Crítica Publicada no Jornal do Brasil
Por Suzana Braga – Rio de Janeiro – 21.08.1981
Divertido, engraçado e bem dançado
Em cartaz no Teatro do BNH, há mais de um mês, o bom musical infantil Branca de Neve, idealizado e coreografado por Dalal Achcar, com músicas compostas por Roberto Gnatalli e cenários e Figurinos de Nilson Penna; vem conquistando o público infantil, e até mesmo os adultos, pela boa qualidade do trabalho, da montagem e dos bailarinos da Associação de Balé do rio de Janeiro.
É um trabalho muito bem cuidado e que incentiva a qualquer mãe ou pai a levar seus filhos, porque normalmente as opções para as crianças nos fins de semana, com raras exceções, estão cada dia com menor qualidade e desrespeitando os pequenos.
Investindo num espetáculo de gabarito, Dalal Achcar ganhou a confiança das crianças, que pedem repetições a cada novo fim de semana, conseguindo ganhar também dos pais, que não se sentem entediados ao assistir novamente um trabalho leve, bem dançado, onde bailarinos por muitas vezes, têm que se transformar em atores e conseguem com dignidade, cenários e figurinos muito bem acabados e ótima iluminação por conta de Aniela Jordan.
Ninguém deve esperar grandes astros do balé e belos virtuosismos; tal não acontece e parece que tampouco é a intenção do musical. O elenco é muito jovem, com muitas crianças e adolescentes no palco. Mas, indiscutivelmente, tudo sai a contento. Stella Villaça pode não ter ainda uma técnica ideal, mas é uma figura ideal para Branca de Neve, muito boa a interpretação de Ana Maria Jansen fazendo a rainha. Mas quem, deslumbra as crianças é a bruxa, a cargo de Alberto Nogueira. Está ótima, comunicativo, engraçado e atende a todos os apelos das crianças.
Outro ponto de destaque são os sete anões. Alguns taludinhos demais para o tamanho de Branca de Neve ou as proporções da casa, mas as três meninas menores – Adriana Guedes, Paula German e Liesel Filgueiras – na faixa de 10 a 12 anos, estão lindas, sapateando com a maior cancha e tranquilidade.
A única dissonância do trabalho é a música, por vezes, longa demais, o que faz parecer a coreografia por demais esticada, às vezes irrompendo como se fosse entrar um hino cívico. Não está de acordo com a qualidade da montagem.
Foi feliz a escolha de Dalal Achcar. O tema toca a todos e é muito bem desenvolvido, embora também não se possa deixar de dizer que o público mirim não está acostumado a musicais de produção tão alta. Inclusive financeiramente.
Aparecem bem o príncipe Zeca Duarte, com boa figura e a narradora, Maria Luiza Noronha. Os ingressos custam Cr$ 300, o que é razoável, equivale ao preço médio de peças infantis levadas no Rio.Neve prossegue temporada no Teatro do BNH, mas apenas aos sábados e domingos.