tanto que já se havia incluído no chão que nem uma pedra um caramujo um sapo. Era alguma coisa nova o pente. O chão teria comido logo um pouco de seus dentes. Camadas de areia e formigas roeram seu organismo. Se é que um pente tem organismo. O fato é que o pente estava sem costela. Não se poderia mais dizer se aquela coisa fora um pente ou um leque. As cores a chifre de que fora feito o pente deram lugar a um esverdeado a musgo. Acho que os bichos do lugar mijavam muito naquele desobjeto. O fato é que o pente perdera a sua personalidade. Estava encostado às raízes de uma árvore e não servia mais nem para pentear macaco. O menino que era esquerdo e tinha cacoete pra poeta, justamente ele enxergara o pente naquele estado terminal. E o menino deu para imaginar que o pente, naquele estado, já estaria incorporado à natureza como um rio, um osso, um lagarto. Eu acho que as árvores colaboravam na solidão daquele pente (BARROS, 2008, p.27)”.
[07] Saindo da gaveta: encontro de escritores, atores, etc e tal, que idealizei e coordenava junto com Letícia Schwartz e Jorge Rein. Eram encontros sobre processos de criação que aconteceram de 2006 a 2008, quinzenalmente, na Palavraria, em Porto Alegre.
[08] Como, por exemplo, no caso de Canto de Cravo e Rosa.
[09] Mensagem enviada por meio da rede social facebook (inbox), em 19 de junho de 2012.
[10] Enviado por e-mail, em 20 de dezembro de 2013.
[11] Postado na rede social facebook, em 24 de junho de 2012.
[12] Postado no site do Bando de Brincantes, em 26 de junho 2012.
[13] Postado na rede social facebook, em 19 de junho de 2012.
[14] http://wp.clicrbs.com.br/anonymus/2012/06/28/dica-teatral- do-alarico/ (último acesso em 24 de dezembro de 2013).
[15] Enviado por Marcia Lutz por e-mail, em 21 de junho de 2012.