Guga (E), Mouhamed (C) e Fábio: empatia com a plateia.
Foto Marcus Vianna

Crítica publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 25.03.1995

 

 

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Guia da sexualidade atual

Teen-lover, que já se chamou Minha Namorada, é o resultado do esforço conjunto do diretor Franncis Mayer e do autor Ilder Miranda Costa para discutir no palco a sexualidade masculina adolescente. Concebido a partir do depoimento de quase 200 jovens, o texto centra suas atenções nas questões da família, da amizade, do amor, do homossexualismo e, sobretudo, da insegurança velada do sexo forte. Ilder Miranda repete a fórmula teatro-depoimento de sua peça anterior, Namoro, escrita a partir de revelações femininas, também obtidas em entrevistas, e dirigida também por Franncis Mayer. Porém se as inquietações de Namoro soavam anacrônicas, as de Teen-Lover, mesmo com alguns exageros de repetição de temas – o homossexualismo, por exemplo -, parecem mais próximas da atualidade.

Com apenas três atores em cena, para discorrer sobre um turbilhão de situações, Mayer divide a encenação em takes, nos quais invariavelmente a palavra supera a ação. O ritmo lento da estratégia é compensado pelas passagens de conjunto mais bem-humoradas, como a cena da boate, onde se evidenciam os exageros cometidos em nome da timidez. A identificação com a plateia com o texto é imediata.

Fábio Villa Verde, Guga Coelho e Mouhamed Harfouch desenvolvem seus personagens dentro dos limites impostos pelo texto. Sem forçar uma intimidade com plateia ou supervalorizar a obra, os atores cumprem corretamente suas funções de revelar os bastidores do cotidiano masculino. Guga Coelho, mesmo incorporando seu personagem da novela Tropicaliente, consegue bons momentos. Fábio Villa Verde compõe um personagem mais elaborado, mas é Mouhamed Harfouch que se lança sem medo nessa aventura, e rouba literalmente todas as cenas de que participa.

Com um cenário que exibe enormes posters da suposta sexy symbol Regininha Poltergeist, e figurinos na linha marca, assinados por Rosa Magalhães, o espetáculo deve emplacar uma temporada de casa lotada, como os anteriores que abordavam temas afins. Enquanto não se lança uma resposta anos 90 aos relatórios Máster & Johnson e Hite, os guias da sexualidade dos anos 50 e 80, a ida ao teatro, para assistir Teen–lover, pode ser uma boa opção.

Teen-lover está em cartaz no Teatro Candido Mendes, de quinta a sábado (21h30) e domingo (20h). Ingressos a R$ 10 (quinta e sexta) e R$ 12 (sábado e domingo).

Cotação:2 estrelas (Bom)