­­­Crítica publicada em O Globo – Rio Show
Por Mànya Millen – Rio de Janeiro – 04.06.2000

Barra

 

Aladim: Diretor e elenco bem afinados para contar uma ótima história

Forma e conteúdo em parceria feliz

Há histórias e histórias a serem contadas. E Aladim por mais que já tenha sido (mal e bem) explorada em telonas e telinhas, em palcos ou em páginas, será sempre uma ótima historia. Por outro lado, há também formas e formas de se contar histórias. E o nome do diretor Dudu Sandroni por trás de uma peça é sempre garantia de uma plateia feliz.

Só por esse casamento, Aladim, em cartaz no Teatro Ziembinski, já seria uma dica certa para quem quer ver bom teatro feito para crianças e não um atentado contra a paciência e a estética. Mas tem mais. Para o palco, Dudu, que adaptou o texto com Fátima Valença – mergulhando mais na história original e explorando a sutilezas, o humor e as pequenas lições que essa velha lenda mantém atuais – levou uma ótima trupe, a Cia. Atores da Truanesca. A afinada sintonia entre o diretor e os parceiros Mônica Muller (um Aladim esperto como qualquer garoto de hoje), Kelzy Ecard (como o Gênio da Lâmpada e o hilariante Sultão que parece perdido nos anos 70) e Paulo Merísio (Como o Mago Africano) transforma cada minuto da peça em puro deleite.

Mas ainda tem mais. Tem a presença da excelente Josie Antello, responsável pelos momentos mais engraçados da peça. Com sua voz caricatural e trejeitos idem, a múmia Josie dá um show no papel da mãe de Aladim e da Princesa que rouba o coração do jovem. Outro convidado é o igualmente excelente Marcos Ácher (um “talismã” que o diretor sempre carrega entre as suas peças), que se multiplica no papel do Gênio do Anel, da ama muda da princesa e do Vizir. Na estreia, Ácher foi substituído pelo não menos talentoso Marcos França.

Narrada de forma ágil, prazerosa, usando não apenas os recursos corporais dos atores como também o ótimo jogo do teatro de sombras (concebido pelo iluminador Djalma Amaral e manipulado pelo grupo), Aladim diverte com elegância (refletida no cenário simples e nos figurinos de Ney Madeira e Kika de Medina). E lava a alma daqueles que costumam entortar o nariz e desconfiar com razão de produções do gênero.