Crítica publicada no Jornal do Brasil – Caderno B
Por Lucia Cerrone – Rio de Janeiro – 27.09.1992
Mais uma montagem sobre a ecologia
A Filha do Sol, em cartaz no Teatro da Galeria, com texto e direção de Maria Duda, chega a cena prejudicado pelo desgaste de muitas produções sobre mesmo tema: a ecologia. Num futuro distante, a terceira guerra mundial destruiu o mundo. Já não existem a lua, o sol, o mar, as flores e os frutos. Sobreviveram a hecatombe, além da raça humana, um cachorro, um papagaio, um pombo e, inexplicavelmente, um dragão, que, aliás, já deveria estar extinto muito antes disto tudo começar. Estes seres habitam os subterrâneos e são comandados por uma bela feiticeira, que vive na certeza de que, em breve, o sol vai voltar a brilhar. Guardiã da esperança, defensora dos fracos e dos oprimidos, a filha do sol protege seu povo com uma poderosa lança, e com palavras que derrotam o terrível dragão. Vencido, o monstro deixa o palco ao som de New York, New York.
Se o texto de Maria Duda é confuso, sua concepção de espetáculo, porém é muito interessante. Usando apenas material reciclado, Duda e Mário Barrozo criaram um cenário belíssimo e de grande efeito, em que a luz cinematográfica de Milton& Cia atua em perfeita harmonia com o ambiente. Os figurinos da mesma dupla de cenógrafos, embora alegóricos quando vestem os animais, se revelam bastante eficientes na caracterização dos guerreiros. Além da cuidadosa produção, o espetáculo traz ainda um elenco equilibrado, ficando o melhor do humor por conta de Rafael Gigliotti, que está impagável como o pombo-correio, e da dupla Cláudio Lins e Clara Garcia, que dá o toque de romance ao enredo. A Filha do Sol é um espetáculo tecnicamente bem executado, que mantém respeito pelo seu público. É indicado para crianças entre cinco e oito anos que apreciarão seu visual.
Cotação: 1 estrela (Regular)