Programa do espetáculo que estreou em 12.07.2013, no Teatro SESC Ginástico

Érico Brás, Juliana Alves e Alan Rocha. Foto: Silvana Marques

(INFORMAÇÕES DO PROGRAMA)

(Capa)

Ministério da Cultura, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Sarau Agência apresentam o musical

FORROBODÓ – Um Choro na Cidade Nova

De Carlos Bettencourt e Luiz Peixoto
Músicas: Chiquinha Gonzaga
Direção: André Paes Leme
Direção Musical: Maria Teresa Madeira

(Verso da Capa)

Forrobodó de Massada,
Gostoso como ele só,
É tão bom como a cocada,
É melhor que o pão de ló (Refrão)

Chi, a zona está estragada! Meu Deus, que forrobodó!
Tem enguiço, tem feitiço, na garganta dá um nó
Então, seu guarda que é isso?
Meu Deus, que forrobodó!
Mas, então, pelo que vejo, não apanho um frango só.
Eu vejo que já não vejo
Meu Deus, que forrobodó!

Há cem anos, numa região central e portuária da cidade, que hoje é a menina dos olhos da renovação imobiliária carioca, nascia e se multiplicava o jeitinho malicioso de um ritmo essencialmente brasileiro: o maxixe.

(Página 01 – Foto André Paes Leme)

Se na nossa primeira experiência teatral com o Forrobodó, em 1995, demos mais ênfase aos aspectos ingênuos e pitorescos que caracterizam as personagens, na encenação de agora buscamos um diálogo mais direto com o ambiente que certamente é um desdobramento natural daquele universo
dramatúrgico: as rodas de samba. Esta proposta confere ao espetáculo certa atemporalidade. A cena, mais do que contar uma história, pretende trazer o espectador para um efetivo convívio.

Com os espectadores acolhidos mesmo “dentro da cena”, o espetáculo não se furtará ao saboroso toque de imprevisibilidade vivida quando aproximamos palco e plateia. Direta e comunicativa, a cena se desenrolará com a fluidez de uma festa popular, com o vigor de uma concentração de um bloco carnavalesco ou, quem sabe, com a malícia e a sensualidade de uma noite dançante na gafieira.

Tão conhecidas por nós cariocas, as descontraídas rodas de samba que alegram as nossas noites inspiram o ambiente ideal para recontarmos este eterno Forrobodó.

O enredo despretensioso é tratado ao mesmo tempo como presente e passado, realidade e fantasia. O espetáculo pode ser recebido como uma divertida lembrança de um grupo de atores e músicos que cantam e interpretam o nosso ritmo, ou como um clube dançante secular, que acaba inevitavelmente numa roda de samba despojada e envolvente.

O Forrrobodó deste século vinte e um é um encontro entre a nossa música e o nosso teatro, com pitadas de um gracioso e inocente passado. Figuras, melodias e ritmos que passeiam sem cerimônia por um palco e que, se olharmos bem, ainda estão bem ali, perto de nós, em muitas das vibrantes esquinas da nossa cidade.

Foi um prazer viver mais esse encontro com o nosso teatro musical, ter a oportunidade de relembrar todos os queridos colegas que participaram da nossa primeira versão, e conhecer novos parceiros, que tanto alegraram cada instante do nosso processo, e que, tenho certeza, alegrarão a sua próxima hora. Bom espetáculo para todos.

André Paes Leme, Diretor

(Páginas 02 e 03 – Foto de Cena)

Resultado da parceria entre Luiz Peixoto, 1889-1973, e Carlos Bettencourt, 1888-1941, Forrobodó estrou em 11 de junho de 1912 pela Companhia de Revistas e Burletas do Teatro São José. Segundo texto dos mais desconhecidos autores, que se tornaram os mais importantes do teatro musicado brasileiro depois de Arthur Azevedo e Marques Porto, originou um dos mais importantes espetáculos do teatro musicado brasileiro de todos os tempos.

A burleta, gênero híbrido, com traços dos gêneros cômicos e musicados estão em voga (a comédia de costumes, a opereta e a revista de ano) – retrata frequentadores habituais do Grêmio Recreativo Flor do Castigo do Corpo da Cidade Nova, região compreendida entre as atuais Praça da Bandeira, Praça XI, Avenida Presidente Vargas e o bairro do Catumbi, que acolheu a população expulsa das habitações do centro do Rio de Janeiro após as reformas promovidas pelo Prefeito Pereira Passos na primeira década do século XX.

Mostrando, de maneira bem humorada, gafes de elementos das classes populares ao tentar imitar a classe alta, que por sua vez, imitava, por trejeitos, os refinamentos europeus, Forrobodó inaugurou a utilização de uma linguagem popular nos palcos brasileiros, nos quais ainda falava-se castiçamente à portuguesa. O linguajar errado e cheio de gírias dos personagens, que tentam parecer eruditos e sofisticados embora sejam oriundos de uma região pobre da cidade, trouxe para cena o “carioquês”; além disso, expressões como “não se impressione”, constantemente repetida pelo guarda noturno, ganharam as ruas, popularizando-se como bordões de sucesso. A peça também caracterizou tipos como a mulata, o português e o mulato pernóstico, que, embora já habitassem as peças do gênero musicado, consagraram-se a partir de Forrobodó.

No elenco da primeira montagem, formado por Cecília Porto, Pepa Delgado, Asdrúbal Miranda, Franklin de Almeida, Machado, entre outros, destacavam-se Cinira Polonio, principal atriz da Companhia naquele momento, como Madame Petit-Pois, e Alfredo Silva, como o guarda noturno. Considerando-se que o espetáculo teatral, naquele momento, era visto como o resultado de uma colaboração intensa entre a plateia, o autor e o ator, tinham os últimos um papel importantíssimo no funcionamento da cena; a dramaturgia dos gêneros musicados, estando na escrita feita para o palco e não para a folha impressa, contava de antemão com o rendimento cênico proporcionado pelo jogo cômico dos atores. O enorme sucesso de público e crítica de Forrobodó, que passou a fazer parte do repertório da Companhias do São José, pode ser medido também pela exploração imediata do tema em peças subsequentes, como Choro na Zona, de Pedro Cabral; Nas Zonas, de Cinira Polonio; Não Se Impressione, de Cardoso de Menezes e Carlos Betttencourt; Depois do Forrobodó, de Carlos Bettencourt, Morro da Favela e Flor do Catumbi, de Carlos Bettencourt e Luiz Peixoto, e Saco do Alferes, de Luiz Peixoto.

Doutora em Teatro pela Unirio, Professora Adjunta da Escola de Teatro da UFBA, atualmente da Unirio graças ao Acordo de Colaboração Técnica entre as Universidades; autora dos livros Cinira Polonio, a Divette Carioca: estudo da imagem pública e do trabalho de uma atriz no teatro brasileiro da virada do século; e A Tradição Viva em Cena: Eva Todor na companhia Eva e Seus Artistas, 1940-1963.

Angela Reis

(Página 04)

Uma Joia do Teatro de Diversão

Considerada uma joia do teatro de diversão e referência obrigatória na história do musical brasileiro, a burleta de costumes cariocas Forrobodó, que em 2012 festejou seu centenário, constitui um dos maiores sucessos do teatro popular carioca de todos os tempos. No momento em que se redescobre o gosto do público pelo musical e a pesquisa da linguagem se faz necessária e urgente, para reencontrar o caminho do teatro musicado brasileiro, a remontagem de Forrobodó mostra-se oportuna e capaz de dar uma contribuição decisiva à evolução do gênero.

Rainha da Praça Tiradentes

Chiquinha Gonzaga já era consagrada em 1912, quando usou seu prestígio para impor um libreto de dois autores iniciantes: Carlos Bettencourt e Luiz Peixoto. A empresa do Cine Teatro São José, na Praça Tiradentes, considerada a Broadway carioca, acabara de criar os espetáculos com sessões a preço de cinema. Desde o começo, o empresário Paschoal Segreto manifestara preconceito pelo tema da peça: um baile popular em bairro proletário. A má vontade da companhia contagiou até os jovens autores, que se retiraram na estreia com medo de vaias. Só a maestrina manteve-se confiante.

Sucesso Estrondoso

Uma série de 1.500 apresentações seguiu-se àquela noite de estreia. O extraordinário poder de comunicação de Forrobodó se confirmaria ao longo dos anos, através de um sem-número de remontagens, incluindo uma adaptação para a noite de inauguração da TV Globo, em abril de 1965, e transmitida em horário nobre, às 20h. forrobodó chega aos nossos dias como um clássico, uma obra que jamais se esgota.

Um Choro na Cidade Nova

Pela primeira vez, e a um só tempo, Forrobodó colocava em cena uma galeria de tipos populares: o mulato pernóstico, a mulata insolente, a prostituta francesa, o malandro ladrão de galinhas, o guarda noturno, o mulato capoeira valentão, o português. Tudo em contraste com um Rio de Janeiro europeizado.

Gíria Sonora

Elemento forte na sustentação de Forrobodó, a música de Chiquinha Gonzaga atravessou o tempo fresca, brejeira, cheia de malícia. Verdadeira cronista musical, Chiquinha Gonzaga traduziu em gíria sonora o Rio de Janeiro de sua época e encontrou nesse libreto um texto sob medida para seu espírito determinado e livre de preconceitos.

Edinha Diniz, escritora, autora da biografia Chiquinha Gonzaga, Uma História de Vida.

(Página 05 – Foto Elenco)

Marcos Sacramento, Maestro
Juliana Alves, Sá Zeferina
Flávio Bauraqui, Escandanhas
Edna Malta, Penetra
Alan Rocha, Penetra / Lulu
Pedro Miranda, Barradas
Sara Hana, Pequena do Frango / Ritinha
Felipe Silcler, Correto
Juliana Xavier, Jovem
Sérgio Ricardo Loureiro, Praxedes / Rosa
Joana Penna, Madame Petits Pois
Érico Brás, Guarda Noturno

(Página 06 – Fotos)

Cenário de Bambas da Música Brasileira

Coluna 1: Wilson Moreira, Cartola, Noel Rosa, Zé Ketti, Heitor dos Prazeres
Coluna 2: Anacleto de Medeiros, Clementina de Jesus, Patápio Silva, Geraldo Pereira, Marçal
Coluna 3: João da Baiana, Ataulfo Alves, Ismael Silva, Antònio Candeia, Bide
Coluna 4: Donga, Chiquinha Gonzaga, Paschoal Segreto, Luiz Peixoto, Papa Delgado
Coluna 5: Vinicius de Moraes, Carlos Bettencourt, Cinira Polonio, Alfredo Silva, Paulinho da Viola
Coluna 6: Wilson Batista, Sinhô, Assis Valente, Nelson Cavaquinho, Noca da Portela
Coluna 7: Pixinguinha, Joaquim Callado, Orlando Silva, Braguinha, Dorival Caymmi
Coluna 8: Erivelto Martins, Ernesto Nazareth, Monsueto, Ari Barroso, Mário Lago.

(Página 07)

Fui apresentada a Chiquinha Gonzaga por Edinha Diniz, biógrafa da maestrina.

Fiquei encantada com aquela personalidade! Lembro como se fosse hoje quando fiquei pasma ao descobrir um arquivo de cinco gavetas lotadas de partituras da compositora, que se encontrava no SBAT, num quarto de entulhos, bem guardado graças aos funcionários que tinham amor por aquela que foi fundadora da primeira entidade de direitos autorais do Brasil. O repertório descoberto na Sbat foi conteúdo de uma série de shows realizada pela Sarau em 1995, com arranjos e direção musical de Maurício Carrilho, uma obra farta de qualidade e quantidade, que surpreendeu até os pesquisadores iniciados. Foram três dias dedicados à música e um ao teatro – claro, ao seu maior sucesso: Forrobodó.

Aos vinte anos de idade fazemos loucuras, como montar uma peça para realizar apenas duas apresentações em um único dia. A força da obra é tamanha que não houve jeito. Ficamos quase três anos em cartaz, circulando pelo Brasil, e ganhamos o Mambembe como um dos cinco melhores espetáculos do ano!

Hoje, Chiquinha Gonzaga é festejada, tem um site bem cuidado e tem sua obra conservada e frequentemente revisitada. Desde a montagem de 1995, eu, André, Maria Teresa, Carlos Alberto e Flávio Bauraqui estamos nos deliciando e nos permitindo lançar um novo olhar sobre esse Forrobodó, gostoso como ele só…

Andréa Alves, Produtora

(Página 08)

Texto: Carlos Bettencourt e Luiz Peixoto
Músicas: Chiquinha Gonzaga
Direção: André Paes Leme
Direção Musical, Preparação e Arranjos Vocais: Maria Teresa Madeira
Arranjos: Leandro Braga
Direção de Movimento: Duda Maia
Direção de Produção e Projeto: Andréa Alves
Figurino: Espetacular Produções & Artes: Ney Madeira, Dani Vidal e Pati Faedo
Cenografia: Carlos Alberto Nunes
Iluminação: Renato Machado
Desenho de Som: Fernando Fortes
Assessoria Histórica: Angela Reis
Diretor Assistente: Anderson Aragón
Assistente de Direção Musical: Daniel Sanches

Músicos
Maria Teresa Madeira, Piano; Joana Queiroz, Clarinete e Sax; Everson Moraes, Trombone; Eliézer Rodrigues, Tuba; Oscar Bolão, Percussão.

Músicos Substitutos
Daniel Sanches, Piano; Rui Alvim, Clarinete e Sax; João Luiz Areias e Wanderson Cunha, Trombone; Fernando Zanetti, Tuba; Marcus Thadeu, Percussão

Equipe de Figurino
Assistentes de Figurinos: Giselle Quintas e Marcela Fauth
Costureira: Atelier das Meninas
Alfaiate: Macedo Leal e Equipe
Design de Bijouterias: Lulu Bijoux
Maquiagem: Bruna Boliveira
Assistente de Maquiagem: Jorge Henrique Monteiro

Equipe de Cenário
Assistente de Adereços: Paula Cruz
Cenotécnico: Camuflagem Cenografia

Equipe de Iluminação
Assistentes de Iluminação: João Gioia e Rodrigo Maciel
Equipe de Montagem: Neck Villa Nova e Tamara Golvschmiz

Comunicação
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Assistente de Assessoria de Imprensa: Fernanda Miranda
Programação Visual: Gabriela Rocha
Fotos: Silvana Marques
Mídias Sociais: Laura Rodrigues Velho e Adriano Mendes
Produção de Áudio Visual: Studio Prime

Equipe de Produção
Coordenação de Produção: Janaína Santos
Produção Executiva: Zanna Marques
Assistente de Produção: Talita Magar
Marketing Cultural: Gheu Tibério
Assistente de Marketing Cultural: Glória Diniz
Coordenação de Planejamento: Mariana Sacramento
Assistente de Planejamento: Clarissa Verdial
Financeiro e Administrativo: Luciana Verde
Prestação de Contas: Ana Caroline Araújo
Apoio de Produção: Carlos Henrique e Leandro Barbalho

Equipe Técnica
Diretor de Palco: Jayro Botelho
Operador de Som: Leandro Lobo
Contrarregra: Felipe Silcler
Camareira: Juliana Xavier
Microfonista: Michael de Alexandria

Realização: Sarau Agência de Cultura Brasileira

Agradecimentos

Antonio Augusto, Clara Sandroni, Frederico Reder, Patrícia Paes Leme, Sbat e em especial a Ana Luísa Lima, Edinha Diniz e aos artistas que participaram da montagem de 1995, fontes constantes de inspiração nessa nova encenação.

(Verso da Última Capa)

Músicas Adicionais – Além das originais, incluímos O Corta Jaca, de Chiquinha Gonzaga e as seguintes composições: Yaô, Pixinguinha; Se Você Jurar, Ismael Silva; O Guarda Civil Não Quer a Roupa no Quarador, Domínio Público; Quem Samba Fica, Jamelão; Batuca no Chão, Ataulfo Alves / Assis Valente; Chegou a Bonitona, Geraldo Pereira / José Batista; Nega no Fogão, Francisco Alves; Batuque na Cozinha, João da Baiana; Sete Coroas, Sinhô.

Teatro Sesc Ginástico
A partir de 12 de julho de 2013, às 19h

(Última Capa – Logos)

Graça Aranha 187, Centro. Tel. 21-22794027. www.sescrio.org.br forrobodomusical

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Realização

(Logos) Sarau, Sesc, Ministério da Cultura, Governo Federal

12 Anos