Bate-papo com Aglaia Push (*), diretora do Festival Internacional Paideia para a Infância e Juventude
CBTIJ / Antonio Carlos Bernardes: Há quantos anos existe o Festival Paideia? Faça um pequeno histórico de como começou?
Aglaia: O Festival Internacional Paideia para a Infância e Juventude: Uma Janela para a Utopia existe há 14 anos. O primeiro festival foi realizado em 2007, já no novo espaço da Rua Darwin, um antigo galpão de catadores de lixo em Santo Amaro, transformado em um centro cultural com a ajuda de nossos parceiros, nossos jovens e suas famílias.
Antes disso, a Paideia já havia realizado mostras de teatro, mas, somente com grupos nacionais. Em 2003, já fazíamos essas mostras na antiga Biblioteca Kennedy, que era então o nosso espaço. Nessa época, participaram grupos como: Os Fofos Encenam, Cia Teatral as Graças, Meninas do Conto, Cia. Fábrica de São Paulo, Celso Frateschi, Elias Andreato, entre outros.
O SESC Santo Amaro, ainda com suas instalações provisórias, veio nos procurar, nos propondo uma parceria. Foi então, que começamos com o SESC Santo Amaro a organizar o nosso primeiro Festival Internacional em conjunto. Juntos, convidamos o Le Carroussel do Canadá, O Teatro Jovem de Hagen, na Alemanha, Cia Atacados por El Arte, Grupo de Teatro de Buenos Aires, ambos da Argentina. Grupos como Vento Forte, Cia São Jorge de variedades, Meninas do Conto, Sobrevento e personalidades como Eucir de Souza, Bia Rosenberg, Dib Carneiro, Lutz Hübner, entre outros. Também, estabelecemos parcerias com importantes colaboradores como: o Goethe Institut, Sesc e muitos outros. Todos eles têm sido, ao longo destes anos, companheiros regulares que nos dão coragem e força para realizar o Festival anualmente.
CBTIJ / Antonio Carlos Bernardes: Como você vê a evolução do teatro para crianças durante o tempo de existência do Festival?
Aglaia: A meu ver, o teatro para crianças e jovens já vinha se desenvolvendo bem. Muitas companhias como a Paideia tiveram incentivos da Lei de Fomento, dentre outros incentivos. Isto nos garantiu fôlego para pesquisa e aprofundamento no teatro para crianças. Durante todo esse tempo, senti que só houve melhorias. Esse teatro para crianças e jovens tem que ser o melhor!
CBTIJ / Antonio Carlos Bernardes: E a reação das crianças, como se modificou em relação aos espetáculos?
Aglaia: Os tempos mudaram e continuam mudando muito, as crianças acompanham essas mudanças.
Durante muitos anos, tivemos a possibilidade de ter espetáculos maravilhosos do Brasil e do exterior. Também tivemos muitos encontros, discussões, trocas de experiências com muitos grupos e artistas de teatro nacionais e internacionais, isto sempre ajuda a reflexão artística e melhora a qualidade dos espetáculos. Como exemplo, eu posso falar da nossa experiência. Pesquisamos profundamente essa arte do fazer teatral para crianças e nos últimos anos envolvemos nosso público de crianças e jovens nos ensaios da companhia. Muitas vezes, mostramos cenas e depois conversamos com as crianças e assim, vamos aprimorando o trabalho – isso nos aproxima muito da plateia! As crianças estão muito atentas, têm muitas opiniões, perguntas e assistem os espetáculos com muita curiosidade. Muitas vezes pedem aos professores que voltem para o teatro. O TEATRO É NECESSÁRIO!
CBTIJ / Antonio Carlos Bernardes: Como foi fazer um Festival virtual este ano? Como foram escolhidos os espetáculos?
Aglaia: Não queríamos deixar de fazer esse Festival em 2020, afinal contamos com um projeto aprovado. Queríamos apoiar artistas querendo trabalhar e possibilitar que muitas crianças e jovens pudessem ver o teatro. Levamos um tempo para tomar uma decisão. Resolvemos, junto com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, fazer um festival presencial para as crianças e jovens com grupos da cidade, mas todos os espetáculos internacionais, mesas, workshops, e demais atividades seriam virtuais. A grande vantagem do virtual é que conseguimos incluir pessoas e crianças de outros lugares.
CBTIJ / Antonio Carlos Bernardes: Qualquer pessoa poderá ver os espetáculos da programação por internet?
Aglaia: Todo mundo está convidado para participar do Festival. Tudo será transmitido online.
(*) Diretora e curadora do Festival Internacional Paideia para a Infância e Juventude: uma janela para a Utopia desde sua primeira edição. Fundou com Amauri Falseti a Cia Paideia de Teatro. Desde 1979 se dedica ao teatro para crianças e jovens como atriz, arte educadora, cenógrafa e figurinista. É integrante do FIBRA e Red Iberoamericana de Artes Escenicas para la Infancia y la Juventud.
A programação completa pode ser vista pelo site https://paideiabrasil.com.br/festival2020/