Programa do espetáculo que reestreou na cidade do Rio de Janeiro, no Teatro da Caixa, em 19.03.1999

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

(Logo) Caixa Econômica Federal
apresenta

EM CANTOS

Livremente inspirado em contos de Oscar Wilde

(Verso da Capa – Foto)

(Página 01)

Teatro e Processo

O importante para mim como artista e homem de teatro é o processo de trabalho! Penso que é exatamente neste lugar de criação e reflexão, tudo o que ocorre, pode ser previamente estabelecido ou pensado, pois o processo é o instante de construção, portanto de autonomia e controle sobre aquilo a que estamos nos propondo criar. No caso específico do teatro este processo é inevitavelmente coletivo, daí a sua complexidade que geralmente, quando dá certo, se desdobra em uma riqueza de encontros e formulações, que pouquíssimas instâncias artísticas conseguem atingir; seu caráter de coletividade é definitivo e determinante.

Quando afirmo que o processo é o que importa é porque o que resulta de um trabalho artístico pode agradar ou não à plateia. Desta forma, uma peça de teatro pode ser simultaneamente maravilhosa e terrível, depende de quem a julga. No caso do processo a coisa não funciona assim: quem faz é quem julga, é quem sente, é quem sabe o que está verdadeiramente em jogo, é criador e espectador ao mesmo tempo.

Frisei com ênfase esta questão para chegar ao nosso Em Cantos, onde o que importou desde o princípio foi o processo, e é sobre este que gostaria de discorrer um pouco. Este projeto nasceu em 1992 a partir de um grupo de amigos que resolveu se juntar para realizar um trabalho dentro de um espaço de confiança que só a amizade pode trazer. Na ocasião não foi possível, os deuses do teatro não permitiram, mas cerca de cinco anos depois, André Mattos, me propôs retomarmos a ideia, o que foi prontamente aceito por mim. O projeto então foi aprovado pela Coca-Cola, que vem se tornando uma incansável fomentadora do Teatro Para Jovens. A partir daí, mantivemos rigorosamente o mesmo núcleo inicial, radicalizando ainda mais o princípio de que o que vale é o processo, no seguinte sentido: Meu filho, minha mulher, minha irmã, minha sobrinha, meus alunos (meio filhos), meus grandes amigos (meio irmãos) compõe o resto da equipe e elenco. Isso para não dizer que o André, um excelente ator, produtor e sobretudo fiel amigo, também comprou a ideia, pois sua mulher e sua sobrinha dividem a cena com ele.

Finalizando meus queridos, não sei se é bem isso que eu deveria ter escrito neste programa de teatro, pois nada apresentei acerca da encenação deste espetáculo, mas este vocês assistiram e julgarão; É incontrolável para mim, relatar aquilo que é anterior à cena, portanto espero de todo o coração que vocês apreciem Em Cantos, que foi construído com muito carinho, afeto e paixão.

O processo eu posso afirmar: Foi Ótimo!

Ricardo Kosovski

(Página 02)

Sobre Esta História

O ato de criar pode ser considerado um dos grandes mistérios humanos: por mais que se escreva sobre o assunto, o tema permanece inesgotado e fascinante. E quanto mais a nossa vida se enche de tecnologia, de produção em série, de massificação, tanto mais a criação se torna imprescindível. A visão de um mundo de autômatos, de trabalhadores anestesiados e envoltos em uma cultura plastificada é rompida toda vez que podemos reinventar e ampliar a capacidade de criação.

Criar tem a ver com transformar, com fazer nascer e também com deixar morrer. Esse paradoxo vital é o tema de que trata Em Cantos. Talvez possa parecer estranho que um espetáculo para jovens se debruce sobre um assunto tão complexo e cujos afluentes representam um certo tabu em nossa cultura. Poderão eles compreender a morte e a transcendência, a tênue separação entre realidade e fantasia? Acreditamos que não só podem como certamente têm ideias muito vivas a respeito.

Oscar Wilde foi um dos escritores que mais se deliciou com este tema. De sua obra procuramos extrair a perplexidade diante da criação, o ponto-de-vista inquieto de criador/criatura, a ironia e a crítica impiedosa. Vários elementos do texto nasceram destas histórias que ele disse ter escrito para crianças, das fábulas em que ele tratou, com crueza e poesia, do caráter humano: O Amigo Dedicado, O Gigante Egoísta, O Príncipe Feliz e O Pescador e Sua Alma.

A história que contamos tem como fio condutor uma amizade que se cria apesar das barreiras aparentes. E, uma vez que a obra teatral, diferentemente da literatura, é feita para ser encenada por um coletivo, a história funciona para nós como metáfora desta arte que só se realiza plenamente se for compartilhada e se, acima de todos os criadores, estiver a criatura. O texto não saiu de uma gaveta: foi escrito para este projeto e em parceria com a equipe. Esperamos que o processo esteja impresso no resultado.

Rosyane Trotta

(Página 03)

André Mattos: O Escritor
Cico Caseira: O Assistente
Bernardo Palmeira
Débora Lamm
Joana Prata
Mariano Marovatto
Marina Kosovski
Nina Kuperman
Pedro Kosovski
Roberta Brisson
Roberta Repetto

Texto: Rosyane Trotta
Diretor: Ricardo Kosovski
Diretor de Produção: André Mattos
Assessoria Teórica: Ricardo Tamm
Direção de Arte: Lídia Kosovski
Cenário: Equipe Transformato – Lídia Kosovski, Deronico Martins e Angela Guaraná
Figurino: Lídia Kosovski
Iluminação: Aurélio de Simoni
Músicas e Direção Musical: Guilherme Hermolin e Charles Kahn
Violão Flamenco: Fábio Nin
Programação Visual: Maurício Grecco
Produtora Executiva: Rogéria Oliveira
Direção Corporal: Marcia Rubin
Direção Corporal Assistente: Roberta Repetto
Preparação Vocal: Jorge Cardoso
Assistente de Direção: Erika Evantini
Assistentes de Produção: Luiz Eduardo Machado, Moisés Bittencourt e Fábio Andriolli
Divulgação: Ana Maria Repetto
Operador de Som: Igor Eça
Operador de Luz: Carlinhos Magé
Equipe de Iluminação: Guiga Ensa e Jorge Manhães
Estagiário de Luz: Alexandre Manhães
Pintura de Arte (Palco): Naira Sant’ana
Costureira: Carmelita Heleno
Camareira: Eliana Ruth
Realização: Fazenda da Arte Produções Artísticas

(Página 04 – Anúncio: Caixa)

(Página 05)

(Logos) Panitalia, Projeto Coca-Cola de Teatro Jovem, Guess, Ministério da Cultura

Produção Local

Solange Braga Produções

Agradecimentos

Carolina, Maria, Zélia, Paulo, Emílio, Antônio Carlos Athayde, Lila, Rubens, Guilherme, Domingos Oliveira, Maria Clarisse Barata, Heloísa Perissé, Brito Produções, Colégio Divina Providência, Luciano, Aluísio e Zezé (Gráfica Barbero), Alexandre, Soraia e Tânia (Degraus Fotolitos), Lara, Navarro, Ester Weitsmann, Fernando Gomes, Maria Clara Machado, Teatro Amador O Tablado, Ana Maria Repetto e Lúcia Prata.

(Última Capa – Gravura)

Nos tempos Vitorianos, os jardineiros usavam várias técnicas para criar “árvores” de flores trepadeiras.
Esta estrutura de guarda-chuva do século dezenove possuía uma extensa cúpula na qual os galhos da haste principal podiam pender.