Crítica publicada no Jornal do Brasil
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 07.11.1992

 

Barra

Viagem através de inspiração

Quando o Coração Recebe Visita – texto de Álvaro Otoni de Menezes adaptado para o palco por Ricardo Hofstetter, com direção de Cláudio Torres Gonzaga, que chega agora ao Museu da República – é um bem-intencionado espetáculo, que procura mostrar as delícias do ato de criar. Com enredo dirigido especialmente a realidade da classe média: a mãe trabalha fora e está sempre atrasada para o jantar e o pai, um artista autônomo, precisa de um pouco de silêncio para trabalhar. A trama passa a se desenvolver a partir da visão da criança que, sozinha no seu quarto, acaba por receber a visita da inspiração. Começa deste ponto sua viagem através de misteriosas florestas, habitadas por duendes brigões, que podem rapidamente se transformar num deserto, onde um xeque das arábias, cria situações mirabolantes.

Greice Cohn trabalha as mudanças de ambiente com cenários de fácil adaptação. Os figurinos de Flávia Farias são extremamente simples, mas perfeitamente adequados à proposta do espetáculo. A grande surpresa, no entanto ocorre na interpretação dos atores. Mesmo seguindo o tom linear indicado pela direção, o elenco consegue ressaltar suas potencialidades individuais, sem quebrar a harmonia do conjunto. Cláudia Guimarães, com toda a sua vitalidade, ocupa o espaço cênico com muita desenvoltura. Isaac Bernart tem como grande trunfo o seu preciso time de comédia. Doraya Jarlich, embora com atuação contida, revela todo o seu brilho através do canto e da dança.

Cotação: 2 estrelas (Bom)