Crítica publica no Jornal da Tarde
Por Clóvis Garcia – São Paulo – 08.03.1986

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Uma oportunidade para rever Avoar

Volta em cartaz um dos espetáculos melhor realizados em 1985 e, também, de sucesso de público, Avoar de Vladimir Capella, no Teatro Experimental Eugênio Kusnet, dentro do que parece ser a característica deste início de temporada, com mais remontagens que estreias. É uma oportunidade para rever, ou, para quem ainda não viu, assistir a um ótimo espetáculo para o público jovem e que agrada aos adultos.

Quase não seria necessário comentar, novamente, a encenação, bastando  relacionar a longa lista de prêmios e indicações que recebeu dos críticos e da classe, para atestar a sua qualidade. Foi premiado com o prêmio Inacen-Minc, como um dos cinco melhores espetáculos infantis do ano passado (esse prêmio não tem classificação). Para o Mambembe, a ser decidido neste mês, recebeu as seguintes indicações: melhor autor, Vladimir Capella; melhor ator, Nélson Baskeville; melhor atriz, Maria Souza; melhor pesquisa musical, Marcos Arthur e Vladimir Capella. Para o prêmio Apetesp ganhou nada menos que 13 indicações: melhor autor, melhor diretor, Vladimir Capella; melhor produção, Grupo Pasárgada; melhor produção executiva, Bola; melhor música, melhor iluminação, Capella; cenografia e figurinos, ambos de Valnice Vieira; melhor atriz, duas indicações, Ana Maria de Souza e Cibele Troyano; melhor ator, duas indicações, Nélson Baskerville e Jorge Julião. Como se vê, parece haver uma rara unanimidade entre os críticos e a classe teatral, quanto ao nível excelente da encenação.

 

Revendo a montagem no TEEK, verificamos que a nossa primeira impressão se confirma: o espetáculo tem uma força dinâmica que se comunica ao público infantil – e aos adultos pelo apelo à nostalgia – um ritmo intenso, momentos de grande criatividade e, não podendo faltar, um elemento poético. Com um aproveitamento inteligente de cantigas de rodas, jogos, adivinhas e até um conto acumulativo ou lengalenga, uma espécie de parlenda, o espetáculo é musical, com grande vantagem de ter música ao vivo, um violão e um violino, além de vários instrumentos executados pelos próprios atores que cantam bem. O espaço menor do TEEK tirou um pouco a liberdade de movimentação do elenco, especialmente com o acúmulo inicial de seis escadas que, acentuam o sentido simbólico da concentração urbana, prejudicam o conjunto.

O elenco sofreu algumas modificações, saindo o indicado Jorge Julião e Cristina Bosco, substituídos por Amauri Perassi e Valenia Santos. Também a violonista Corina Brito deixou o espetáculo, entrando Rogério Moraes Costa. Mas o conjunto continua homogêneo, comunicando ao público uma grande e festiva animação.