Matéria publicada no Jornal do Brasil
Por Eliana Yunes – Rio de Janeiro – 04.04.1986
O Teatro Infantil renasce
Depois de um longo período de entressafra teatral iniciado em dezembro, o público infantil, já há um mês em atividades escolares, começa a ser favorecido por um razoável número de estreias. Tudo começou há 15 dias, quando entraram em cartaz A Volta do Camaleão Alface, de Maria Clara Machado, com o Grupo Ponto de Partida dirigido por Toninho Lopes – uma saborosa aventura onde a inspirada fantasia de autora mistura bandidos, índios, missionários, personagens que marcam quando se estuda, na forma clássica, a história do Brasil. Uma outra, Passa, passa, passará, de Ana Luisa Job é um musical que dá continuidade ao trabalho iniciado com Astrofolias. A participação de Antonio Adolfo, Paulinho Tapajós e Xico Chaves é definitiva e a direção de Roberto Frota é eficiente.
Os seis espetáculos que estreiam amanhã oferecem as mais variadas opções no gênero, a começar por O meu Pé de Laranja Lima, o clássico de José Mauro de Vasconcelos, que chega ao Teatro Casa Grande após passar pela televisão e pelo cinema, como vídeo-peça: No Gláucio Gill, 1, 2, 3 e… já! reúne uma dupla que funcionou muito bem em outro espetáculo Sapomorfose com Cora Ronai (autora) e Cláudio Baltar (personificando o príncipe), nesta montagem responsável pela direção. Um musical erudito, O Ovo de Colombo, estará no Teatro Benjamin Constant; Cadê o peixe estreia no Dulcina; Retalhos vai para o Aurimar Rocha e na UFF vai Peter Pan. Um dos cinco melhores de 85 volta ao cartaz no Tablado: o eterno Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado.
A menina que adorava jogar futebol
Os seis espetáculos apresentam temáticas completamente diferentes. 1, 2, 3 e… já! conta a história de sete crianças nos últimos dias de aula de um ano letivo. Na turma, os meninos estão todos vidrados em Ana Carolina, a menina bem comportada e inacessível, que tem um sonho: encontrar um acrobata lindo, famoso e muito rico. Jonas é o único que não liga para a menina, porque está absolutamente fascinado por Rita, uma garota considerada legal pelos meninos, mas que não se preocupa com roupas e “outras ninharias femininas”. Ela prefere fazer bagunça e jogar futebol. A história, com muita acrobacia, mágica, briga e puxão de cabelo, explora duas vertentes: a chegada das férias e a descoberta do amor por Jonas e Rita, que acabam separados por uma viagem à Disneyword. Os cenários e figurinos são de Carlos Wilson, também conhecido como Damião, as músicas e direção musical de Marcio trigo (O Aprendiz de Feiticeiro) e no elenco estão Claudio Mendes, Cristina Bethencourt, Gilberto Gawronski, João Elias, Luca Macedo, Marcelo Altomar e Paulo Leão.
O Ovo de Colombo é de Marília Gama Monteiro, responsável por Dito e Feito, adaptação de O Círculo de Giz, de Brecht e por Os Monstrengos do Rei, ambos apresentados pelo grupo Navegando de Lúcia Coelho. (Marília e Lúcia são irmãs). O espetáculo conta as peripécias de Cristóvão Colombo como referencial para a história de um menino que resolveu realizar sua fantasia. A direção e iluminação são de Marcelo Barreto e a peça apresenta uma inovação a trilha sonora de O Ovo é integrada por clássicos e o diretor musical, Wagner Campos, compôs uma suíte em três movimentos que será executada durante o espetáculo, além das músicas a “cappella” que serão cantadas pelos 13 atores. Os cenários e figurinos são de Rosa Magalhães e a coreografia é de Regina Miranda.