Crítica publicada no Jornal do Brasil
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 28.11.1992

 

Barra

Muito barulho por nada

Já dizia a avó de alguém que o que é demais enjoa. Aladim- As Aventuras de Um Menino de Rua De Bagdá, cartaz do Teatro Barra Shopping, tinha quase tudo para dar certo, mas a rapidez com que as cenas se sucedem, a mistura de gêneros de interpretação e o quilométrico figurino acabam por torná-lo o over do over.

Para contar a já conhecida história do menino e sua lâmpada mágica, entram em cena uma profusão de atores envergando 75 trajes ultra coloridos e o fazem com velocidade capaz de desafiar o mais atento campeão de megadrive. O texto de Adriano Ramires tem a seu favor a inserção de novos elementos ao enredo, que poderiam ser revistos pela direção de Neyde Lyra para que pudessem ser melhor assimilados pela plateia. A viagem de Aladim num tapete voador e seu encontro com seres fantásticos da terra e do mar, num ritmo mais pausado, poderiam revelar todas as suas potencialidades de brincar com a fantasia.

Os luxuosos figurinos de Vilma Fleury acabam perdendo o impacto visual que deveriam causar, dada a rapidez com que surgem e desaparecem de cena. Melhor efeito consegue Carlos Donato na concepção de luz. Além de valorizar o cenário de Paulo Fortes, algumas passagens da encenação se tornariam impossível sem a sua intervenção.

Do elenco, bastante irregular, no que se refere a estilo de performance e composição de personagem, alguns atores acabam se destacando do grupo não necessariamente pela boa qualidade de interpretação. A exceção fica com Marcelo Pinheiro, um ator de muitos recursos que interpreta brilhantemente o bobo da corte e outros pequenos personagens. Aladim – As Aventuras de um Menino de Rua de Bagdá pode agradar a crianças entre quatro e seis anos pela multicolorida produção e aos pais serve como uma pausa nas compras do Barra Shopping.

Cotação: 1 estrela (Regular)