São muitas canções novas, nenhuma com fôlego para cativar a plateia nem por um mero refrão

Crítica publicada no Site da Revista Crescer
Por Dib Carneiro Neto – São Paulo – 22.05.2015

Barra

Alice e Baratinha: os dois maiores equívocos da temporada atual no teatro

Em cartaz em dois grandes teatros, o Bradesco e o J.Safra, em São Paulo, as duas atrações infantis são fracas e equivocadas.

No início do ano, escrevi nesta coluna sobre um dos musicais de Billy Bond, no Teatro Bradesco. Depois de montar CinderelaA Bela e a Fera e Natal Mágico, em São Paulo, o diretor caprichou em Branca de Neve e soube segurar “as rédeas do exagero, fincando forças na fidelidade ao conto clássico, muito bem narrado, sem o perigo maior de todos, que seria o de simplesmente surgir como uma cópia mal e porcamente roteirizada do antológico filme da Disney”. Desta vez, porém, com Alice, mais uma superprodução de Bond em cartaz em São Paulo, ele errou feio em tudo. Evitem. Não vale a pena.

As coreografias chegam a ser constrangedoras, de tão pobres. A trilha é ruim. São muitas canções novas, nenhuma com fôlego para cativar a plateia nem por um mero refrão. A personagem Alice está totalmente equivocada. O tempo todo parece uma das princesinhas da Disney, romântica e frágil, totalmente boboca. Alice não é assim. Lewis Caroll que perdoe Billy Bond e sua turma. A iluminação é pífia e preguiçosa, apesar da ostentação de recursos. É luz de foco o tempo todo. O espetáculo arrasta-se e tem soluções pouco criativas para tantas maravilhas que ocorrem com Alice depois que ela passa a seguir o coelho de cartola. Pena. Desta vez, Billy Bond se perdeu completamente, realizando teatro dos mais fracos que se tem notícia nesta temporada.

Outro equívoco enorme está em cartaz no novíssimo Teatro J. Safra. Como pode? Um teatro pleno de recursos, mas com maus programadores de teatro infantil! Será que os responsáveis pela programação não viram um ensaio antes de permitir que uma montagem tão amadora ocupasse o nobre palco? O nome da peça é O Casamento da Baratinha Atômica, com texto e direção de Miriam Lins e Fábio Saltini. Fuja! Perda de tempo. Inútil. Abaixo da média. Mal escrito, mal interpretado, simplesmente constrangedor.

É lamentável ver Aldine Müller em cena, totalmente mal dirigida, falando tatibitate e tentando mexer os braços em coreografias horríveis. A dramaturgia é ruim, sem grandes cenas, sem grandes diálogos, sem graça na maior parte do tempo. Cenário e figurinos são de extremo mau gosto. Roupas caricatas (Chico Spinosa) e cenografia ineficiente, estática, pobre. Nada salva. O discurso politicamente correto sobre os cuidados com a reciclagem do lixo (sim, este é o tema da peça) é rançoso, didático em excesso, catequético e chato. Lamentável, senhoras e senhores, lamentável.

Serviços (caso queira perder tempo)

Alice

Teatro Bradesco
Rua Turiassú, 2100 – 3º piso – Bourbon Shopping São Paulo
Tel. (11) 3670.4100
Sábado (23), às 15h. Domingo (24), às 15h e 18h
Sábado (30), às 15h. Domingo (31), às 11h e 15hngressos de R$ 50 a R$ 150

O Casamento da Baratinha Atômica

Teatro J. Safra.  Rua Josef Kryss, s/n – Parque Industrial Tomas Edson, Barra Funda
Tel. (11) 3611-3042
Sábados e domingos, 16h
Ingressos: R$ 15,00 a R$ 40,00
Até 7 de junho